Em 12 de julho, devido a problemas técnicos, a Secretaria Municipal de Administração, por meio da Comissão de Licitação, desclassificou os dois consórcios que se candidataram para a elaboração de estudos preliminares visando a captação de água do Rio Pardo pela Secretaria de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Saerp).
Foi aberto prazo de oito dias úteis para que os dois grupos regularizem a documentação. Nesta terça-feira, 6 de agosto, a Secretara da Administração informou ao Tribuna que o processo está em fase de análise das propostas técnicas pela equipe da Saerp.
Caso as empresas sejam classificadas, será aberto prazo de cinco dias úteis para apresentação de recurso. Caso isso aconteça, serão concedidos mais cinco dias úteis para de contrarrazão. Esgotados esses prazos, serão abertos os envelopes das propostas comerciais.
A desclassificação foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM). O Consórcio Águas do Rio Pardo é composto pelas empresas Saneares – Infraestrutura e Saneamento Ltda, Hidrosan Engenharia e Incibra – Inovação Civil Brasileira – Projetos e Serviços Técnicos.
Já o Consórcio Geasa – Nippon Koei lac é composto pelas empresas Geasa Engenharia, Nippon Koei Lac do Brasil e Techne Engenheiros Consultores.
Esta é a segunda tentativa do governo municipal contratar uma empresa para realizar os estudos. A primeira licitação foi aberta no final de dezembro do ano passado e encerrada em 6 de fevereiro. Como não teve nenhum interessado, foi considerada deserta.
O edital foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM) de 24 de fevereiro e tem custo estimado em R$ 3.083.288,32. Os recursos para a realização dos estudos serão provenientes de financiamento com Caixa Econômica Federal. O contrato foi assinado pela prefeitura em julho do ano passado.
O valor inicial previsto para a elaboração dos estudos era de R$ 3.118.368,93, dos quais R$ 2.962.450,48 serão financiados pelo antigo Ministério do Desenvolvimento Regional, atualmente dividido em duas pastas: a de Cidades e a de Integração Nacional.
Os R$ 155.918,45 restantes serão contrapartida da Secretaria Municipal de Água e Esgoto. O projeto do Pardo prevê a captação, tratamento e distribuição da água complementação do abastecimento para toda a cidade. Está dividido em etapas, sendo que a primeira, referente ao estudo, tem previsão de conclusão de nove meses após a contratação da empresa.
A secretaria já tem a outorga liberada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), que autoriza a utilização de três metros cúbicos por segundo da água do rio. Atualmente, o abastecimento de água em Ribeirão Preto é totalmente feito a partir do Aquífero Guarani, mas estudos geológicos apontam queda nos níveis do manancial.
Este cenário acendeu o alerta quanto à preservação da fonte e necessidade de busca de novas alternativas de captação de água. A atual concepção da operação do abastecimento de água de Ribeirão Preto já está sendo revista e reestruturada, através do programa de Gestão, Controle e Redução de Perdas da Saerp, que tem o objetivo de reduzir em 50% as perdas totais de água da cidade.
Segundo o “Ranking de Saneamento Básico das 100 Maiores Cidades 2024”, com dados referentes ao período anterior, as perdas totais no sistema de distribuição de água caíram para 43,64% em 2022, após fechar 2021 em 47%. Em 2020 ficaram em 49,06%, ante 52,9% de 2019 e 55% em 2018.
Apesar de o índice de desperdício ter despencado em seis anos – caiu de 61,5% em 2017 para 43,64%, diferença de 17,86 pontos percentuais –, ainda está acima da média nacional, de aproximadamente 40%. O programa de Gestão, Controle e Redução de Perdas pretende reduzir ainda mais essas perdas e recuperar um volume aproximado de 1 m³/s a fim de garantir o abastecimento da cidade no médio prazo e diminuir a pressão sobre o aquífero.
Em Ribeirão Preto, cidade que mais usa o manancial – todo o abastecimento da população de 698.642 habitantes é feito via poços artesianos –, o nível do aquífero caiu 120 metros em 71 anos, segundo estudos feitos pelo geólogo Júlio Perroni, da Universidade de São Paulo. A mesma pesquisa concluiu que atualmente a queda chega a dois metros por ano, o dobro do registrado em 2012.
O manancial é o maior reservatório subterrâneo de água doce do mundo, tem cerca de 1,2 milhão de quilômetros quadrados de extensão e se estende por oito estados do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Ribeirão Preto é a cidade que mais usa a água do aquífero.
Em 2013, no segundo mandato da ex-prefeita Dárcy Vera, por meio de um anteprojeto elaborado pela prefeitura, o extinto Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão chegou a cogitar a captação de água do Rio Pardo a partir de 2015. O custo total da obra estava orçado em R$ 630 milhões, depois caiu para R$ 530 milhões.