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Ameaçados, lobos-guará são monitorados no interior de SP

Com auxílio do MonitoraBioSP, sete lobos foram capturados e examinados in loco nas diferentes campanhas desde 2022 na Estação Ecológica e Experimental de Itirapina (Reprodução/Brasil Escola)

Com o uso de câmeras de monitoramento do MonitoraBioSP, a Fundação Florestal (FF), órgão ligado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), continua dando sequência ao controle dos casos de sarna sarcóptica que acometeu lobos-guarás (Chrysocyon brachyurus) – maior canídeo da América do Sul, com até um metro de altura e 25 quilos. A espécie habita e transita pela Estação Ecológica e Experimental de Itirapina, localizada nos municípios de Itirapina e Brotas, uma área que somam 5.512 hectares com biodiversidade remanescente do Cerrado nesta região do Estado de São Paulo. A FF realiza até 5 de fevereiro uma campanha de monitoramento e tratamento desses animais. 

A doença, causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei, traz impactos significativos à saúde e comportamento dos lobos-guará, por isso há a preocupação com o constante processo de monitoramento, captura para tratamento e a célere reintrodução da espécie ao seu habitat, em média após três horas. As primeiras medidas começaram em 2022, assim que os primeiros casos de sarna foram detectados pela equipe técnica por meio do armadilhamento fotográfico (AF). Desde então, entre adultos e filhotes, foram realizadas sete capturas de lobos-guará com suspeita de sarna, dois deles tiveram a doença parasitária confirmada, enquanto a equipe também trabalha atualmente pela captura de mais um lobo avistado. 

“A preservação da biodiversidade é uma prioridade para o Estado de São Paulo. Por isso visamos o avanço significativo da conservação da vida selvagem, com incentivos à pesquisa e no desenvolvimento contínuo de abordagens que sejam eficazes para a prevenção, acompanhamento e tratamento de qualquer adversidade em nossos biomas, como nos casos suspeitos de sarna sarcóptica em lobos-guará”, comenta Jônatas Souza da Trindade, subsecretário de Meio Ambiente. 

Para cada lobo capturado com auxílio de armadilhas e anestesia, os especialistas realizam no próprio local uma minuciosa avaliação clínica, o que inclui a coleta de sangue (para perfil hematológico), a raspagem da pele para confirmação da suspeita de sarna, além de serem colhidas amostras de ectoparasitas e de tecido para análises genéticas. Os veterinários ainda ministram medicação, quando necessário, para o tratamento adequado. Ao término, os animais são devolvidos ao habitat e acompanhados pelo MonitoraBioSP, com a possibilidade de recaptura para continuidade de tratamento ou novas avaliações. 

A execução e o desenvolvimento das estratégias integradas de manejo coordenadas pela Fundação Florestal contam com parcerias institucionais do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Universidade Paulista (VPS-USP), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista – Campus Botucatu (Unesp), Universidade Federal de Uberlândia (Ufu), Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), Universidade Santo Amaro (UNISA), Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), Instituto para Conservação dos Carnívoros Neotropicais (Pró-Carnívoros), Instituto Gremar e do Instituto Mamirauá. 

Já para o trabalho de campo há a utilização de equipes multidisciplinares, que incluem veterinários, biólogos e conservacionistas da ViaFauna, empresa executora do trabalho. Tais medidas e parcerias visam também a ampliação da conscientização pública sobre a importância de preservar o habitat natural do lobo-guará através da adoção de práticas sustentáveis. 

O programa MonitoraBioSP foi concebido em 2020, com início de atividades em campo em 2021 com quatro unidades de conservação piloto: Parque Estadual Morro do Diabo, Estação Ecológica Juréia Itatins e dois núcleos do Parque Estadual da Serra do Mar (Curucutu e Itariru). A partir de 2022 as atividades foram expandidas para mais 22 Unidades de Conservação (UC). Em Itirapina, as armadilhas fotográficas (AFs) operam desde abril de 2022 com importantes resultados para a conservação da fauna regional, além de auxiliar na identificação de possíveis ameaças. 

Até o momento, em Itirapina, o armadilhamento registrou 23 espécies (18 nativas e cinco exóticas), o que inclui espécies-alvo como lobo-guará, tamanduá-bandeira e onça-parda. Também houve registros de tapeti e tamanduá-mirim, o que é raro para a região, além das espécies exóticas: cachorro doméstico, gato doméstico, javaporco, gado bovino e a lebre europeia. O programa tem a expectativa ainda de registrar outras duas espécies, lontra (Lontra longicaudis) e o ouriço-cacheiro (Coendou prehensilis), que constam no plano de manejo da Estação Ecológica e Experimental de Itirapina (EEI). 

Sobre o Lobo-Guará 

Além de ser o maior canídeo do País, o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) – que também pode ser encontrado no Paraguai e na Argentina – é considerado o mais popular carnívoro do cerrado brasileiro com tamanho que pode variar entre 45 e 106 cm de comprimento, 48 cm de altura média, e cerca de 25 kg. A espécie, que é considerada vulnerável para extinção, possui diversas características, como um poderoso olfato, grandes orelhas eretas que auxiliam em sua aguçada audição e dentição composta por 42 dentes, com destaque aos caninos bem desenvolvidos e proeminentes. 

A pelagem pelo corpo geralmente é longa e na cor vermelho-dourado, além de possuírem pelos na cor preta que formam uma crina entre a cabeça e os ombros. A reprodução dos lobos-guará acontece apenas uma vez por ano, com gestação que dura cerca de 65 dias, que resulta, em média, entre dois e cinco filhotes. O habitat da espécie são florestas, savana, arbustos, pastagem, pantanal (interior), artificial/ terrestre. Entre as principais ameaças para a espécie, estão o risco de atropelamento, incêndios florestais, fragmentação de habitat e o contato com animais domésticos (que podem, inclusive, transmitir doenças como a sarna). 

 

Foto box – Governo SP 

Animal é considerado o mais popular carnívoro do cerrado brasileiro 

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