Priscilla Bonini Ribeiro
Educadora, doutora em Tecnologia Ambiental, mestre em Educação, diretora-geral da Unaerp Campus Guarujá, pesquisadora da Fundação Fernando Eduardo Lee, diretora de Segmento Universidades do SEMESP
Março foi o mês dedicado às mulheres e, para além das comemorações e presentes, é crucial manter em mente os desafios que ainda enfrentamos e a urgência de combatê-los em todos os meses do ano. Temos muito a refletir sobre o papel das mulheres e a potencialidade que temos em todos os aspectos de nossa atuação na sociedade. E posso assegurar que a Educação desempenha função fundamental neste processo de busca pela equidade.
Para esta reflexão, separei alguns números alarmantes. Se continuarmos no ritmo atual, serão necessárias cinco gerações, ou 131 anos, para alcançar a tão sonhada paridade de gênero. O relógio do Fórum Econômico Mundial aponta para o ano de 2154 como o marco para essa equidade. Assustador, não é mesmo? Significa que minha própria neta, hoje com doze anos, não terá o privilégio de testemunhar essa igualdade, a menos que intervenhamos de forma contundente.
A União das Nações Unidas (ONU) lançou a campanha com o lema “Investir nas Mulheres é acelerar o progresso”, elencando diversas evidências que mostram como o cuidado com os direitos e a equidade da população feminina no mundo pode ajudar o Planeta a impulsionar mudanças significativas para um mundo mais saudável e equitativo.
Segundo a ONU, para reverter essa disparidade, são necessários US$360 bilhões por ano a mais em investimentos para alcançarmos as metas globais de igualdade de gênero. Em se tratando de mercado de trabalho e a atuação feminina na sociedade, o relatório revela que as mulheres são responsáveis por três vezes mais trabalho de cuidado não remunerado que os homens. São 2,8 horas a mais do que os homens em cuidados não remunerados e trabalho doméstico. E nada disso é contabilizado para o PIB – Produto Interno Bruto. Essa disparidade contradiz diretamente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, especialmente o ODS-5, que visa à igualdade de gênero e ao empoderamento feminino.
E por que acredito que a Educação pode ser um instrumento poderoso para essa revolução mundial?
Ao oferecer uma educação de qualidade, podemos mostrar às meninas e meninos que ambos são capazes de alcançar qualquer objetivo. Podemos instigar famílias a apoiarem seus filhos independentemente do gênero, encorajando-os a serem protagonistas de suas próprias histórias. É responsabilidade de todos – famílias, sociedade, governantes e setores público e privado – promover uma cultura de equidade, respeito e acesso igualitário aos direitos.
Diversas iniciativas estão buscando dar voz a este clamor de mais equilíbrio em nossa sociedade. E vejo com bons olhos o Ministério da Educação instituir um Comitê Permanente de Políticas para Mulheres, o que sinaliza que o órgão que estabelece os caminhos que o Brasil deve percorrer na Educação também está preocupado com essa perspectiva de igualdade, equidade e direitos das mulheres na elaboração e execução dos programas e políticas públicas do ministério. É um bom sinal.
Março se encerrou, mas o trabalho árduo permanece. Você está disposto a se juntar a nós nessa jornada? Com conhecimento e informação, podemos pressionar por soluções que conduzam a um futuro verdadeiramente igualitário. Juntos, podemos fazer a diferença, uma sociedade bem informada e esclarecida podemos cobrar e nos envolver na busca por soluções.