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O estado de emergência provocado pela dengue 

Valdir Avelino *  
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O governo do estado de São Paulo decretou estado de emergência em razão do descontrole e da letalidade dos casos de dengue. Até o momento em que escrevia este artigo, a Secretaria Estadual da Saúde já havia registrado 31 mortes pela doença, em 21 municípios paulistas, sendo que outros 122 óbitos ainda estão em investigação. 
 
De acordo com o Centro de Operações Emergenciais (COE), organismo criado para monitorar a doença em São Paulo, o estado mais rico do país atingiu alarmantes 300 casos confirmados para cada grupo de 100 mil habitantes nos últimos dias. Até o momento mais de 138 mil pessoas foram infectadas em janeiro e fevereiro. Em todo país eram 1.212.263 casos da doença até segunda-feira (4), com 278 mortes confirmadas neste ano e 744 em investigação. 
 
A dengue é a doença transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água parada. A fêmea põe os ovos na água, eles se desenvolvem e se transformam em novos mosquitos. Geralmente, o primeiro sintoma da dengue é febre alta, que pode vir acompanhada de dores de cabeça, atrás dos olho e no corpo, manchas vermelhas, vômito, diarreia e muita fraqueza. Algumas vezes, o quadro evolui para uma forma mais grave letal, a dengue hemorrágica.  
 
Essa doença se espalhou incontrolavelmente por toda a América desde os anos 80 e, ano após ano, os casos só se multiplicam. A ciência já nos deu uma ferramenta poderosa para enfrentar esse grave problema, mas quem acredita que a maioria dos governantes está disposto a seguir a ciência?  
 
A maneira mais eficiente de controle da doença é limitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Para isso, é preciso acabar com os ambientes favoráveis à sua reprodução. Isso inclui aumento do efetivo e valorização dos agentes públicos que combatem a proliferação do mosquito transmissor da dengue. Também é preciso investimento público em saneamento básico, que engloba a coleta e tratamento de esgoto, o descarte adequado de lixo e resíduos, e drenagem de água da chuva.  
 
O controle do Aedes aegypti não é um objetivo impossível de ser alcançado, mas para isso os governos deveriam investir e valorizar os serviços públicos. A verdade é que o Brasil, São Paulo e Ribeirão Preto ainda enfrentam um grande déficit de Agentes de Combate às Endemias (ACE). Este inseto acaba se tornando resistente aos pesticidas porque não há um verdadeiro e sincero esforço governamental em enfrentá-lo.  
 
Na imensa maioria dos municípios brasileiros e paulistas, o número de agentes responsáveis pela conscientização e realização das visitas em mutirões para combater a propagação da dengue é insuficiente. O Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis, nos municípios onde atua, tem demonstrado exaustivamente a necessidade urgente de ampliação do quadro de servidores e de reconhecimento efetivo e valorização do trabalho dos nossos agentes. 
 
A recente pandemia da Covid-19, doença que ainda faz vítimas em nosso país, já havia mostrado a importância de implementar rapidamente intervenções na área de políticas públicas no sentido de reduzir a transmissão de doenças e de proteger a população mais vulnerável. O estado de emergência decretado pelo governo paulista mostra que os governantes ainda não se convenceram de adotar as medidas que precisam ser adotadas antes que a próxima pandemia surja.  
 
Um outro problema gravíssimo que contribuí muito para a proliferação do  mosquito transmissor da dengue é o descompromisso da imensa maioria dos governo com o saneamento básico. A falta de saneamento adequado é também causa direta pela infestação do mosquito transmissor da dengue e de outras doenças graves.  
 
O atual governo federal tem mantido recursos à disposição dos municípios para o combate e controle dessa grave epidemia. É preciso que os estados e os nossos municípios busquem ajuda e parcerias para padronizar as ações de vigilância e assistência. Não há razão para não se ampliar e valorizar o serviço público municipal e muito menos para a descontinuidade dos programas. Espero que os governos passem a agir, e não apenas continuem reagindo diante de novos surtos da doença. 
 
* Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis 

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