Por: Adalberto Luque
Depois de prender Rogério Ferreira de Souza, de 26 anos, na manhã desta terça-feira (16), a Polícia Civil prossegue com as investigações sobre os casos de sequestro relâmpago praticados na zona Sul de Ribeirão Preto. Pelo menos mais quatro pessoas podem ter participado do esquema, entre elas os responsáveis pelas contas bancárias que recebiam os PIX das vítimas.
Segundo o delegado responsável pela DEIC (Divisão Especializada de Investigações Criminais), Kleber de Oliveira Granja, as investigações levaram à ligação entre as três primeiras ações praticadas pelo grupo. “Por meio de ferramental tecnológico e técnicas de investigação em meio eletrônico foi possível identificar o paradeiro do indiciado aqui presente, escondido na residência de sua genitora, em Ribeirão Preto”, explicou.
Souza foi preso quando saia da casa de sua mãe, no Jardim João Rossi, zona Sul da cidade. Com ele os policiais civis apreenderam R$ 7 mil em cédulas, o simulacro de arma de fogo e roupas usadas nos assaltos. Também recuperaram o veículo e o celular da quarta vítima.
Souza estava foragido da Justiça. Aproveitou o benefício da saída temporária e não retornou para a penitenciária onde cumpria pena por roubo. Em depoimento, disse que os veículos eram vendidos para desmanches clandestinos.
“Quando de seu interrogatório, Rogério Ferreira de Souza, na presença de seu advogado, confessou com riqueza de detalhes cada um dos sequestros praticados em dupla com seus comparsas, sendo que um já se encontra preso, e o outro, já identificado, encontra-se foragido”, revelou Granja.
O delegado também informou que foi instaurado um inquérito para apurar os demais crimes praticados pela organização criminosa, inclusive com envolvimento de outras pessoas por receptação e lavagem de dinheiro.
Os sequestros
O grupo agia sempre da mesma forma e na zona Sul. Utilizavam um Citroen C3 preto para fechar os carros das vítimas no trânsito. Depois um deles entrava no carro com a arma – posteriormente foi confirmado ser uma réplica – e a ação começava. Em dado momento, o carro parava para que o outro comparsa entrasse no veículo.
O grupo fazia a vítima realizar transferências via PIX. Depois apanhava celular, joias, aliança, cartões bancários, documentos, deixava a vítima numa área rural na Região Metropolitana de Ribeirão Preto e fugia levando o veículo do sequestrado. A vítima tinha que caminhar para conseguir ajuda, o que dava tempo da fuga.
O primeiro caso ocorreu no final da noite de quarta-feira (10), na Rua Coronel Luiz da Silva Batista, Jardim Irajá. Um corretor de imóveis foi abordado por volta de23h30, quando chegava em casa. Ele foi levado em seu carro para uma plantação de cana entre Serra Azul e Serrana e abandonado sem o carro, depois de transferir R$ 640 em PÌX.
Pouco depois, na madrugada de quinta-feira (11), o carro de uma família que havia acabado de regressar de uma viagem ao exterior, chegava a Ribeirão Preto e seguia para o Jardim Canadá. Na Avenida Norma Valério Correa, Jardim Botânico, o carro foi fechado por outro de cor preta por volta de 01h30.
Um homem armado chegou a abrir a porta do banco de trás para entrar, mas havia dois casais e uma criança. Ele desistiu do sequestro, porém roubou dinheiro, carteiras, celulares, joias e alianças. Ao fugir, levaram a chave do carro para evitar serem seguidos pela família.
Na madrugada de sexta-feira (12), ocorreu o terceiro caso. Um empresário foi abordado em um semáforo na Avenida Wladimir Meirelles Ferreira, Jardim Botânico, por volta de 02h00. Ele teve R$ 20 mil de prejuízo com PIX, além de outros itens roubados. Foi deixado em um canavial entre Ribeirão Preto e Sertãozinho.
O último sequestro relâmpago ocorreu no final da noite desta segunda-feira (22). Um corretor de imóveis estava em seu carro, na Avenida Heráclito Fontoura Sobral Pinto, Guaporé, zona Sul, após fotografar um imóvel para venda. O Citroen C-3 preto fechou seu veículo e, durante as três horas em que foi mantido refém, inclusive sendo agredido, fez R$ 30 mil em PIX para os criminosos. Depois foi deixado na zona Rural de Dumont.