José Eugenio Kaça *
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O fundamentalismo religioso vive arraigado na extrema direita, e é a ferramenta geradora do ódio e do preconceito, e está no cerne da violência social. E neste campo de iniquidade, a hipocrisia e a mentira são os astros principais dessa gente que auto se intitula “gente de bem”. Levantam a bandeira da liberdade de expressão para cometer crimes contra quem pensa diferente, falam em democracia, e atentam o tempo todo contra a Constituição, vestem a camisa do patriotismo, mas adoram viver rastejando aos pés dos poderosos, que por coincidência são bilionários radicados ao Império do Norte. A história mostra os malefícios que a humanidade sofreu durante a Idade Média, que perdurou por quase um milênio, onde o fundamentalismo religioso dominava o cotidiano, e produzia as maiores atrocidades contra quem ousassem divergir de seus ensinamentos.
O saudosismo, que está dominando o século 21é um sentimento que vem de tempos vivenciados, mas que não foram vividos, pois as dores e os sofrimentos são negligenciados, e a realidade é pintada com cores dissonantes. O fundamentalismo religioso sempre esteve alicerçado ao ódio e a supremacia branca, se dizem cristãos, mas não seguem os mandamentos de Cristo- preferem o olho por olho e dente por dente do Velho Testamento. Depois do movimento Humanista, do século 15, e do movimento Iluminista do século 18, esperava-se que a humanidade conseguisse trilhar o caminho da autonomia, e da civilidade deixando em segundo plano os dogmas religiosos e praticando a solidariedade humana, no entanto, o fundamentalismo religioso nunca nos abandonou.
O século 21, que para os sonhadores seria o século da evolução humana, está se transformando no século da iniquidade, onde os pensamentos e as práticas da Idade Média estão dominando o cotidiano. Vivemos atualmente no Brasil, e em muitos países um momento de obscuridade, onde predomina a delinquência intelectual, e com isso se acentua o déficit cognitivo, que vai contaminando as novas gerações. Já disseram que o Brasil é um país abençoado por Deus, no entanto esta proteção divina não corrobora para que sejamos um País evoluído e uma verdadeira Nação. O abismo social do cotidiano brasileiro sempre existiu, fruto da herança escravagista que está arraigada na população “branca”, que se imagina tendo o sangue azul, e qualquer política que tente fazer cumprir a Constituição é chamada de comunista.
A desigualdade social se acentua, e ao invés dos parlamentos criarem políticas que combatam o famigerado abismo social, estão criando políticas para eliminar os pobres e pretos. A política golpista do inelegível produziu um clima de guerra nas forças de segurança contra as populações das periferias pobres, onde se atira primeiro e pergunta depois. A solidariedade que deveria ser a prática de nossa sociedade, no entanto o ódio associado ao fundamentalismo religioso domina o ambiente. Vivemos um momento em que a mentira e as notícias falsas são naturalizadas, e como são repetidas diuturnamente através das redes sociais – passam a ser verdades.
A esperança, que vem do verbo esperançar, de que algum dia a nossa educação básica pública seja de excelente qualidade, e escore em seu alicerce aquela cidadania sonhada por Paulo Freire, e que até hoje não conseguiu ultrapassar os muros escolares é a luta diária. A dissonância cognitiva que domina o ambiente da extrema direita está emburrecendo as novas gerações. O conhecimento que no passado se adquiria através dos livros, passou a ser matéria das redes socias, onde políticos e pastores delinquentes abastecem seus públicos. A perseguição da extrema direita aos professores é abismal, qualquer fala que mostre a verdade histórica é considerada pelos pais como doutrinação.
A extrema direta está se organizando para que a nossa Democracia seja substituída pelo Estado teocrático, onde o cristianismo que não é cristão seja o regime de governo. Defender o Brasil dessa gente de “bem” é a luta dos verdadeiros patriotas!
* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação