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O Equador e sua literatura (28): Aminta Buenaño (1958 -) 

Rosemary Conceição dos Santos* 

 De acordo com especialistas, Aminta Buenaño (1958 -) é uma escritora, política e diplomata equatoriana, que já ocupou diversos cargos públicos, dentre eles de embaixadora na Espanha e na Nicarágua e de vice-presidente da Assembleia Nacional do Equador. Tendo nascido em Santa Lucía, cidade próxima a Guayaquil, localizada no centro-sul da região costeira do Equador, tornou-se conhecida do público após a publicação de “Mujeres divinas” (2006), em que oferece uma perspectiva otimista sobre a condição e as experiências pontualmente femininas, como, por exemplo, parto, gravidez , amamentação, menopausa, pressão social sobre a idade e o corpo, entre outros, num país, o Equador, no qual o sexo feminino têm sido tradicionalmente discriminado por uma sociedade sexista dirigida por homens, ainda que, na opinião da autora, tal situação esteja mudando positivamente para as mulheres, com progressos gradualmente sendo evidenciados. 

Tendo sido redatora editorial do jornal El Universo de Guayaquil, suas histórias foram publicadas em diversas revistas do país e do exterior. Em 2011, seu romance “Si tú mueres primero” foi um dos finalistas do XIII Concurso Internacional de Novelas de Ciudad de Badajoz. Na obra, em uma pequena cidade rural do Equador, perdida no tempo, histórias de amor, desgosto, inveja e morte se entrelaçam. A vida quotidiana passa lenta e anódina até que um dia, inesperadamente, uma viúva, que prestou juramento no túmulo do marido, propõe uma visita ao mar, desconhecido e misterioso para todos. A partir deste projeto, a realidade subterrânea da cidade começa a levantar o véu e todo tipo de intrigas privadas são abertas ao leitor, nas quais os personagens se expressam intensamente a partir dos amores proibidos, da loucura do sexo reprimido e do medo irracional do desconhecido como expiação da culpa e do ciúme gerado pela insegurança total. 

Nas palavras do crítico equatoriano Abdon Ubidia, considerado uma das vozes mais representativas e relevantes da literatura equatoriana moderna, este romance de Aminta Buenaño traz “um conjunto de temas muito típicos da ‘vida vivida’, como disse o escritor Curzio Malaparte: solidão, abandono, intriga, nostalgia, infidelidades, amor, culpa. Um romance cheio de paixão e intensidade.” Já para o crítico literário equatoriano Marco Antônio Rodríguez, nessa obra de Aminta, “a mulher, na sua multiplicidade de imagens, é a grande personagem. Em todas as suas dimensões, com as suas angústias, os medos, a solidão, os amores, os esquecimentos, a sua força humana, os seus mistérios, a maravilha das suas intimidades.” 

política 

Em 2007 a autora ingressou na política com o movimento Alianza PAIS, sendo eleita para a Assembleia Nacional Constituinte do Equador em 2007, que foi responsável pela elaboração de uma nova constituição no país. Buenaño também foi a primeiro vice-presidente da Assembleia Constituinte Equatoriana, promovendo, enquanto atuante neste cargo, artigos a favor dos direitos das mulheres e da paridade de gênero. No campo diplomático, foi embaixadora do Equador em Espanha (entre 2011 e 2014), na Nicarágua (entre 2014 e 2018) e em Barbados (entre 2017 e 2018). Dentre seus romances, temos: “Si tú mueres primero” (2011) e “Un blues para Roberto” (2022). Dentre os livros de contos: “La mansión de los sueños” (1985), “La Gata” (1990), “La otra piel” (1992), “Mujeres divinas” (2006), “Virgen de media noche y otros relatos” (2010) e “Con (textos) fugaces”. Participou, também, das seguintes antologias: “Mujeres ecuatorianas en el relato” (1988), “Primera Bienal del Cuento Ecuatoriano Pablo Palacio” (1991), “Veintiún cuentistas ecuatorianos” (1996), “Antología de narradoras ecuatorianas (1997), “40 cuentos ecuatorianos” (1997) e “Antología básica del cuento ecuatoriano” (1998) 

“Um blues para Roberto”, segundo estudiosos, é uma história muito pessoal, dolorosa na primeira parte. Existem muitas histórias sobre o COVID, cujo efeito atingiu muitas pessoas de várias maneiras. Alguns estão felizes porque os atingidos foram salvos da morte; outros, de sobrevivência na linha de frente; mas, por outro lado, há experiências que não terminaram bem. Uma delas é a da escritora Aminta Buenaño, cujo companheiro sucumbiu à doença. Na obra, Aminta consegue captar a sua tristeza, a sua raiva, a sua frustração, o seu desamparo. Ela até reclama do que não pôde ser feito e do que, talvez, ela não fez, repreendendo duramente a vida, até se rebelando contra Deus, porque lhe foi tirado o amor, o companheiro, o pai do filho, o amigo. Ela também repreende o mundo, os médicos e ela mesma. Mas as repreensões mais intensas são direcionadas contra todo o rasto de morte e desolação deixado pela pandemia. 

Professora Universitária* 

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