Com aval da Justiça Federal de Ribeirão Preto, o Serviço Social do Comércio (Sesc) concluiu a compra da sede da Sociedade Recreativa e de Esportes de Ribeirão Preto, a popular Recra Cidade, localizado na avenida Nove de Julho nº 299, entre as ruas Visconde de Inhaúma e Bernardino de Campos, no Centro. O negócio foi fechado por R$ 44,41 milhões.
A proposta foi feita em 25 de julho e estava sendo analisada pela 9ª Vara Federal. Segundo a Vegas Leilões, o pagamento será à vista, em prazo máximo de cinco dias úteis. O valor é suficiente para bancar a dívida trabalhista da Recra com cerca de 300 funcionários, avaliada em cerca de R$ 40 milhões. Este débito deve ser quitado ainda na primeira quinzena de agosto.
Já a Sociedade Recreativa e de Esportes tem até 26 de setembro para desocupar o prédio. O Sesc ainda fará uma avaliação da estrutura para definir quais obra de revitalização serão necessárias. A compra da Recra Cidade foi aprovada em reunião do Conselho Estadual do Serviço Social do Comércio, realizada na noite de 25 de junho, segundo o Tribuna anunciou com exclusividade.
O colegiado é formado por 48 integrantes, sendo 24 titulares e 24 suplentes. O valor de R$ 44,41 milhões será depositado em juízo após todos os trâmites legais. Na semana passada, o Sesc São Paulo enviou nota ao Tribuna assinada pela diretora regional em exercício, Carla Bertucci Barbieri, confirmando o interesse na compra da recra.
“Presente em Ribeirão Preto desde 1962, com uma unidade na Rua Tibiriçá, o Sesc São Paulo atua com o objetivo de promover o bem-estar social e a melhoria da qualidade de vida da população, e em especial dos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e seus familiares, seu público prioritário.”
E continua: “Nesse contexto, a instituição informa que apresentou proposta para aquisição do imóvel onde hoje funciona a Sociedade Recreativa e de Esportes de Ribeirão Preto, na avenida Nove de Julho.” A proposta do Sesc São Paulo foi a única apresentada.
Segundo o conselheiro estadual do Sesc pela região e presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp), Paulo Cesar Garcia Lopes, a aquisição é importante para a cidade e para a região da avenida Nove de Julho e fundamental no processo e revitalização esta área do centro que faz divisa com o Jardim Sumaré.
“Será uma imensa conquista e uma oportunidade ‘única’ para Ribeirão Preto, para a região da avenida Nove de Julho, que tanto vem sofrendo com as obras de mobilidade, para comerciantes e comerciários, e para toda a nossa população”, destaca Paulo César Garcia Lopes, em nota.
A situação dos sócios da Sociedade Recreativa e de Esportes ainda será discutida com a diretoria do clube, que não comentou a transação. O Sesc despertou interesse no imóvel no final do ano passado, quando o imóvel foi colocado em leilão pela 9ª Vara da Justiça Federal. O objetivo era quitar cerca de R$ 4 milhões em dívidas fiscais. O prédio está avaliado em R$ 30 milhões.
Na ocasião, a aquisição não foi adiante porque um grupo empresarial da cidade também teria demonstrado interesse em adquirir o local, o que acabou não acontecendo. No dia 17 de abril, o colunista do Tribuna, Amir Calil Dib, publicou com exclusividade na coluna “No radar do Amir” o início das negociações.
No começo do ano, o Sesc iniciou um estudo de viabilidade para adquirir a sede da Recra. Em comunicado distribuído no dia 18 de abril, e assinado pela diretora regional em exercício, Carla Bertucci Barbieri, a entidade informou que estava realizando um estudo sobre o imóvel.
Com cerca de 17 mil metros quadrados, o imóvel da Recra Cidade é equivalente a doze campos de futebol. Possui quadras de vôlei, de basquete e de tênis e pista de atletismo – pertence ao município, foi cedida por 100 anos em comodato para formação de atletas –, além de uma piscina semiolímpica e um salão de bailes.
O clube foi fundado há 118 anos, em 19 de dezembro de 1906, ainda na rua Barão do Amazonas, onde hoje funciona o Museu de Arte de Ribeirão Peto Pedro Manuel-Gismondi (Marp). Entre as décadas de 1970 e 1990, foi palco de bailes e shows que movimentavam a sociedade ribeirão-pretana.
No esporte, na década de 1980, a Sociedade Recreativa revelou para o país a levantadora Fernanda Venturini no vôlei com uma equipe que chegou ao título brasileiro no ano de 1993. Foi das piscinas do clube que saiu o primeiro atleta de Ribeirão Preto a disputar os uma Olimpíada: o nadador Otávio Mobiglia foi destaque brasileiro nos Jogos Olímpicos de Helsinque (Finlândia), em 1952, e Melbourne (Austrália), em 1956.