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O deserto florido 

Rui Flávio Chúfalo Guião *
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Os jornais estamparam, recentemente, fotos do deserto de Atacama coberto de flores vermelhas e azuis. O fenômeno, que ocorre a cada dez anos, aproximadamente, entre setembro e outubro, quando uma chuva fraca desperta a dormência das sementes. Neste ano, chamou a atenção o fato de as flores surgirem em julho, repetindo o havido sete anos atrás.

Os desertos são conhecidos pelo seu clima árido, com raras  chuvas e cobertos de areia. Já foram mares na formação da Terra, mas, hoje são os locais mais inóspitos do planeta.

O deserto do Atacama cobre 128mil quilômetros quadrados da superfície do Chile, pouco menos de 7% do seu território e se caracteriza por grandes formações rochosas de várias e belas cores, lagos salgados e areia. É o deserto mais alto da Terra, bem como o mais seco das áreas não polares. Sua temperatura oscila entre zero grau à noite e quarenta graus durante o dia. O inverno é período muito frio.

Sua altitude impede a entrada da umidade oceânica e a Cordilheira dos Andes bloqueia a passagem dos ventos úmidos da Amazônia. A chuva, portanto, é fenômeno raro.

Hoje, o Atacama é grande região turística, recebendo milhares de visitantes que procuram conhecer seu relevo original e colorido, suas salinas, suas Termas de Puritama, um oásis de água quente no inverno, bem como seus gêiseres que brotam na terra.

Não são muitas as plantas que sobrevivem no duro clima do Atacama: rosas do deserto de várias espécies, pequenas arvoretas e as flores que o decoram. As sementes destas sobrevivem por até trinta anos no solo, aguardando a chuva para nascerem e colorindo o deserto com milhões de botões, que duram poucos dias.

O vento é o grande polinizador destas flores, espalhando o pólen, embora um besouro, o caravajo, também aja, visitando-as e também enterrando as sementes, quando prontas. .

Além das flores, sobrevive no Atacama uma fauna variada, desde  ovizcacha, um tipo de coelho até o condor, a águia chilena, passando pelo elegante flamingo, raposas, os pumas e os guanacos, todos adaptados para sobreviver num clima hostil.

Todos nós temos uma ideia e que os desertos são lugares vazios de plantas e animais, pois, em nossa mente, vem logo a imagem da areia infinita, as dunas ondulantes e os camelos que a atravessam.

Mesmo no Saara, o maior deserto do mundo, encontramos plantas que sobrevivem às condições do clima saariano. Muito diversificadas, são líquens, plantas xerófitas ( possuem raiz longa e profunda, casca grossa, que permitem conservar água ), cactos e herbáceas.

As rosas do deserto são muito bonitas no Saara, onde mais de 200 espécies de flores sobrevivem.

O Saara apresenta também um fauna diversificada: camelos, dromedários, antílopes, cabras, pequenos roedores, aracnídeos ( escorpião e aranha ), lagartos e cobras, que se movimentam nas dunas e nas fendas rochosas. Não nos esqueçamos dos beduínos, seres humanos nômades adaptados à vida no deserto.

E que vida ! Em tendas que são mudadas com frequência em lombo de camelos e dromedários, sempre procurando os oásis, milagrosos poços de água e tamareiras, os beduínos demonstram a resistência da raça humana.

Não tive a oportunidade de testemunhar o deserto florido. Mas, deve ser experiência das mais impactantes, quando um manto colorido esconde a areia por centenas de quilômetros.

* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e Secretário-Geral da Academia Ribeirãopretana de Letras 

 

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