Adriana Dorazi – especial para o Tribuna Ribeirão
O ano letivo dos estudantes da rede estadual de São Paulo começou com reformulação da grade curricular este ano. Entre as novidades uma agradou especialmente pais interessados para que os filhos aprendam a lidar com dinheiro de forma mais responsável. A Secretaria da Educação (Seduc-SP) incluiu aulas de educação financeira entre as disciplinas obrigatórias das três séries do Ensino Médio e dos 8º e 9º anos do Ensino Fundamental.
A proposta visa ampliar o aprendizado de matemática e permitir aos estudantes construir uma relação melhor com o dinheiro ao longo da vida. Mais de um milhão de estudantes da rede estadual têm acesso semanal às aulas, com material didático construído pela Coordenadoria Pedagógica (Coped) da Educação de SP.
Na região de Ribeirão Preto, 16 mil estudantes estão matriculados nos 8º e 9º anos do Ensino Fundamental e 34 mil no Ensino Médio. “O currículo de educação financeira permite que os jovens compreendam o valor do dinheiro, desenvolvam hábitos saudáveis de consumo e poupança, além de construir base sólida para o futuro. Na vida adulta, essa base se traduz em maior segurança e autonomia para lidar com diferentes situações financeiras, desde o planejamento de metas de curto e longo prazo até a escolha de investimentos adequados ao perfil de cada um”, diz o professor Rafael José Dombrauskas Polonio, técnico da equipe curricular de matemática da Seduc-SP.
Investidor agora
Exemplos de sucesso da iniciativa já vem de cidades do mesmo porte de Ribeirão Preto. Escolas que já trabalhavam o assunto com seus estudantes nas aulas complementares do Programa de Ensino Integral (PEI) têm colhido frutos da educação financeira e devem expandir os ganhos pedagógicos com a nova matriz curricular.
Ex-estudante da Escola Estadual Professor Josué Benedicto Mendes, de Osasco, o jovem Deivyd Barros de Sousa, de 18 anos de idade, reconhece os benefícios da educação financeira e comemora a expansão do aprendizado para adolescentes de toda a rede. Ele é influenciador de finanças com cerca de 100 mil seguidores em suas redes sociais, montou uma empresa com colegas da antiga escola e pretende manter as palestras sobre o assunto para alunos da rede estadual, como fez até o fim de 2023, quando concluiu a 3ª série do Ensino Médio.
E tudo começou dentro de sala de aula. “O canal Investeens não é apenas fonte de informações valiosas sobre finanças para jovens, mas também exemplo de como a educação financeira pode se tornar acessível e relevante. Agora, mesmo formado, pretendo continuar acompanhando os avanços dos meus colegas mais novos da escola”, afirma Deivyd.
Antes de concluir a trajetória na rede estadual, Deivyd ainda conquistou, para seu histórico e de sua escola, a medalha de bronze na Olimpíada Nacional de Investimentos (OBInvest), normalmente dominada por estudantes de escolas particulares.
Moeda própria
Em São José do Rio Preto, a educação financeira foi trabalhada nos últimos anos pela Escola Estadual Pio X, de ensino integral, com objetivo de aumentar o engajamento de pais e alunos no dia a dia da escola e desenvolver suas competências socioemocionais. Atualmente, os alunos têm até uma moeda virtual interna, a Pio Coins, e um sistema de recompensas com base no desempenho escolar.
“Para mim, o projeto Pio Coins ajudou muito. Consegui melhorar bem o meu comportamento e as minhas notas, pois quanto menos faltas e menos advertências, mais Pio Coins ganho”, afirma Eduardo Lopes, aluno do Ensino Médio. “A ideia é muito boa, pois estimula os alunos a elevarem o nível do seu desempenho comportamental e educacional por meio de recompensas”, completa.
A diretora Sara Menezes Carvalho Alves, conta que desde o planejamento do ano letivo, a equipe da escola trabalha para somar o conhecimento esperado na disciplina implantada pela Seduc-SP com a experiência com a criação e uso da moeda própria.
O que mudou na grade
A grade curricular em vigor até 2023 possuía 12 itinerários formativos. Foi simplificada para este ano e passou a contar com três opções de aprofundamento: Ciências da Natureza e suas Tecnologias + Matemática; Linguagens e suas Tecnologias + Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; e Ensino Profissionalizante.
O aprofundamento é escolhido pelo estudante na 1ª série e cursado durante as 2ª e 3ª séries. Também há inserção de disciplinas comuns que são cursadas por todos os alunos a partir da 1ª série: Educação Financeira, Projeto de Vida, Redação e Leitura e Aceleração para Vestibular. A Formação Geral Básica, que engloba disciplinas tradicionais como matemática e língua portuguesa, permanecerá em todas as séries.