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HC realiza cirurgia robótica para endometriose, saiba mais sobre a doença 

Durante todo esse mês a campanha “Março Amarelo” busca disseminar mais informações sobre a condição que pode causar diversos problemas de saúde e até infertilidade (Divulgação)

Adriana Dorazi – especial para o Tribuna Ribeirão

Equipe de cirurgia do HC (Divulgação)

O Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) – Universidade de São Paulo (USP) iniciou neste ano, no Hospital das Clínicas (HC-RP), o programa de cirurgia robótica como alternativa para o tratamento da endometriose. Essa doença atinge uma em cada 10 mulheres em idade reprodutiva com redução significativa da qualidade de vida.

Até o momento foram realizadas três cirurgias e a previsão é que a equipe formada pelos doutores Júlio César Rosa e Silva, José Vitor Zanardi e Fernando Passador Valério possam realizar pelo menos um procedimento a cada quinze dias.

Segundo os especialistas a cirurgia robótica representa avanço no tratamento da endometriose, oferecendo recuperação mais rápida, menor cicatriz, melhor precisão para o cirurgião, menor invasão e visualização da área cirúrgica aprimorada. “As cirurgias foram muito bem-feitas, como sempre são, mas precisamos de dois, três meses para avaliar o impacto desse tipo de cirurgia nessas pacientes”, explica o professor da FMRP, Júlio Cesar Rosa e Silva.

“Estamos propiciando as nossas pacientes uma cirurgia mais avançada tecnologicamente. Mas é importante deixar bem claro que essa cirurgia pode ser realizada com a laparoscopia convencional sem que signifique comprometimento para paciente, nem em termos de resultado, nem de complicação. A cirurgia robótica é mais cômoda e mais fácil, mas o resultado em si é semelhante”, salienta o professor Rosa e Silva.

Endometriose
A Endometriose é uma condição ginecológica crônica que afeta mulheres em idade reprodutiva e ocorre quando o tecido semelhante ao que normalmente reveste o interior do útero (endométrio) começa a crescer fora do útero. Esses crescimentos de tecido endometrial fora do útero são chamados de implantes de endometriose e podem se desenvolver nos ovários, nas trompas de Falópio, no tecido que reveste a pélvis, e em raras ocasiões, em órgãos fora da região pélvica, como intestinos, pulmões e outras áreas.

“Felizmente, 80% das mulheres acometidas têm a doença que a gente chama inicial. Mas os outros 20% têm doença avançada com comprometimento significativo na qualidade de vida dessas pacientes com quadro de dor e infertilidade, sendo uma das principais causas de infertilidade”, comenta Rosa e Silva.

Os sintomas geralmente são cólica menstrual com dor muito exacerbada, muito fora do normal, dor para ter relação sexual e dor às vezes sem ligação com o ciclo menstrual ou com a relação sexual, a dor acíclica. O quadro principal é dor pélvica crônica e infertilidade. O tratamento clínico é para 80% dos casos. Mas em 20% dos casos, quando o tratamento clínico não melhora a qualidade de vida da paciente, a solução é cirúrgica.

‘Março Amarelo’
Este mês é marcado pela campanha de conscientização mundial sobre a endometriose. O diagnóstico é feito pela suspeita clínica, pelos sintomas da paciente e muitas vezes são necessários exames de imagem (ressonância magnética e ultrassom transvaginal) para o diagnóstico correto da doença. “É importante que a gente dissemine esse conhecimento para que consigamos fazer diagnósticos cada vez mais precoces e melhorar a qualidade de vida das nossas pacientes”, ressalta o professor Rosa e Silva.

Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 30% e 50% dessas mulheres podem enfrentar problemas de infertilidade, destacando a gravidade da endometriose. Apenas em 2021, foram registrados mais de 26 mil atendimentos da doença no país.

O ginecologista do Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto (CEFERP), Anderson Melo, esclarece que a endometriose exerce impactos significativos no sistema reprodutivo feminino (Divulgação)

O ginecologista do Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto (CEFERP), Anderson Melo, esclarece que a endometriose exerce impactos significativos no sistema reprodutivo feminino. Para além dos desafios físicos, a endometriose pode desencadear uma cascata de problemas emocionais, incluindo ansiedade, depressão e estresse.

A intensidade das dores e o desconforto crônico que muitas mulheres enfrentam não apenas afetam drasticamente seu bem-estar físico, mas também resultam em perdas significativas em seu círculo social e podem impactar negativamente o desempenho no trabalho. Melo destaca a fundamental importância do suporte psicológico, enfatizando que “essas perdas, tanto a curto quanto a médio prazo, podem se tornar irreversíveis; portanto, o acompanhamento psicológico é tão vital quanto o acompanhamento ginecológico”.
 

Prevenção da infertilidade 

Vale destacar a importância do suporte multidisciplinar, reunindo ginecologistas, nutricionistas, acupunturistas, especialistas em fertilidade e profissionais de saúde mental. “A colaboração entre essas especialidades é fundamental para proporcionar às pacientes não apenas alívio físico e retorno da capacidade reprodutiva, mas também suporte emocional durante todo o processo, visando recuperação completa e bem-sucedida”, enfatiza Melo. 

 Outro ponto importante é construir uma rede de apoio sólida, composta por amigos, 

familiares e profissionais de saúde, é fundamental para fornecer suporte emocional. 

Adotar um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada, exercícios regulares e sono adequado, contribui para o bem-estar geral.

Além disso, promover a educação e conscientização sobre a endometriose é essencial para combater o estigma associado à doença. “No contexto do Março Amarelo, é urgente unir a comunidade na promoção da conscientização sobre a endometriose, reconhecendo não apenas os desafios físicos, mas também os impactos emocionais significativos que essa condição pode causar na vida das mulheres”, finaliza o médico.


 

 

 

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