Tribuna Ribeirão
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O bordel das mulheres sob o nazismo 

Feres Sabino *
advogadoferessabino.wordpress.com

Não é porque o sionismo reinante em Israel, como governo racista, violento e discriminador, genocida, com seu esforço para aparentar ser a encarnação do monopólio universal da dor, que nós poderemos ignorar as novas vertentes emergentes do horror cometidas pelo regime nazista contra o povo judeu.

Agora, recentemente, aparece em realidade brutal, a instituição de um campo de concentração criado para ser o maior Bordel do Terceiro Reich.

Agora, só recentemente, vem a lume o resultado da pesquisa da historiadora espanhola, Fermina Cañaveras, que desde 2008, comovidamente, pesquisa a horrenda realidade das mulheres prostituídas, muitas grávidas com o ventre aberto para evitar o nascimento, tantas outras mortas caprichosamente, pela maldade entranhada na estrutura do Estado e na alma desalmada dos profissionais das armas, e de civis servis. Eles fizeram da descendência judaica feminina e masculina o objeto da sua sanha animal, sob pretexto de fazer da Alemanha o cenário geográfico da pureza da raça ariana.

O ódio desse regime, no qual a estupidez humana, apareceu, nos tempos modernos, como forte objeto material e moral, da indignação da consciência universal, que desafiada gerou a Declaração dos Direitos do Homem, na Conferência das Nações Unidas, assinada em 10 de dezembro de 1948.

Esta Declaração assumia em palavras e em compromisso solene a certeza de que não haveria mais guerra. Mas depois dela se sucederam em muitos países do mundo, como se via na guerra da Coréia, na guerra do Vietnã, e os golpes de Estado em todas as regiões do mundo, inclusive na América Latina e do Sul animados especialmente pela “complexo indústria-militar”, denunciado face à sua vocação expansionista pelo General Eisenhower, como presidente dos Estados Unidos.

Mas quando a Declaração foi concebida por força do horror da 2ª. Guerra Mundial, não se conhecia a vertente exclusivamente feminina desse episódio histórico do qual não se pode esquecer.

O livro publicado na Espanha, em 2014 (El Barracón de lasmujeres), e com o mesmo título em português –“O Barracão das Mulheres”, veiculado no google, por Globo/Época no dia 24/02/24,  descreve o horror instalado a noventa quilômetros de Berlim, exatamente em Ravensbrück, “… exclusivamente para violar os direitos das mulheres: estupro, abortos forçados e esterilizações, que eram os três pilares sobre os quais este campo de concentração e extermino foi construído. Por ele passaram até 130 mil mulheres entre 1942 a 1045.Sobreviveram 15 mil, das quais 200 eram espanholas. Até o momento, Fermina Cañaveras conseguiu localizar 26 delas”.

Esse campo de concentração só de mulheres ocupa o segundo lugar em número de vítimas, o primeiro é o de Auschwitz.

A autora reclama que tradicionalmente a história é contada, majoritariamente por homens, mas a desgraça que acomete as mulheres é naturalmente reduzida para devagar cair no esquecimento.

“Elas foram violadas cerca de 20 vezes por dia, na frente de muitos soldados que vinham para olhar, e muitas delas ficaram grávidas. Eram essas mulheres com as quais experimentavam, abriam seus ventres e as deixavam morrer, para ver quanto tempo os fetos aguentavam. Não se trata de morbidez, é memória, e assim deve ser contada”- diz a historiadora.

Ela se dedicava à pesquisa de um outro projeto, quando encontrou uma fotografia esmaecida, que era de uma mulher “do pescoço até a cintura” com uma inscrição em alemão, tatuada no peito: FED-Hure, prostituta do campo”.

Após o encontro de uma das sobreviventes, Isadora Ramirez (1922-2008), ela optou por escrever um romance.

O livro tem a apresentação do famoso Juiz espanhol Baltazar Garzon e seus colegas da Comissão de História do Teatro Barrio de Madri.

* Procurador-geral do Estado no governo de André Franco Montoro e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras 

 

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