Tribuna Ribeirão
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O fotógrafo e a captura da essência da sociedade  

André Luiz da Silva * 
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A história da fotografia remonta ao século XIX, quando Joseph NicéphoreNiépce capturou a primeira imagem permanente em 1826, conhecida como “A Vista da Janela em Le Gras”. A expansão ocorre em 1839, quando Louis Daguerre inventou o daguerreótipo. O Dia do Fotógrafo é celebrado nacionalmente em 8 de janeiro, pois na data, em 1840 chegou o primeiro equipamento no Brasil, por iniciativa de Dr. Pedro II, um apaixonado por fotos. Aliás, ao ser banido do país, em 1889, ele doou à Biblioteca Nacional sua coleção de cerca de 25 mil fotografias.  
 
Registro o fato por tratar-se de uma homenagem merecida a profissionais que desempenham papel fundamental na documentação e expressão da sociedade. Assim foi quando Alfred Eisenstaedt capturou o beijo entre um soldado americano e uma enfermeira na Times Square, ao final da Segunda Guerra Mundial; a garota e o abutre de Kevin Carter denunciando a gravidade da fome no sul do Sudão e a menina do napalm de Nick Ut revelando a crueldade extrema da Guerra do Vietnã. 
 
Recordo do fotógrafo lambe-lambe, na Praça Carlos Gomes, envolto por um pano enquanto mergulhava a cabeça em uma caixa de madeira com uma lente acoplada. Também da festa que foi adquirir a primeira máquina e colocar o filme com 24 poses. Levá-lo para revelar, aguardar vários dias e torcer para nenhum negativo “velar” ou “queimar” era um ritual que causaria espanto à geração atual. 
 
A fotografia é uma arte que evoluiu de técnicas primitivas para câmeras digitais e smartphones, tornando-se uma linguagem visual acessível a todos, mas o fotografo possui uma importância que vai além da mera captura de imagens. Esses artistas visuais têm a habilidade única de congelar o tempo, narrando histórias através de suas lentes. Dos fotojornalistas que cobrem greves, passeatas, ações policiais, guerras e conflitos diversos arriscando suas vidas para trazer a verdade à tona aos fotógrafos de casamento e batizado que eternizam momentos únicos e especiais, cada um desempenha um papel vital na preservação da memória coletiva. 
 
A fotografia não é apenas uma forma de arte, mas uma ferramenta poderosa em diversas áreas, incluindo ciência, publicidade, medicina, educação e muito mais. Na ciência, imagens capturadas por meio de microscópios e telescópios têm revolucionado nossa compreensão do universo. Na medicina, a fotografia é usada para diagnosticar e monitorar condições médicas. Na publicidade, imagens persuasivas são essenciais para transmitir mensagens de marcas e produtos. 
 
Com as novas tecnologias também surgem desafios. A manipulação de imagens, facilitada por softwares avançados e inteligências artificiais, levanta questões éticas sobre a autenticidade das fotografias. A disseminação de fotos manipuladas pode distorcer a realidade e influenciar prejudicialmente a percepção pública. Fotógrafos modernos enfrentam a responsabilidade de equilibrar a criatividade com a integridade, preservando a confiança do público na veracidade de suas imagens. 
 
Ao saudar a professora Elza Rossato e os integrantes do Grupo Amigos da Fotografia, a equipe de fotógrafos deste periódico, e as centenas de profissionais que convivi no cartório, na trajetória política e nos incontáveis compromissos sociais, destaco não apenas as imagens que capturam momentos efêmeros, mas também o talento e dedicação dos fotógrafos que moldam nossa compreensão do mundo. Que continuem a nos inspirar, a desafiar nossas perspectivas e a documentar a riqueza e complexidade da experiência humana através de suas lentes habilidosas. 
 
* Servidor municipal, advogado, escritor e radialista 

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