Tribuna Ribeirão
Ciência e Tecnologia

Esquema de pirâmide com criptomoedas movimentou mais de US$ 2,5 bilhões

Duas pessoas foram presas nos Estados Unidos pela participação em um esquema de pirâmide com criptomoedas que movimentou mais de US$ 2,5 bilhões. No centro do golpe estava a OneCoin, uma plataforma que prometia ganhos a seus participantes a partir da aquisição de pacotes de moedas virtuais. Os valores, na verdade, não existiam, assim como o suposto sistema de blockchain que os apoiava.

Konstantin Ignatov foi apontado como o líder do esquema e preso por lavagem de dinheiro e fraude financeira enquanto tentava deixar os Estados Unidos a partir do aeroporto de Los Angeles. Outro homem, Mark Scott, também foi indiciado pelos mesmos crimes e teria, sozinho, sido o responsável por lavar US$ 400 milhões em bancos da Irlanda e Ilhas Cayman.

Uma terceira pessoa, Ruja Ignatova, foi uma das primeiras indiciadas como parte do escândalo. Ela foi detida na Alemanha em 2017, enquanto a OneCoin ainda funcionava ativamente, e deixou a liderança do esquema por conta dos problemas com a lei, um posto que acabou sendo assumido por seu irmão, Konstantin. Na época, a operação da empresa chegou a ser bloqueada em alguns países da Europa e se falava em 25 mil vítimas, com prejuízo de US$ 450 milhões.

Segundo informações oficiais, o esquema da OneCoin funcionava da mesma maneira que outros esquemas de pirâmides tradicionais. Ignatov e seus representantes ofereciam a investidores um pacote de moedas virtuais em início de operações, prometendo ganhos a longo prazo uma vez que a modalidade financeira começasse a operar. Enquanto isso, uma lucratividade menor e no curto prazo era obtida por meio do recrutamento de novos participantes.

Os três também são acusados de manipulação de preços ao exibirem, em sistemas internos, altas que levaram a OneCoin de US$ 0,50 por unidade até mais de US$ 30, mostrando uma liquidez altíssima para um negócio tão jovem. O problema, como dito, é que não existia uma criptomoeda em desenvolvimento. Os números das autoridades apontam para um total de US$ 3,7 bilhões em vendas de uma nova modalidade financeira que, simplesmente, não existia.

Como os números mostram, apenas US$ 1,2 bilhão foram repassados às centenas de milhares de vítimas globais da OneCoin, enquanto todo o restante ia diretamente para os bolsos dos líderes do esquema. Os investidores ficavam sem moedas, sem lucros e sem o dinheiro inicialmente colocado no esquema, enquanto Ignatov e outros cabeças da pirâmide exibiam imagens de uma vida de luxo nas redes sociais.

O site oficial da OneCoin permanece no ar e, inclusive, apresenta uma versão em português brasileiro. A página, entretanto, não é atualizada desde 2016, quando ocorreram as primeiras prisões relacionadas ao esquema. Não se sabe se investidores brasileiros estão entre as vítimas do golpe financeiro.

Preso, Konstantin pode ser obrigado a pagar multas na casa das centenas de milhões de dólares, além de estar sujeito a uma pena de até 20 anos de prisão. O mesmo vale para sua irmã e Scott. Todos tiveram seus bens confiscados, enquanto a Interpol emitiu alerta sobre a procura de Ignatova, que permanece foragida. A polícia não tem informações precisas sobre sua localização, mas acredita que ela estaria na Bulgária, seu país natal.

Fonte: Departamento de Justiça dos EUA

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