Tribuna Ribeirão
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O deus dinheiro! (parte III) 

Cleison Scott *
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Como cresce o dinheiro sem o trabalho que lhe dê substância. Os juros compostos foram idealizados no século XVII, mas sua implementação só ocorreu no início do século XX. Veja como ele funciona (cálculos com base em fórmulas do BACEN)

1 milhão de Reais aplicados a 1% de juros ao mês a média mensal de rendimento será:

Juros Compostos
12 meses = 10568,75/mês (1,06% juro/mês)
24 meses = 11238,94/mês (1,12% juro/mês)
36 meses = 11965,78/mês (1,20% juro/mês)

Esses 0,06; 0,12; 0,20… continuam a crescer indefinidamente, pois são filhos bastardos do mais refinado laboratório, a mente humana. Nada produzem para a sociedade e só existem virtualmente nas memórias dos computadores, transformando os 1 milhão aplicados em muitos milhões, numa velocidade vertiginosa, que nenhuma atividade produtiva poderia oferecer.

Quando os Aliados, que em fins de 1944 já sabiam que a o Eixo não mais resistiria e seriam eles os vencedores da 2ª guerra mundial se reuniram para definir as bases de um novo sistema econômico para o Planeta, num encontro conhecido como “Acordos de Bretton Woods”, onde definiu-se o dólar como a nova moeda para servir às transações internacionais, ficou estabelecido que os Estados Unidos teriam que manter em seus cofres, ouro ou prata em valores correspondentes aos dólares emitidos, prática que remontava ao século XIII, quando os banqueiros italianos inventaram as “Letras de Câmbio”. Esta prática serviu de freios aos governos emissores de dinheiro, até o último quartel do século XX.

Mr. Richard Milhous Nixon, 37º presidente norte-americano (1968/1972), ficou mundialmente conhecido pelo caso Watergate, um fato que se restringiu a uma briga política desonesta na luta entre partidos pelo poder político local e, portanto, teve consequências somente para a política interna dos norte-americanos. Outra ação do Sr. Nixon com consequências mundiais que duram até hoje, embora poucos se deem conta, pois recebeu muito pouca divulgação na mídia, foi ter desatrelado, de maneira unilateral, o dólar de suas reservas em ouro ou prata. É possível que a falta de divulgação dessa ação se deva ao fato de que, embora fosse uma medida unilateral, dava a todos os governos uma espécie de carta de alforria para emitir dinheiro sem maior controle. Analisando as desastrosas consequências que essa decisão provocou na economia mundial e na própria economia norte-americana,soa impressionante a total falta de reações na época. Nenhum país, nenhum guru econômico, que eu saiba, sequer alertou para o que estava acontecendo e os inevitáveis desarranjos que isso causaria. Na história econômica do planeta são muitos e emblemáticos os casos em que governos tiram propositalmente os próprios freios na emissão de dinheiro. Como sempre, medidas como essas trazem um alívio de caixa momentâneo para o presidente de plantão. Neste episódio, Nixon pôde terminar de financiar as aventuras de Tio Sam em plagas vietnamitas. Em médio e longo prazo, porém, o dólar se desvalorizou em níveis que o velho Buffalo Bill jamais teria imaginado possível e essa inflação foi exportada para o mundo todo, juntamente com a moeda que (ainda) norteia as trocas do comércio internacional. O que muito provavelmente aconteceu é que o poder econômico entendeu que as medidas restritivas à emissão de dinheiro dificultavam uma maior velocidade no crescimento de suas riquezas, às quais, agora os computadores davam maior segurança. Nessa altura, a aplicação dos juros compostos já enchia as memórias dos computadores nas contas daqueles que compõem o “Poder Econômico” de zeros bastardos, que só se prestam à chamada “Ciranda Financeira”, concentrando de forma absurda, números virtuais, mas que sustentam o Poder.

O que John Maynard Keynes propôs em junho de 1930 foi dar aos zeros bastardos dos juros compostos, uma utilização prática e humana, transformando o Planeta de um lugar onde 99% de seus habitantes batalham pela sobrevivência e 1% de seres humanos que, são cada vez menos humanos, comandam e mantêm o sistema prisioneiro das regras que criam para se garantirem no Poder. Percebam que, Keynes como democrata contumaz não propunha destruir o sistema e tirar dos aplicadores os juros de 1% ao mês que contrataram, mas redirecionar a receita extra que a invenção dos juros compostos ocasionou. Acabar com o dinheiro e com os juros compostos, criaria uma comoção mundial e, provavelmente, não mudaria a relação desumana que caracteriza nossa sociedade, onde os 100% receberam de graça – seja de um Criador Metafísico, seja do acaso Materialista – o bem maior que é a VIDA! (continua)

* Administrador de empresas com especialização em Marketing 

 

 

 

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