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Quaresma: tempo de perdão e misericórdia!

A Quaresma nos conclama ao perdão e à misericórdia em relação aos outros. Nem sempre conseguimos perdoar. Al­guns dizem que “perdoar é esquecer!”. Prefiro pensar que per­doar é lembrar sem rancor! Nem sempre é possível esquecer, mas o perdão e a misericórdia são essenciais, se quisermos que os exercícios quaresmais nos edifiquem e nos conduzam à verdadeira libertação que a Páscoa do Senhor nos propõe. Um coração cheio de rancor, bolor, mágoas, rusgas e incapa­cidade de perdoar, é um coração amargo e infeliz.

Na parábola do Pai Misericordioso, temos além do mais novo, o filho mais velho. O Evangelho de São Lucas no capí­tulo 15, versículos 25 a 32, descreve a dificuldade que o irmão mais velho tem, de perdoar o mais novo. Sempre fez tudo certinho, foi o filho obediente e o peralta agora é homenagea­do? Isso é inconcebível, quando não se conhece a capacidade de perdoar e nem a misericórdia que Deus tem para com o pecador arrependido.

Em nossa sociedade temos muitos “irmãos mais velhos”, in­capazes de perdoar. Isso é muito comum nas famílias, nas insti­tuições eclesiais e políticas, quando selamos a testa das pessoas, determinando-as “pecadoras”. Esquecemos o que rezamos na oração que o próprio Cristo nos ensinou: “… perdoai-nos assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido…”.

Se Deus ouvisse este pedido, estaríamos perdidos. Há muitos entre nós, que se atribuem o direito de julgar, conde­nar e determinar a sentença, como se não tivessem nenhum pecado. Tenho dó de quem é assim! Quantos pecados mais “fedidos” tal pessoa não estará tentando esconder atrás de quem foi descoberto? Ninguém é melhor do que ninguém. Só Deus não decepciona, já que não existe criatura humana sem defeitos, erros, deslizes, enfim pecados a serem perdoados.

O Evangelho de São João, capítulo 8, versículos 1 a 11 narra o episódio da mulher surpreendida em adultério. Os mesmos “prostitutos” que utilizaram de seus serviços pedem sua condenação. Quiseram colocar Jesus numa armadilha. Armadilhas semelhantes às que nós tramamos uns contra os outros, sobretudo quando a inveja nos aguça por dentro, para “tirar de campo” ou “puxar o tapete” de quem nos faz sombra e aparece mais do que nós.

“Quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra” (Jo 8, 7). Penso que o jeito é mesmo responder aos apelos da Quaresma, para celebrarmos uma Páscoa verdadeira: sejamos os protagonistas do perdão e da misericórdia de Deus! É preferível enganar-se por perdoar e exercer a misericórdia, do que acertar por uma justiça despi­da de amor!

Com Santa Teresa de Calcutá podemos concluir: “Deve­mos amar a pessoa boa, porque merece e a pessoa má, porque precisa de nosso amor”!

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