Tribuna Ribeirão
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A tragédia nossa de cada dia

Em janeiro o país ficou abalado com o desastre provocado pelo rompimento da barragem da empresa Vale em Bruma­dinho onde, além das várias vítimas fatais e desaparecidas, o impacto na natureza e economia da região mineira é incalcu­lável. Fevereiro reservava uma tragédia menor em números estatísticos, mas de dor e indignação proporcionais com os óbitos de atletas das categorias de base do Flamengo. Então chega março e todos ficam impactados com as perdas na escola de Suzano.

Os cenários são diferentes, os motivadores também, mas o sentimento de impotência é semelhante. No caso da rein­cidente Vale, a cada dia surgem evidências de que interesses econômicos e a omissão criminosa foram responsáveis pela catástrofe. No Ninho do Urubu há quem acredite em fatali­dade e quem defenda a tese de que as improvisações foram determinantes para o infortúnio. O caso da Escola Raul Brasil indica a inaceitável existência de uma rede virtual de pessoas disseminando o ódio e incentivando práticas terroristas.

Em comum nos três casos, a cobertura exaustiva da imprensa trazendo comoção nacional, seguida do empenho das autoridades em, depois dos fatos consumados, apresentar medidas emergenciais e promessas de fazer o que já deveria ter sido feito. Fiscalizar o que já deveria ter sido fiscalizado e dar segurança aos ambientes que em tese deveriam ser os mais protegidos. Correram visitar as barragens que até então estavam esquecidas, os centros de treinamento onde diariamente milhares de crianças e adolescentes treinam e as escolas abandonadas à própria sorte.

A intensa solidariedade do povo brasileiro é louvável, mas sua capacidade de resignação merece reparo e as políti­cas públicas prometidas no ápice da crise, dificilmente serão implementadas. Brumadinho é uma cruel reprise de Mariana; o fogo no Ninho uma versão da Boate Kiss; e o ataque em Suzano reproduz as quase esquecidas perdas em Realengo, Janaúba, Goiânia e Taiúva. São personagens diferentes em ro­teiros semelhantes. Passados alguns dias de pesar, as pessoas retomam suas rotinas restando às famílias dor e saudade pelas irreparáveis perdas.

Nesta rotina macabra muitos acordarão amanhã sintoni­zando rádios ou aparelhos televisores procurando qual o pró­ximo infortúnio que nos levará às lágrimas, aos comentários desvairados nas mídias sociais e a pouca ou nenhuma ação concreta e transformadora dos que deveriam ser os respon­sáveis. Assim seguiremos na incrível passividade diante da tragédia nossa de cada dia.

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Os cenários são diferentes, os motivadores também, mas o sentimento de impotência é semelhante. No caso da rein­cidente Vale, a cada dia surgem evidências de que interesses econômicos e a omissão criminosa foram responsáveis pela catástrofe. No Ninho do Urubu há quem acredite em fatali­dade e quem defenda a tese de que as improvisações foram determinantes para o infortúnio. O caso da Escola Raul Brasil indica a inaceitável existência de uma rede virtual de pessoas disseminando o ódio e incentivando práticas terroristas.

Em comum nos três casos, a cobertura exaustiva da imprensa trazendo comoção nacional, seguida do empenho das autoridades em, depois dos fatos consumados, apresentar medidas emergenciais e promessas de fazer o que já deveria ter sido feito. Fiscalizar o que já deveria ter sido fiscalizado e dar segurança aos ambientes que em tese deveriam ser os mais protegidos. Correram visitar as barragens que até então estavam esquecidas, os centros de treinamento onde diariamente milhares de crianças e adolescentes treinam e as escolas abandonadas à própria sorte.

A intensa solidariedade do povo brasileiro é louvável, mas sua capacidade de resignação merece reparo e as políti­cas públicas prometidas no ápice da crise, dificilmente serão implementadas. Brumadinho é uma cruel reprise de Mariana; o fogo no Ninho uma versão da Boate Kiss; e o ataque em Suzano reproduz as quase esquecidas perdas em Realengo, Janaúba, Goiânia e Taiúva. São personagens diferentes em ro­teiros semelhantes. Passados alguns dias de pesar, as pessoas retomam suas rotinas restando às famílias dor e saudade pelas irreparáveis perdas.

Nesta rotina macabra muitos acordarão amanhã sintoni­zando rádios ou aparelhos televisores procurando qual o pró­ximo infortúnio que nos levará às lágrimas, aos comentários desvairados nas mídias sociais e a pouca ou nenhuma ação concreta e transformadora dos que deveriam ser os respon­sáveis. Assim seguiremos na incrível passividade diante da tragédia nossa de cada dia.

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