Tribuna Ribeirão
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Viva as mulheres brasileiras que não fogem da luta! 

José Eugenio Kaça *  
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O Dia Internacional das Mulheres, não é um dia para festas, mas um dia de reflexão, criado para homenagear mulheres, que com tenacidade e muita luta abriram os caminhos para que as mulheres começassem a ocupar o seu lugar na sociedade. As lutas das mulheres nas primeiras décadas do século 20, alicerçaram as bases do Dia Internacional das Mulheres. Em 1908, cerca de 15 mil mulheres ocuparam as ruas de Nova York, para protestar contra a longa jornada de trabalho, exigir melhores salários e direito ao voto. Um ano depois, o Partido Socialista da América declarou o primeiro Dia Nacional das Mulheres. Em 1910, na cidade de Copenhague aconteceu o II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, e neste Congresso a ativista, jornalista e sufragista Clara Zetkin, propôs a criação do Dia Internacional da Mulher, no entanto sem estipular uma data especifica, ela defendia condições de trabalho dignos nas fábricas têxteis, igualdade de gênero e o sufrágio universal para as mulheres.  
 
O ano de 1911 foi marcado por uma intolerância cruel contra as manifestações das mulheres. Um incêndio criminoso em uma indústria têxtil, na cidade de Nova York, para reprimir um protesto de mulheres por melhores condições de trabalho, causou a morte de 125 mulheres e 21 homens. Mas não foi esta tragédia humanitária que determinou o dia 08 de março como o dia Internacional da Mulheres. Uma greve organizada pelas trabalhadoras têxtil da Rússia, em 1917, colocou mais de noventa mil trabalhadoras nas ruas de São Petersburgo, contra a fome e o fim da primeira Guerra Mundial, este protesto, inicialmente de mulheres contaminou o país, e o resultado foi a derrubada do Império Russo dando inicio a revolução Bolchevique, e o dia que se iniciou esta greve foi o dia 23 de fevereiro, no calendário juliano, que corresponde ao dia 08 de março no calendário gregoriano, a partir dai diversos países começaram a comemorar o dia 08 de março como o dia internacional de lutas das mulheres, e em 1975 a ONU começou a comemorar a data. 
 
A luta das mulheres por direitos iguais, e melhores condições de trabalho atravessou o século 20 e a luta continua. Estamos na terceira década do século 21, e a luta do inicio do século 20 ainda não foi totalmente conquistada. Os avanços que pareciam solidificados estão sofrendo violentos reveses. O avanço do fundamentalismo religioso está colocando em cheque a laicidade do Estado, e a substituição do Evangelho de Jesus pelo Velho Testamento está nos levando de volta para a Idade Média. A extrema direita com o seu fundamentalismo tentam de todas as maneiras combater os avanços que as mulheres conquistaram. A Constituição brasileira determina a laicidade do Estado, mas a face oculta do fundamentalismo religioso, que toma conta de parte da população brasileira está tramando e tentando transformar a nossa Democracia em um Estado teocrático, onde a Constituição vai ser o Velho Testamento.  
 
A religião sempre teve um poder de decisão na política e nos usos e costumes do Brasil, e com isso o patriarcado não nunca saiu de cena, e os direitos das mulheres brasileiras estão sempre dependendo do aval masculino. O aborto, que é uma questão prioritariamente feminina, a mulher não pode opinar, a decisão cabe exclusivamente aos homens. O caput do artigo 5º da nossa Constituição afirma que todos somos iguais perante a lei, sem nenhuma distinção, mas a liberdade das mulheres, de poder  escolher como lidar com seu corpo e ter autonomia sobre a sua vida incomoda o patriarcado. A Lei Maria da Penha que foi criada para proteger as mulheres no Brasil, não está sendo suficiente, pois o ano de 2023, bateu o recorde do número de mulheres assassinadas, uma morte a cada seis horas, isso não pode continuar. A extrema direita criou uma plataforma para reescrever através de documentários pernósticos a história do Brasil e de lambuja combater o feminismo. O último lixo que essa gente produziu foi um documentário difamando a Maria da Penha, que deu nome a Lei, e exaltando o criminoso que a deixou em uma cadeira de rodas. A luta das mulheres brasileiras precisa buscar as mesmas inspirações do começo do século 20. O dia 08 de março é um dia de luta reflexão e de libertação. 
 
Viva as mulheres brasileiras que não fogem da luta! 
 
* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação 

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