André Luiz da Silva *
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Com o fim dos prazos para filiação e mudanças de legendas partidárias, a corrida para a sucessão eleitoral em outubro está oficialmente aberta. Os partidos e federações agora podem realizar suas convenções partidárias para deliberar sobre coligações e escolher candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador. Este processo ocorrerá entre 20 de julho e 5 de agosto, sendo o prazo final para registro dos candidatos em 15 de agosto. Enquanto isso, nos bastidores, haverá uma intensa mobilização, com conversas intermináveis, promessas, alianças e todas as complexidades do mundo político.
O que podemos esperar dessas eleições? Será uma repetição da polarização vista na eleição presidencial de 2022, ou uma oportunidade para avanços? Os postulantes aos cargos nas Câmaras Municipais e Prefeituras estão verdadeiramente conectados com as necessidades da população? Em conversas com os cidadãos, é comum ouvir sobre a falta de segurança, as longas filas na saúde, a qualidade precária do transporte público, as péssimas condições das ruas e o acúmulo de lixo como os principais problemas. Mas a ausência do poder público e, principalmente, o sumiço do agente público é destaque.
Neste ano, a questão social, muitas vezes negligenciada, requer atenção especial. Estima-se que Ribeirão Preto tenha 1,8 mil pessoas em situação de rua, motivadas por desemprego, problemas familiares, doenças e vício em drogas. Especialistas destacam a necessidade de uma abordagem multissetorial, envolvendo assistência social, saúde pública, economia e respeito aos direitos humanos. Programas de auxílio financeiro e moradia popular podem ser soluções para evitar o aumento desse número, mas também é crucial não esquecer da saúde mental.
Uma cidade importante como a sede da Região Metropolitana não pode ignorar essa realidade triste. Enquanto diariamente ocorrem transações milionárias em vários setores da economia, é preocupante constatar que 132 mil pessoas estão inscritas no Cadastro Único do Governo Federal, o que representa 19% da população de Ribeirão Preto vivendo com uma renda mensal de até R$ 660.
Este ano, a corrida para o legislativo será mais desafiadora, com os partidos lançando menos candidatos. Embora seja responsabilidade do vereador elaborar leis municipais e fiscalizar o prefeito, é crucial que ele represente efetivamente os anseios da população, especialmente os mais simples e carentes.
Os candidatos não devem ser populistas, carreiristas ou midiáticos, mas sim combativos e genuinamente comprometidos com as mudanças necessárias. A região possui não apenas riqueza econômica, mas também intelectual, com uma considerável produção científica e excelentes centros de formação acadêmica. Unidos, o poder público, a iniciativa privada, as universidades e a sociedade civil organizada têm o potencial de gerar uma imensa transformação tornando nossas cidades educadoras, criativas, sustentáveis, inteligentes e, acima de tudo, humanas.
Que a próxima campanha eleitoral seja limpa, honesta, produtiva e propositiva. Que a população se envolva, apontando problemas e sugerindo soluções, e que analise criteriosamente os candidatos que pedem seu voto. É essencial que os candidatos saiam de suas bolhas e visitem as áreas mais carentes, conhecendo de perto a realidade vivenciada por muitos.
Para quem deseja disputar a próxima eleição, fica o ensinamento eterno de Aristóteles de que o cidadão deve servir à pólis visando ao bem comum. Ao se afastarem dessa meta, abrem espaço para a corrupção, governando de acordo com seus próprios interesses. A política não é um fim em si mesma, mas um meio para administrar as necessidades do povo. É uma missão, não uma profissão. Que todos e todas honrem e dignifiquem essa missão.
* Servidor municipal, advogado, escritor e radialista