Após dois meses seguidos de deflação, de 3,34% em março e 1,59% em abril, o preço da cesta básica de alimentos voltou a subir em Ribeirão Preto, reflexo das chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde o final do mês passado, segundo o levantamento mensal do Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB) da Associação Comercial e Industrial (Acirp).
O preço da cesta básica saltou de R$ 668,23 em abril para R$ 690,50 em maio, alta de 3,33% e acréscimo de R$ 22,27. Ainda assim, o índice inflacionário foi inferior ao registrado pelo IEMB no quinto mês do ano passado, de 4,38%, quando a coleta de dados teve início na cidade.
O acumulado em 2023 foi de 0,91% em oito meses. Neste ano, até maio, já chegou a 7,75%, ante 4,28% até o final do mês passado. Do primeiro levantamento até 30 de abril de 2024, a inflação dos alimentos foi de 7,12%, segundo o levantamento do IEMB. .
Em fevereiro, o preço do pacote de itens essenciais superou a barreira de R$ 700 pela primeira vez desde o início da série histórica. Passou de R$ 675,74 em janeiro para R$ 702,46, acréscimo de R$ 26,72 e alta de 3,95% o percentual de aumento mais elevado da série até agora.
Em março houve queda de 3,34% (R$ 679) ante fevereiro. A cidade abriu 2024 com reajuste de 3,89% em janeiro ante dezembro (R$ 650,42), quando subiu 3.11% em relação a novembro (R$ 630,83). Em setembro chegou a R$ 590,32 – menor valor da série até agora. Custava R$ 612,02 em outubro, R$ 610,98 em agosto, R$ 645,33 em julho, R$ 679,67 em junho e R$ 672,82 em maio do ano passado.
Os dados do Índice Mensal de Cesta Básica foram divulgados nesta quinta-feira, 23 de maio. A coleta ocorreu no dia 17. Os analistas da Acirp percorreram 14 estabelecimentos: dez supermercados e hipermercados e quatro panificadoras distribuídas entre as cinco regiões da cidade.
O levantamento não tem caráter fiscalizador. De acordo com Lucas Ribeiro, analista do IEMB-Acirp, a inflação de maio foi impactada pela restrição da oferta de produtos diante das enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul e refletiram diretamente na distribuição de alimentos em todo o país. Soma-se a isso a alta do dólar e a pressão de demanda gerada pelo setor externo.
“Para este mês, como previsto no relatório de inflação de abril, houve significativa queda nos preços de feijão e trigo, o que se refletiu no preço do pão francês (derivado de trigo). Por outro lado, contrariando as expectativas, a cotação do arroz cresceu 6,89%, reflexo das fortes chuvas no Sul”, aponta Ribeiro.
Os analistas constaram também a restrição no volume de compra do item (uma média de seis pacotes por cliente) como medida para garantir o abastecimento. Outros produtos que tiveram seus preços impactados pelas enchentes foram o leite e derivados, visto que o estado atingido é o terceiro maior produtor de laticínios do Brasil, respondendo por 12,42% da produção nacional.
O grupo alimentar que mais pesa sobre as despesas do ribeirão-pretano, com 37,7% do valor total da cesta, é o da carne, que em maio do ano passado consumia 40% da renda familiar. Frutas e legumes absorvem 29,14% do orçamento, seguidos dos farináceos (19,23%), laticínios (6,39%), leguminosas (4,21%), cereais (2,68%) e óleos (0,65%).
Em relação ao poder de compra, considerando uma remuneração de R$ 1.412 (salário mínimo), deduzidos 7,52% de descontos da Previdência Social, tem-se que o piso líquido é na ordem de R$ 1.305,82, de tal modo que um trabalhador de média idade comprometeria cerca de 52,88% de sua renda apenas com gastos alimentares em maio.
A alta foi de 1,71 ponto percentual em um mês – era de 51,17% em abril e de 52% em março, após chegar a 53,79% em fevereiro. Em carga horária, equivale a trabalhar 116,33 horas das 220 previstas na jornada do assalariado só para comprar comida, 3,75 horas a mais do que em abril – era de 112,58 no mês anterior. O reajuste de 6,97%do salário-mínimo ajudou a minimizar o impacto.
Os produtos com maior aumento de preços em maio são batata inglesa (+30,27%), tomate italiano (+8,11%), leite longa vida (+6,93%), arroz (+6,89%) e alcatra (5,53%). Na outra ponta, houve queda em diversos produtos, como banana nanica.
O produto estava com viés de alta, mas teve o preço reduzido em 17,66% devido à mudança de estação. O feijão carioca recuou 10,32%, seguido por café em pó (-9,98%), óleo de soja (-6,89%), farinha de trigo sem fermento (-4,58%) e açúcar cristal (-1,91%), segundo a Acirp.
O estudo aponta ainda que da região com menor custo para a mais cara, o consumidor pode chegar a gastar até R$ 126,97 a mais pela compra dos mesmos 13 itens básicos. A variação chega a 20,57%, segundo a pesquisa do IMEB-Acirp.
Cesta básica é mais cara na região Sul
A região Central perdeu o posto a Zona Sul, que voltou a ter o kit mensal básico de alimentos mais caro de Ribeirão Preto. Em maio, aparece no topo da lista com valor médio de R$ 744,25, contra R$ 704,97 do mês anterior, alta de 5,57% e acréscimo de R$ 39,28. A batata inglesa chega a custar até 56,23% a mais nessa área da cidade.
A Zona Norte ainda tem a cesta básica mais barata da cidade. Custa R$ 617,28, queda de 0,38% em comparação com os R$ 619,65 de abril, desconto de R$ 2,37. A deflação nessa região foi puxada pela baixa de 44,25% no preço da banana nanica.
Na região Oeste de Ribeirão Preto, o valor da cesta básica de alimentos disparou 6,2%, de R$ 632,02 em abril para R$ 671,20 em maio, acréscimo de 39,18. Também subiu na Zona Leste, de R$ 667,69 para R$ 676,60, aumento de 1,34% e aporte de R$ 8,91.
No Centro cidade saltou de R$ 723,70 para R$ 733,28 na passagem de mês. São R$ 9,58 a mais em maio, de acordo com a pesquisa do Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB) da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp).
Dados do estudo – A cesta utilizada baseia-se no decreto lei nº 399, que regulamenta o salário mínimo brasileiro e apresenta o tipo e a quantidade de alimentos de acordo com a região administrativa brasileira. O custo médio total de uma cesta de consumo alimentar capaz de atender as necessidades energéticas e nutricionais de um indivíduo em idade representa para o índice da Acirp o marco da linha de indigência na cidade.
A lista inclui alcatra bovina (6 kg), leite longa vida (7,5 litros), feijão carioca (4,5 quilos), arroz branco tipo 1 (3 quilos), farinha de trigo (1,5 quilo), batata inglesa (6 quilos), tomate italiano (9 kg), pão francês (6 kg), café em pó (0,6 kg), banana nanica (90 unidades), óleo de soja (0,8 litro), açúcar cristal (3 kg) e margarina (0,75 kg).
Os locais de compra são determinados com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017-2018. O pão francês é o único item cotado também em padarias, uma vez que 60% dos ribeirão-pretanos preferem comprar este produto nestes estabelecimentos.