Por: Adalberto Luque
A Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) da Polícia Civil realizou, na manhã desta sexta-feira (14) a “Operação Rapadura”. A ação tem por objetivo desarticular uma quadrilha especializada em furtar açúcar de trens de carga na região de Ribeirão Preto, por onde escoa 45% da produção do produto, no trecho operado pela Central Atlântica S.A.
As investigações são realizadas desde novembro de 2023 e o setor de Inteligência da DEIC analisou e mapeou a forma como o grupo agia. A apuração levou ao líder da quadrilha, um empresário de Guariba (SP).
Ele seria o receptador do açúcar furtado. Uma de suas empresas foi alvo de operação da Polícia Civil onde cinco homens foram presos em flagrante no dia 07 de junho deste ano. Os agentes recuperaram, na ocasião, 60 toneladas de açúcar, que já estavam ensacados pelo estabelecimento de propriedade do empresário.
Ao prosseguir com as apurações, a DEIC descobriu que o homem “legalizava” o açúcar por meio de notas fiscais fraudulentas, emitidas por empresas de fachada e por laranjas. O produto era vendido para empresas especializadas em produção de doces, no Nordeste do Brasil.
Na madrugada desta sexta-feira, os agentes saíram para cumprir cinco mandados de busca e apreensão e dois de prisão temporária, um deles do empresário e outro de um dos braços direitos. As ações ocorreram simultaneamente em Ribeirão Preto, Pradópolis e Guariba. Armas foram apreendidas. O empresário não foi localizado e é considerado foragido.
Nos endereços do chefe da quadrilha os policiais apreenderam uma empilhadeira, documentos e um Mustang avaliado em meio milhão de reais. O braço direito do líder da quadrilha foi preso no Avelino Alves Palma, zona Norte de Ribeirão Preto.
Segundo o delegado Claudinei Nicotari, o homem preso é um dos recrutadores de pessoas que roubavam a carga. Geralmente pessoas em situação de rua ou sem renda fixa, que recebiam algum dinheiro para cometer os furtos. Nicotari explicou que eles agiam como piratas, surfando sobre os trens, cortando mangueira de ar e abrindo graneleiras, despejando grandes quantidades de açúcar nos trilhos.
Depois recolhiam o material em compartimentos e levavam até comunidades próximas. “Eles agiam em todo o trecho da ferrovia, inclusive próximo à Favela Locomotiva e no Avelino Alves Palma”, revelou o delegado.
Depois levavam o açúcar até um dos galpões do empresário, em Guariba ou Pradópolis. Lá o produto era processado e ensacado. Com a emissão de notas fiscais de empresas de fachada ou laranjas, o produto ganhava aspecto de licitude. A Polícia Civil acredita que o açúcar era vendido para indústrias que fabricam doce, no Nordeste brasileiro.
Segundo o diretor da DEIC, Kleber de Oliveira Granja, as investigações continuam com o objetivo de chegar ao patrimônio da quadrilha para sequestrar os bens que ajudariam a ressarcir parte do prejuízo. Granja lembrou que as ações causam prejuízo não só aos donos do açúcar que é transportado para Santos, mas à ferrovia, pois pode causar descarrilamento e também a comunidades próximas dos trilhos, que poderiam ser atingidas por vagões descarrilados.
O homem preso na operação não ofereceu resistência. Foi indiciado por organização criminosa e lavagem de capitais. Ele é um dos recrutadores de mão-de-obra para ações criminosas planejadas pelo empresário, que segue sendo procurado.
(Matéria atualizada às 12h46)