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Caio Bonfim conquista a prata, medalha inédita na marcha atlética em Paris

Atleta brasiliense se manteve no pelotão da frente desde o início (Alexandre Loureiro/COB)
Caio Bonfim foi prata da marcha atlética 20km nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Ele completou os 20km de prova no entorno à Torre Eiffel em 1h19min09s, nesta quinta-feira. O ouro ficou com o equatoriano Daniel Pintado. O bronze, com o espanhol Alvaro Martin.

O brasileiro vive uma redenção, após ter ficado em quarto na prova da Rio-2016. Embora tenha sido o melhor resultado da história do Brasil em Olimpíadas até então, o atleta ficou a apenas cinco segundos do medalhista de bronze, o australiano Dane Bird-Smith. Nos Jogos de Tóquio, em 2021, o desempenho de Caio não foi tão bom. Ele terminou os 20km na 13ª colocação.

“Depois de Tóquio, eu sentei comigo mesmo e falei: ‘E aí, cara, é isso mesmo que você pode fazer?’. Um cara perguntou: ‘Foi difícil essa prova?’. Não, difícil foi o dia que marchei na rua pela primeira vez e fui xingado. Falei para meu pai que estava pronto para ser marchador, foi dia que decidi ser xingado sem ter problema”, emocionou-se Caio após a prova.

Na prova desta quinta-feira, o brasileiro saiu muito à frente do pelotão, mas logo cedeu posições enquanto media o ritmo. Ao fechar 10km, um momento chave da prova, Caio estava novamente na liderança, com os atletas ainda próximos.

O brasileiro voltou a ceder posições 2km depois, chegando a ficar em 19º, mas sem perder distância do pelotão de elite, em um momento em que os atletas passavam a se dispersar mais.

Fechando os 14km, Caio aumentou o ritmo e encostou em Daniel Pintado, do Equador. Eles eram seguidos de perto pelo campeão olímpico em Tóquio, o italiano Massimo Stano. Junto do trio, o espanhol Álvaro Martin também se destacou. Um sobraria além do pódio.

A última volta teve o distanciamento de Pintado na frente. Ele se junta ao compatriota Jefferson Pérez, ouro em Atlanta-1996 e prata em Pequim-2008, nos 20km da marcha atlética.

Esta é a quarta participação de Caio em Olimpíadas. Na primeira, em Londres-2012, ele terminou carregado por uma cadeira de rodas “Tem que ter muita coragem para viver de marcha atlética. Valeu a pena pagar o preço. Hoje eu pude falar para meu pai e para minha mãe: ‘Nós somos medalhistas olímpicos’”, comemorou em meio às lágrimas.

“Essa prova aí, parece que nós estamos brincando de rebolar? Vai rebolar 20km, cara! Tem gente que pergunta: ‘Qual o intuito dessa prova?’ É uma competição de quem caminha mais rápido e ganha de você correndo”, brincou Caio.

Equatoriano fica a segundos do recorde olímpico

Pintado não bateu o recorde olímpico de 1h18min46s, do chinês Ding Chen, por apenas 9 segundos. Caio terminou 14 segundos atrás do líder e dois na frente do medalhista de bronze. Campeão olímpico em Tóquio, Stano ficou em quarto, apenas um segundo atrás de Álvaro Martin.

O Brasil também foi representado na prova por Matheus Correa e Max Batista, que terminaram em 28º e 39º, respectivamente. Max teve uma vitória simplesmente em conseguir participar da prova. Às vésperas da Olimpíada, ele precisou ir à Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) para conseguir disputar os Jogos de Paris, junto de Hygor Gabriel e Lívia Avancini, também do atletismo.

O trio do atletismo brasileiro havia conquistado o índice olímpico, mas não tinha passado na bateria antidoping. Era necessário que cada atleta tivesse passado por, no mínimo, três testes, com intervalo mínimo de três semanas entre cada um. As testagens são surpresas e deveriam ter acontecido entre setembro de 2023 e julho de 2024.

Os três brasileiros foram testados, mas a World Athletics, a federação internacional de atletismo, questionou o intervalo dos exames, argumento derrubado pela CAS nesta sexta-feira passada. Em nota, a Agência Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) informou, no dia 10 de julho, que realizou os testes em 102 atletas, identificados pela CBAt como uma lista prioritária. Max e Lívia estiveram nesta lista, mas a World Athletics havia recusado os testes da dupla.

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