Tribuna Ribeirão
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As Catedrais 

Rui Flávio Chúfalo Guião * 
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Num intervalo da leitura do excelente Catedrais, da escritora argentina Cláudia Piñeiro, comecei a relembrar essas igrejas que marcaram minha memória. E revivi as visitas que fiz, todas mais de uma vez. 
 
A primeira que vem à mente é a Basílica de São Pedro, em Roma, sede do Vaticano, estado independente que surgiu da Concordata da Igreja com o regime de Benito Mussolini, em 1929 e é a maior e mais importante igreja da Cristandade. Erguida sobre os escombros da primeira catedral do século III que se construiu sobre o túmulo de São Pedro,  levou 120 anos para ficar pronta e foi consagrada em 1626.  
 
É impressionante quando caminhamos pela Via dela Conciliazione, em direção a enorme praça de São Pedro e, motivados pela colunata feita por Bernini, que a envolve, não podemos deixar de olhar para cima e ver a Cupolone, a enorme cúpula desenhada por Michelangelo. Dentro e em cima da fachada, uma enorme coleção de estátuas – dentre elas a famosa Pietá de Michelangelo- chama a atenção do visitante, há túmulos majestosos e quadros de autores famosos. Embaixo da cúpula, as colunas torsas e negras de Bernini são o ponto focal da igreja. E, descendo escadarias, encontramos a cripta, onde estão enterrados os papas. 
 
A Basílica de São Pedro respira imponência, majestade e merece ser visitada, independentemente da fé do turista. É um monumento universal. 
 
A  Notre Dame de Paris, embora se localize na capital francesa, é, sem dúvida, a catedral do mundo. Atingida por grande incêndio em 2019, que destruiu seu teto de madeira e uma de suas torres, a que sustentava  o simbólico pináculo, agora em fase de reconstrução, não perdeu sua majestade e nem empalideceu sua milenar história, glória para os franceses. Deve ser reaberta no próximo ano. 
 
Erguida na Île de laCité, , no rio Sena,coração e berço de Paris, sobre as ruínas de outra igreja anterior, teve seus trabalhos iniciados em 1163, levando 200 anos para ser completada. É um dos mais belos templos góticos da Europa. 
 
Penetrar no seu interior escuro, que realça os enormes e multicoloridos vitrais, as rosetas, é deixar se transportar para um mundo mágico e etéreo. A luz filtrando pelos vidros pequenos e coloridos, o cheiro suave do incenso, vozes pregando aos céus tudo colabora para criar um clima de paz. 
 
Em Siena, na Toscana, Itália, encontra-se a catedral de Santa Maria Assunta, cuja fachada entendo ser a mais bela da Itália. Toda decorada em mármore branco e preto, cores do brasão da cidade, teve sua construção iniciada em 1215, em forma de cruz latina. A observação cuidadosa da igreja revela um equilíbrio de formas, enriquecido com estátuas de papas e santos. A simetria de sua construção, quebrada pelas duas torres de tamanhos diferentes, suas filigranas, sua roseta central, transformam o conjunto em algo inesquecível. 
 
Dentro, seus 1.300 m² de piso são ornados por obras de arte, feitas de pastilhas,  que levaram dois séculos para ficar pronto, trabalho de mais de quarenta artesões. Tão preciosa é a arte, que durante a maior parte do ano, o piso é coberto por proteção de madeira. Numa das minhas visitas, tive a oportunidade de vê-lo descoberto e apreciar sua beleza inigualável. Do alto da galeria, de onde se tem uma vista global, ou em torno das passarelas baixas e elevadas, sente-se a genialidade dos que o fizeram. Momento para agradecer o louvor e cuidado de seus criadores. 
 
São essas e muitas outras obras eternas, como a Catedral de Milão, a de Santa Maria delFiore, em Florença, a Sagrada Família, de Barcelona, a Catedral de Berlim, a Catedral de Chartres,na França, a Borgund Stavekirke, toda de madeira, na Noruega, A Catedral de São Paulo, em Londres, a Catedral de Canterbury, na Inglaterra, a Catedral de Colônia, na Alemanha, a Catedral de Saint John the Divine, em New York. Todas nos fazem orgulhosos do gênio humano. 
 
* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e Secretário-Geral da Academia Ribeirãopretana de Letras 

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