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O coração e o cigarro

Nós estamos comentando aqui nesse espaço, as causas, isto é, os fatores de risco para as doenças do coração e vasos: as chama­das doenças cerebrocardiovasculares. Essas doenças são respon­sáveis por mais de 30% de todas as mortes nesse nosso mundo industrializado e globalizado.

Assim, já tivemos a oportunidade de focar na hipertensão e no diabetes como dos mais importantes fatores de risco para a causa de tantas mortes evitáveis. Hoje vamos alertar os leitores desse importante jornal sobre o vício de fumar e as doenças cere­brocardiovasculares.
O cigarro com suas mais de 4.700 substâncias tóxicas são extremamente prejudiciais à saúde. Já é do conhecimento público que o cigarro causa câncer e 90% está localizado nos pulmões.
Mas, além desse dado alarmante, o cigarro causa ainda, para o lado do coração e vasos, o infarto agudo do miocárdio, o derrame cerebral, a morte súbita e a doença vascular periférica, sendo mais frequente nos membros inferiores (pernas e pés).

O cigarro é a causa de importante dependência física ou psíquica sendo em alguns casos tão significativa que, mesmo os pacientes que sobreviveram ao Infarto ou ao AVC (acidente vascular cerebral), 30% continuam fumando, mesmo sabendo que a causa dessas do­enças tão graves foi o cigarro e que estiveram à beira da morte.

Dados da literatura médica mostram claramente que o cigarro é capaz de diminuir a vida de uma pessoa em 20 anos! Eu tenho amigos que me falam quando conversamos sobre os prejuízos à saúde causados pelo cigarro que “eu não tenho opinião” ou “eu não tenho vergonha” para parar de fumar. Nós médicos sabemos que as coisas não são bem desse jeito, e que não podem ser colocadas nesse plano. Esses amigos estão equivocados, pois a situação é bem mais complexa. Ter uma posição firme no sentido de parar de fumar é de grande importância mesmo, mas em alguns casos não é só isso.

A dependência química às substâncias tóxicas contidas no cigarro são capazes de impregnar o cérebro das pessoas e essa im­pregnação que gera a dependência, varia de pessoa para pessoa. Assim, o melhor a fazer é procurar ajuda médica também, pois já existem substâncias anti-fumo para se fazer uso tanto via oral como por aderência à pele.

O cigarro causa danos no sistema cardiovascular, pois ele facilita o acúmulo de gordura nas artérias, além de interferir na contração e relaxamento dos vasos favorecendo o desenvolvimento das placas de aterosclerose e trazendo dificuldade para o sangue circular.
O cigarro causa danos tão grandes no coração e nos vasos (artérias e veias de todos os calibres) tanto no coração como no cérebro, rins, nos olhos (retina) que é quase inacreditável que após dez anos de uso diário do cigarro a pessoa ainda esteja viva, principalmente se a pessoa tiver outros fatores de risco associa­dos, notadamente se existir juntos o diabetes (o stress e as gor­duras no sangue, a falta de atividades físicas a serem comentados aqui nas próximas matérias) e a pressão alta.

O homem fumante tem três vezes mais chances de ter um infarto do que o que não fuma. Já nas mulheres essa proporção é maior ainda. Todos nós já tivemos uma pessoa da família ou ami­go ou colega de trabalho que tiveram um infarto, AVC ou morte súbita. E se formos investigar constataremos que alguns eram fumantes e se enquadram no descrito por essa matéria.

Existem pesquisas mostrando que uma pessoa fica determina­da e focada em parar de fumar se ela procurar também assistência médica, pois hoje a medicina dispõe de remédios que podem ser administrados tanto por via oral como por absorção da pele sob a forma de adesivos. Ela consegue, sim, parar de fumar.

Quando ouço uma pessoa numa roda de amigos afirmar com convicção, tentando mostrar que o cigarro não prejudica tanto assim, pois certa pessoa cita um amigo ou parente que fumou a vida inteira e já passou a fronteira dos 80 anos, eu tenho vontade de citar que se essa pessoa longeva chegou aos 80 anos fumando, se não tivesse fumado a vida inteira teria cruzado a fronteira dos 100 anos, tendo assim uma vida longa e feliz.

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