Tribuna Ribeirão
Política

Gaeco quer antecipar leilão de imóveis

JF PIMENTA/ESPECIAL PARA O TRIBUNA

Nesta quarta-feira, 27 de março, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) – braço do Ministério Público Estadual (MPE) que investiga denúncias de corrupção – requereu ao juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, onde tramitam as ações penais da Operação Sevandija, a antecipação do lei­lão de 35 imóveis bloqueados que pertencem a nove réus da força-tarefa deflagrada em 1º de setembro de 2016, na ges­tão da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido). A expectativa é arrecadar R$ 48 milhões com o certame, 23,6% do valor do rombo causado pelo suposto es­quema criminoso, estimado em R$ 203 milhões.

Na lista constam apartamen­tos, casas, fazendas e terrenos que estão em nome dos condenados. A antiga residência de Dárcy Vera, no bairro da Ribeirania, área no­bre de Ribeirão Preto, integra o lote e está avaliada em aproxima­damente R$ 1 milhão. Em 5 de se­tembro do ano passado, o juiz Lú­cio Alberto Eneas da Silva Ferreira condenou a ex-prefeita a 18 anos, nove meses e dez dias de prisão por suposto envolvimento em es­quema de corrupção investigado na Operação Sevandija. É acusada de chefiar um esquema que teria desviado R$ 45,5 milhões dos co­fres públicos e de ter recebido pro­pina de R$ 7 milhões na ação dos honorários advocatícios. Ela nega a prática de crimes.

Ela e outros cinco réus foram condenados por associação cri­minosa e peculato – quando o agente público se beneficia do cargo que exerce para tirar pro­veito próprio. Segundo o Gaeco, o imóvel de maior valor é uma fazenda de 100 hectares, locali­zada em Cajuru, avaliada em R$ 10 milhões e que está no nome da advogada Maria Zuely Alves Librandi, também condenada na mesma ação de Dárcy Vera a 14 anos e oito meses de reclusão, além de 66 dias-multa.

Também são réus neste pro­cesso e já foram condenados o ex-secretário da Administração, Marco Antonio dos Santos (18 anos, nove meses, dez dias de prisão e 88 dias-multa), os advo­gados Sandro Rovani (14 anos e oito meses de reclusão, além de 66 dias-multa) e André Soares Hentz (14 anos e oito meses de reclusão, além de 66 dias-multa) e o presi­dente destituído do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribei­rão Preto (SSM/RP), Wagner de Souza Rodrigues, que cumpre onze anos em prisão domiciliar (além de 50 dias-multa) por ter fe­chado acordo de delação premia­da com o MPE. Afora o ex-sindi­calista, todos os citados negam a prática de atos ilícitos e dizem que vão provar inocência.

No pedido de antecipação do leilão, o Gaeco alega que o prejuí­zo causado só poderá ser revertido com a imediata alienação dos bens apreendidos. “O prejuízo causado somente poderá ser revertido com a manutenção da restrição da dis­ponibilidade patrimonial e com imediata alienação dos bens apre­endidos, pois, sem tais providên­cias, não haverá meios de controle da administração e manutenção do patrimônio por parte dos ave­riguados, nem medidas práticas e eficazes para evitar o perecimen­to e o desgaste dessas garantias”, informou o Gaeco, por meio de nota de imprensa.

Ainda segundo o Ministério Público, o leilão antecipado não causará prejuízos às partes, uma vez que o valor arrecadado ficará depositado em um fundo espe­cífico, durante o prosseguimento do curso penal do processo. Desta forma, se ao final do trâmite judi­cial houver alguma mudança nas sentenças, os valores serão ressar­cidos aos réus, que apesar das con­denações, podem recorrer ao Tri­bunal de Justiça de Sâo Paulo (TJ/ SP), segunda instância, e depois em Brasília – ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tri­bunal federal (STF).

Dois leilões de bens de acu­sados da Operação Sevandija já foram realizados e renderam R$ 1,914 milhão aos cofres públicos – o dinheiro está em uma conta judicial, se a condenação dos réus for mantida em todas as instâncias voltará para a prefeitura de Ribei­rão Preto. Se forem inocentados, os acusados serão restituídos. Em maio do ano passado, um leilão de 16 veículos apreendidos de dez pessoas e empresas investigadas na Sevandija terminou com ágio de 10,1%, segundo o site da em­presa responsável pelo certame, a Sold Leilões Online.

O pacote com 15 carros e uma moto importada estava avaliado em cerca de R$ 1,62 milhão, mas rendeu R$ 1,784 milhão, acrésci­mo de R$ 164 mil. Em setembro, o gado da fazenda de Maria Zuely em Cajuru foi leiloado. Dois lotes de animais foram arrematados por R$ 130 mil. Estavam divi­didos em 48 animais da raça nelore e 89 vacas holandesas. Os animais nelore tinham lance inicial de R$ 39,8 mil e foram ar­rematados por R$ 44,2 mil. Já o gado leiteiro partiu de um lance de R$ 84,4 mil e teve um acrésci­mo menor, de R$ 1.430,00.

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