Após alta de 3,33% em maio, o preço da cesta básica de alimentos essenciais voltou a registrar deflação em Ribeirão Preto, segundo o levantamento mensal do Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB) da Associação Comercial e Industrial (Acirp). O valor do kit recuou de R$ 690,50 em maio para R$ 686,73 em junho, queda de 0,55% e desconto de R$ 3,77.
Porém, está 1,04% mais cara que os R$ 679,67 cobrados em junho do ano passado, acréscimo de R$ 7,06. No acumulado do primeiro semestre, a inflação sobre o preço dos alimentos é de 7,17%, ante 7,75% até maio – estava em 4,28% até abril. O acumulado em 2023 foi de 0,91% em oito meses.
Em relação ao segundo trimestre de 2024 (de abril a junho), a inflação acumulada foi de 1,13%,cerca de 5 pontos percentuais abaixo da inflação dos primeiros três meses (janeiro a março, de 1,18%). O preço do kit na cidade registrou dois meses seguidos de deflação, de 3,34% em março e 1,59% no posterior.
Em fevereiro, o preço do pacote de itens essenciais superou a barreira de R$ 700 pela primeira vez desde o início da série histórica. Passou de R$ 675,74 em janeiro para R$ 702,46, alta de 3,95% o percentual de aumento mais elevado da série até agora. Em março houve queda de 3,34% (R$ 679) ante fevereiro
Em abril, caiu para R$ 668,23, retração de 1,59%. O preço da cesta básica saltou para R$ 690,50 em maio, alta de 3,33%. A cidade abriu 2024 com reajuste de 3,89% em janeiro ante dezembro (R$ 650,42), quando subiu 3.11% em relação a novembro (R$ 630,83). Em setembro chegou a R$ 590,32 – menor valor da série até agora.
Custava R$ 612,02 em outubro, R$ 610,98 em agosto, R$ 645,33 em julho, R$ 679,67 em junho e R$ 672,82 em maio do ano passado. Os dados do Índice Mensal de Cesta Básica foram divulgados nesta terça-feira, 25 de junho. Os analistas da Acirp percorreram 14 estabelecimentos: dez supermercados e hipermercados e quatro panificadoras distribuídas entre as cinco regiões da cidade.
O levantamento não tem caráter fiscalizador. Os altos índices de inflação registrados, segundo os pesquisadores, ainda são reflexos dos efeitos de eventos climáticos, como o El Niño e as chuvas no Rio Grande do Sul, que afetaram a oferta de alimentos no primeiro semestre de 2024.
“Para o próximo semestre, espera-se uma progressão na aceleração inflacionária nos alimentos, cujos preços devem continuar subindo devido à antecipação da La Niña, alta do dólar e persistência dos efeitos das chuvas no Sul”, avalia Lívia Piola , analista do IEMB-Acirp.
No cenário nacional, a inflação registrada foi maior que o esperado por bancos, consultorias e corretoras. A projeção inicial para 2024 era que o índice se mantivesse em 3,5% ao ano, mas as expectativas já subiram para algo entre 4,5% e 7,5%.
O grupo alimentar que mais pesa sobre as despesas do ribeirão-pretano, com 33,39% do valor total da cesta, é o da carne, que em maio consumia 37,7% da renda familiar e registrou deflação de 11,91% no quilo da alcatra em junho. Frutas e legumes absorvem 32,73% do orçamento, seguidos dos farináceos (19,70%), laticínios (6,19%), leguminosas (3,78%), cereais (2,72%) e óleos (0,76%).
O feijão também teve queda significativa de preço (-10,55%), seguido pelo açúcar cristal (-5,82%) pão francês (-0,66%). Os produtos com maiores aumentos em junho são farinha de trigo (21,73%), banana nanica (unidade – 18,93%), café em pó (17,20%), óleo de soja (16,36%), batata inglesa (11,63%), leite longa vida (8,57%), tomate italiano (8,12%), margarina com sal (3,19%) e arroz branco (0,86%).
Em relação ao poder de compra, considerando uma remuneração de R$ 1.412 (salário mínimo), deduzidos 7,52% de descontos da Previdência Social, tem-se que o piso líquido é na ordem de R$ 1.305,82, de tal modo que um trabalhador de média idade comprometeria cerca de 52,59% de sua renda apenas com gastos alimentares em junho.
A queda alta foi de 0,29 ponto percentual em um mês – era de 52,88% em abril, 51,17% em abril e de 52% em março, após chegar a 53,79% em fevereiro. Em carga horária, equivale a trabalhar 115,7 horas das 220 previstas na jornada do assalariado só para comprar comida, 0,63 horas a mais do que em maio – era de 116,33 no mês anterior. O reajuste de 6,97%do salário-mínimo ajudou a minimizar o impacto.
O estudo aponta ainda que da região com menor custo para a mais cara, o consumidor pode chegar a gastar até R$ 82,12 a mais pela compra dos mesmos 13 itens básicos. A variação chega a 12,54%, segundo a pesquisa do IMEB-Acirp.
Centro tem a cesta básica mais cara
A região Central voltou a a ter o kit mensal básico de alimentos mais caro de Ribeirão Preto. Em junho, aparece no topo da lista com R$ 737,14, ante R$ 733,28 de maio, alta de 0,53% e acréscimo de R$ 3,86. Na Zona Sul, R$ 718,95, queda de 3,40% e R$ 25,30 a menos que os R$ 744,25 do mês anterior.
A Zona Oeste tem a cesta de alimentos mais barata em junho, de R$ 655,02, queda de 2,41% em relação aos R$ 671,20 de maio, desconto de R$ 16,18. Já a região Norte, apesar de ter mantido o segundo melhor custo-benefício da cidade, registrou a maior alta, de 7,01%, com a cesta custando agora R$ 660,58, ante R$ 617,28 do mês anterior, aporte de R$ 43,30.
Por fim, na Zona Leste, passou de R$ 676,60 para R$ 667,41, abatimento d R$ 9,19 e queda de 1,36%, de acordo com a pesquisa do Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB) da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp).
Dados do estudo – A cesta utilizada baseia-se no decreto lei nº 399, que regulamenta o salário mínimo brasileiro e apresenta o tipo e a quantidade de alimentos de acordo com a região administrativa brasileira. O custo médio total de uma cesta de consumo alimentar capaz de atender as necessidades energéticas e nutricionais de um indivíduo em idade representa para o índice da Acirp o marco da linha de indigência na cidade.
A lista inclui alcatra bovina (6 kg), leite longa vida (7,5 litros), feijão carioca (4,5 quilos), arroz branco tipo 1 (3 quilos), farinha de trigo (1,5 quilo), batata inglesa (6 quilos), tomate italiano (9 kg), pão francês (6 kg), café em pó (0,6 kg), banana nanica (90 unidades), óleo de soja (0,8 litro), açúcar cristal (3 kg) e margarina (0,75 kg).
Os locais de compra são determinados com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017-2018. O pão francês é o único item cotado também em padarias, uma vez que 60% dos ribeirão-pretanos preferem comprar este produto nestes estabelecimentos.