Mário Palumbo *
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Primeiramente, por motivos de herança familiar. O meu avô, Antonino Palumbo, ainda jovem, se arrolou no exército e chegou ao grau de general. Sempre foi uma pessoa de profunda honestidade e fidelidade. Quando coronel, apostou o seu salário, se alguém descobrisse que ele não estava com seus soldados nas trincheiras à noite.
Após a Primeira Guerra Mundial, o meu avô teve o cargo de chefe das penitenciárias militares da Itália. Mussolini foi vistoriar a penitenciária de Gaeta. O Gal. Palumbo prestou continência ao Duce, e dele recebeu este elogio por causa das múltiplas medalhas: “Bonito peito, bonito peito, general!” E continuou, “Descansar! O senhor tem nos cárceres verdadeiros bandidos, tenho certeza que saberá como tratá-los, como é seu dever” (Mussolini queria a eliminação dos adversários políticos).
Gal. Palumbo respondeu:
— Excelência, se o Sr. me enviar um fonograma com sua assinatura, com a ordem do fuzilamento destes bandidos, cumprirei a ordem, comandando pessoalmente o pelotão de execução.
Mussolini retrucou: “O senhor não conhece os sinais dos tempos…”
Em 24 horas, Gal. Palumbo foi transferido para Potenza (Calábria), submetido a um superior da Camisa Negra (milícia do Duce). Passei minha infância na ditadura fascista. Tudo era submisso ao “fascio”. A ambição de Mussolini era criar a “Terceira Roma”, por isso encontrou em Hitler um grande aliado, que provocou a Segunda Guerra Mundial.
Pela ambição ditatorial, tivemos um verdadeiro hecatombe e destruições acima de destruições. Da janela do primeiro andar, onde nós habitávamos, víamos passar os soldados dos SS de Hitler, à procura de homens para enviar aos trabalhos forçados. Só perto de Roma, em Fosse Ardeatine foram fuzilados 335 jovens.
Finalizando: sou contra a ditadura, a tortura e o fascismo, porque isso leva ao desastre. A democracia ideal não existe, mas a pior democracia é muito mais valiosa do que qualquer ditadura. A ditadura pode até construir obras faraônicas, porém muitas vezes, com aumento exponencial de epidemias, enquinamento da atmosfera, águas com custo social altíssimo, que chega até a morte da vida na terra, nossa casa comum!
Sou também contra o comunismo, que na verdade nunca existiu, apenas em Atos dos Apóstolos e em algumas comunidades religiosas. Combater a iniciativa privada é colocar tudo na mão de um governo despótico. Além de ser uma grande utopia, destrói qualquer economia.
Por causa disso, o bolchevismo, que nunca foi comunista ou socialista, caiu, não se regeu. Políticos assumem o poder com discursos sociais e anticorrupção, mas logo viram absolutistas despóticos, aniquilando com violência qualquer tentativa racional contrária à opinião deles. Impõem, por meio da ditadura, torturas, espalham calúnias, sabendo que muitos vão acreditar.
Prefiro o humanismo de Gandhi que, baseado na não-violência, tirou a Índia do calcanhar da poderosa Grã-Bretanha. Prefiro a racionalidade, o respeito à ciência, ao diálogo, à educação e à compreensão mútua. A ciência é o único caminho para a nossa pobre verdade, tem seus limites, como também nossos cinco sentidos, que podem nos iludir, mas são o que temos para viver, raramente erram.
Hoje, nega-se a evidência dos fatos. Só se quer acreditar naquilo que a emoção leva a pensar. Frente à redondeza da terra, insiste-se a dizer que é linear. A educação, baseada na racionalidade e na pesquisa, sem ideologias, é um trabalho árduo e difícil, mas é o único que possa fazer caminhar a humanidade para o progresso e não para a sua destruição, e até destruição da vida no planeta.
Prefiro o humanismo de Cristo, que trouxe ao mundo o amor, o perdão, o desapego da ganância, a fraternidade universal, onde não há distinção entre gregos e romanos, todos filhos de um único Pai e irmãos entre si, e isto se selou com seu exemplo ao pedir perdão para os que o estavam crucificando.
Creio também que somente o repudio às guerras e a opção ao diálogo, nos quais diariamente Papa Francisco apela, poderá salvar a humanidade do terror da guerra nuclear e do avanço do ecocídio que ameaça a todos.
Creio em Jesus, como a personagem única ao mundo que supera a barreira dos tempos: séculos antes do nascer dele, já era anunciado com requintes de detalhes que só a Ele podem ser atribuídos. Após dois mil anos, muitos ainda
se incomodam com Ele e o repudiam, mas também é amado, seguido por milhões de pessoas, as quais diariamente dedicam suas vidas e preferem ser martirizadas a negá-lo.
Ninguém, hoje, se incomoda com Herodes ou Júlio César. Por que só com Ele? A razão disso é que Ele é o Ressuscitado e vivo, presente na história de cada um, mesmo daqueles que o rejeitam. A perspectiva do mundo atual é de catástrofe e morte. Cristo vence a morte. Contra toda esperança, como cristão, sei que a força divina do Ressuscitado prevalecerá e criará “novos céus e nova terra” para o futuro da humanidade.
* Professor