Depois de registrar crescimento médio de 0,72% no acumulado do ano passado, em comparação com 2022, as vendas nas lojas ribeirão-pretanas dispararam 7,3% em janeiro, desaceleraram a 3,1% em fevereiro e encerraram março com alta tímida de 1,5% em relação ao mesmo período de 2023, aponta levantamento do Centro de Pesquisas do Varejo (CPV).
O CPV vê mantido pelo Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão e Região (Sincovarp) e pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL RP). As vendas do comércio varejista de Ribeirão Preto cresceram em dezembro, principalmente devido ao Natal e à injeção de recursos com o pagamento do décimo terceiro salário.
A alta foi de 3% em relação ao mesmo período de 2022 e de 6,5% na comparação com novembro, quando houve queda de 2,5%, apesar da Black Friday. No mês passado, porém, o resultado foi bem inferior aos dos três meses anteriores.
“Tivemos um pico de vendas no dia 15 de março, com as promoções alusivas ao Dia do Consumidor, e um pequeno incremento na Páscoa, mas, no restante do mês, houve uma acomodação das vendas em um patamar mais abaixo”, diz o pesquisador e coordenador do CPV, Diego Galli Alberto
“Um fator que contribuiu para esse resultado aquém da expectativa é o impacto negativo das obras de mobilidade no Centro, nas avenidas Nove de Julho e Treze de Maio/Rua Capitão Salomão. “Mais uma vez, as interdições dificultaram muito o acesso dos consumidores às lojas e atrapalharam as vendas”, analisa.
Outro fato apurado na pesquisa é que “os consumidores, mesmo com certa estabilidade da inflação, taxa de juros menores e maior capital circulante, se mostraram mais cautelosos na hora de comprar, priorizando o pagamento das contas, em março. Muitos ainda estão pagando parcelas dos impostos de começo de ano, da compra de material escolar, além de despesas das férias e do carnaval”, destaca.
Empregabilidade – A média de variação entre vagas de trabalho abertas e fechadas no Varejo de Ribeirão Preto, em março, apresentou estabilidade. “Como já era previsto, existe uma acomodação natural nos primeiros meses do ano após readequação no mês de janeiro com a dispensa dos temporários. Já para o mês de abril, a previsão é de alta olhando para a Agrishow e para o Ribeirão Rodeo Music, período que praticamente se emendará com a semana do Dia das Mães”, observa.
Índice de Confiança – Considerando uma escala de 1 a 5 pontos, em que 1 significa “muito pessimista” e 5 “muito otimista”, o Índice de Confiança Sincovarp/CDL RP de curto prazo (sempre olhando para os três meses seguintes) registrou, em março, média de 3,7 pontos (ante 3,8 na pesquisa anterior), classificado como positivo.
O índice de longo prazo (que olha para os 12 meses seguintes), registrou média de 3,5 pontos (ante 3,8 na pesquisa anterior), pontuação também considerada positiva. “É um positivo ‘disfarçado’ de preocupação, principalmente com o cenário de longo prazo”, diz Galli Alberto.
“A pesquisa revela um grande receio dos lojistas quanto ao futuro das obras de mobilidade e aos prováveis efeitos colaterais da campanha eleitoral que já começa a ganhar contornos mais definidos. O lado político ainda está conturbado, no país, o que sempre acaba impactando na economia”, diz Galli.
Ainda segundo o pesquisador, “outras preocupações também rondam a economia brasileira no longo prazo. Uma delas é sobre até quando a Petrobrás vai conseguir segurar o preço dos combustíveis bancando a defasagem em relação ao mercado internacional. Um eventual reajuste impulsionaria a inflação”, cita.
“Outro receio é quanto ao rombo bilionário das contas públicas que já é grande e não para de crescer. Para compensá-lo, o governo vive buscando novas formas de aumentar a cobrança de impostos/tributos, o que atinge diretamente a eficiência e o desempenho do setor produtivo nacional. O empreendedor está muito atento a tudo isso”, finaliza.