Por: Adalberto Luque
A Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) prendeu, na tarde desta quinta-feira (6), Rafael Mazucato, de 41 anos. Ele foi o autor do disparo que causou a morte do jovem Ruan César Godói, de 22 anos.
O crime ocorreu em um estacionamento na Avenida Jerônimo Gonçalves, próximo a uma casa de shows. Ruan aguardava que o manobrista trouxesse seu carro quando Rafael, depois de ter se envolvido em uma briga 20 minutos antes, chegou de moto e desceu armado, disparando na direção do rapaz que foi atingido na cabeça.
Rafael prestou depoimento na segunda-feira (3) e foi liberado. Mas logo em seguida, o delegado responsável pelo caso, Rodolfo Latif Sebba, pediu sua prisão preventiva. A Justiça acatou o pedido e Mazucato foi preso nesta quinta-feira.
Segundo o diretor da DEIC, Kleber de Oliveira Granja, a prisão foi pedida por haver inconsistências nos depoimentos. “Durante as investigações, foram detectadas contradições significativas nos depoimentos dos envolvidos no evento criminoso, que divergem quanto aos detalhes cruciais dos eventos, como a descrição do ajuste das condutas, local onde o autor dos disparos foi buscar a arma de fogo, entre outros”, disse o Granja.
Ele deve ficar preso por 30 dias, prorrogáveis por outros 30 dias, período em que o inquérito deve ser concluído e o caso encaminhado para a Justiça e para a Promotoria, responsável pela denúncia.
Ao chegar à delegacia, Mazucato falou rapidamente aos jornalistas. Disse que teria sido manipulado pelo amigo que pilotava a motocicleta, Francisco José Mussi Júnior, que prestou depoimento na terça-feira (4) e disse ter sido ameaçado pelo autor dos disparos para levá-lo ao estacionamento.
O advogado José Ricardo Romão disse que vai avaliar a situação para definir se entra com habeas corpus em favor de seu cliente. Ele sustenta que Mazucato estava nervoso pelas agressões sofridas e queria apenas “dar um susto” na pessoa que o agrediu.
Sepultamento
O corpo de Ruan César Godói está sendo velado na Sala Hibisco, do Memorial Parque dos Girassóis, Recreio das Acácias, zona Sul de Ribeirão Preto. Seu sepultamento será no mesmo cemitério por volta de 10h00.
Crime da Baixada
Por volta de 03h30 da madruga da de domingo (2), um funcionário do estacionamento na avenida Jerônimo Gonçalves se desentendeu com dois clientes por causa do pagamento do tíquete.
Dois homens entraram em luta corporal. O manobrista estava de camiseta e boné pretos. Depois da briga, os dois que haviam parado o carro no local foram embora. O homem que brigou voltou às 03h51, quando Ruan Godoi estava no portão do estacionamento. O jovem também usava camiseta e boné pretos.
Uma motocicleta Honda Biz parou na porta, o garupa Rafael Mazucato desceu com o capacete e empunhando uma arma e disparou várias vezes. O primeiro tiro atingiu Ruan Godoi na cabeça. Outros dois homens escaparam ilesos. O atirador subiu na moto e foi embora.
O caso foi registrado como homicídio tentado com erro de execução, isto é, quando o autor atinge outra pessoa por engano. Porém, com a morte do jovem, a Polícia Civil deve alterar para homicídio doloso (quando há a intenção de matar) com erro de execução. A Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais entrou no caso.
Na segunda-feira (3), o autor dos disparos, Rafael Mazucato, de 41 anos, foi levado para a delegacia e prestou depoimento. Segundo o advogado de defesa, José Ricardo Romão, o homem estaria arrependido e teria dito que sua intenção era apenas “dar um susto” na pessoa que o agrediu. Também pediu desculpas ao jovem baleado e à família da vítima. Ele indicou onde havia jogado a arma: um bueiro nos Campos Elíseos.
O advogado explicou que a arma seria herança de família e estaria legalizada. A arma foi encaminhada para o Instituto de Criminalística, que realizou a perícia no local dos disparos e vai analisar o artefato. Após depoimento, o autor confesso foi liberado. Porém, o delegado responsável pelo caso, Rodolfo Latif Sebba, pediu sua prisão preventiva.
Na terça-feira (4), o homem que pilotava a motocicleta, Francisco José Mussi Júnior, foi ouvido na delegacia. Ele disse que teria sido ameaçado pelo atirador, caso não o levasse ao estacionamento.
Relatou que tentou demovê-lo da ideia, mas que o amigo o tranquilizou, dizendo que queria apenas dar um susto nos funcionários. Quando tudo aconteceu, foi ameaçado novamente para fugir do local. O condutor da motocicleta também disse ao delegado que o autor dos disparos tentou combinar o depoimento com ele para não haver contradições, mas ele não teria aceitado.
Segundo a Polícia Civil, o piloto da moto é um ex-policial penal e atualmente funcionário de uma autarquia pública de Ribeirão Preto. Ele já foi preso por porte de arma anteriormente e chegou a ser condenado. O delegado vai avaliar sua participação. Ele também pode ser indiciado como cúmplice na morte do jovem.
Com a morte de Ruan Godoi, o caso deve mudar de homicídio tentado para homicídio doloso com qualificadoras, mantendo o erro de execução.