Ribeirão Preto registrou no primeiro semestre de 2024 o maior número de empresas abertas dos últimos seis anos. São 12.233 novos negócios junto ao Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). De acordo com levantamento da Associação Comercial e Industrial da cidade (Acirp), o índice é o mais alto computado desde janeiro de 2019 e representa um crescimento de 5,1% em relação aos primeiros seis meses de 2023.
“É um movimento muito positivo o da criação de empresas, pois mesmo os microempreendedores individuais, os MEIs, estão experienciando oportunidades que surgem com a abertura do CNPJ e que podem consolidar esses negócios, como emissão de notas e busca de apoio da Acirp para crescer, como cursos, treinamentos e assessoria jurídica”, afirma Sandra Brandani, presidente da Acirp.
O estudo, feito pelo Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB-Acirp), tomou como base dados de janeiro de 2019 a junho de 2024 fornecidos pelo Mapa de Empresas do governo federal. “A quantidade de negócios abertos em Ribeirão Preto tem uma tendência de crescimento ao longo do tempo apesar de ser uma evolução suavizada pós-pandemia”, diz Livia Piola, analista do IEMB-Acirp.
“Notamos também que o número de empresas fechadas mostrou tendência de expansão ao longo do tempo em um ritmo de crescimento que se intensificou no período pós-pandemia”, afirma a analista. A pesquisadora destaca que o número de negócios fechados nos primeiros seis meses deste ano também superou os dados dos anos anteriores.
Foram 6.798 empresas encerradas, montante 3% superior ao total registrado no mesmo período do ano passado. O saldo, contudo, ainda é positivo, pois a diferença de abertura para encerramentos foi de 5.435 empresas com CNPJ ativo.
“Alguns fatores contribuem para que tais marcas sejam atingidas em 2024, começando pela evolução do Produto Interno Brasileiro (PIB), que cresceu 0,8% no 1° trimestre em relação ao último trimestre de 2023 e 2,5% em relação ao mesmo período do ano anterior”, destaca Piola.
Outro fator macroeconômico são as consecutivas quedas na taxa básica de juros (Selic), reduzida de 13,75% ao ano, em agosto de 2023, para 10,5% desde maio de 2024. “Uma taxa de juros menor proporciona condições mais fáceis para a tomada de crédito e seu uso acaba indo para a criação ou expansão de empresas”, diz a analista.
Por fim, o resultado está ligado também ao processo de digitalização da economia impulsionado na pandemia. “No pós-pandemia, o mercado de produtos e serviços vem passando por um crescente processo de digitalização, com a expansão de ferramentas e canais de mídias sociais com suporte para desenvolvimento de pequenos e médios negócios e oferecimento de bens e serviços”, pondera Piola.
Esse espaço de venda virtual permitiu às empresas ampliação do alcance de público consumidor e redução de custos (como aluguel e outros fixos). Piola lembra ainda que esses fatores levam a um crescimento na percepção de risco interno com gastos governamentais elevados, podendo gerar no curto prazo uma pressão inflacionária na economia brasileira.
“Com relação ao futuro, espera-se a persistência no crescimento do saldo de empresas em Ribeirão Preto, porém em ritmo mais suave, visto que há também expectativa de desaceleração no crescimento do PIB (produto Interno Bruto) para o segundo semestre de 2024, elevação da taxa de juros e elevação na incerteza fiscal do país”, reforça a analista do IEMB-Acirp.