Tribuna Ribeirão
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Cleptomania ou malandragem? 

Renato Nalini * 
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Apossar-se de pequenos objetos quando se hospeda num hotel, frequenta-se um restaurante ou até ao se visitar uma casa de família é mania que se denomina cleptomania. Uma coisa é pretender “levar uma lembrança”. Outra é apropriar-se de bens valiosos. Isso passa a ser furto, um crime tipificado no Código Penal, artigo 155, cujo tipo é “subtrair coisa alheia móvel”. 
 
Há pessoas que se vangloriam de “coleções” formadas dessa maneira. Tudo trazido de viagens e hospedagens. 
 
Episódios históricos já contemplaram acontecimentos análogos, alguns em larga escala. Foi o que ocorreu no Castelo de Chapultepec, morada de verão e harém dos imperadores astecas no México. O bom gosto de gente acostumada às comodidades e ao luxo dos Palácios Imperiais de Viena, os então soberanos do México – Maximiliano e Carlota – fizeram da velha construção índia uma suntuosa e confortável residência moderna.  
 
O opulento salão de banquetes, com seus adornos de mesa, baixelas e talheres, foi palco de um episódio interessante. O famoso aventureiro Pancho Villa, que foi revolucionário mexicano, com sua tropa, entrou vitorioso na Cidade do México, instalou-se no Castelo e mandou servir a seus generais, ajudantes e sequazes um grande banquete com tudo o que no Palácio houvesse de mais rico e luxuoso. 
 
Ao terminar o lauto ágape, o guardião do palácio aproximou-se de Villa e o informou que haviam desaparecido quase todas as peças do rico serviço que havia sido posto à mesa. Villa ordenou ao guardião que nada dissesse, mas fechasse todas as portas do salão. Isto feito, ergueu-se e, de revólver em punho, dirigindo-se com veemência a seus comensais, ordenou que se pusessem sobre a mesa todas as peças que haviam sido escondidas. Declarou que ninguém dali sairia antes que se verificasse que não faltava uma só delas.  
 
O expediente foi providencial. Cada qual foi retirando do próprio bolso, garfos e colheres, até que a contagem, que se fazia simultaneamente, houvesse atingido o satisfatório resultado. 
 
Será que isso funcionaria em certos banquetes, em que a cleptomania se confunde com a conhecida arte do furto? 
 
* Reitor da Uniregistral, docente universitário, desembargador, presidente da Academia Paulista de Letras e autor de “Ética Geral e Profissional”: presidiu o Tribunal de Justiça de São Paulo (2014-2015) 
 



 

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