Pe. Gilberto Kasper
Teólogo
O mês de janeiro marca o início de um Novo Ano civil. Celebra, na dinâmica das festas natalinas, no tempo de Natal, a festa da “Epifania”, palavra grega, que significa “manifestação”. Esta festa retoma o Natal de Jesus, celebrando a sua humanidade manifestada a todos os povos. Traz consigo a mística da universalidade da salvação.
Na periferia, longe do palácio real, “os magos viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram. Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra” que indicam, respectivamente, a sua realeza, divindade e humanidade (cf. Mt 2,11).
“A Epifania é a celebração do amor de Deus, que em seu Filho quer se revelar a todos os povos, representados pelos magos que seguem a Estrela Nascente. Os magos do Oriente sentem grande alegria ao segui-la. Herodes e o centro do poder, Jerusalém, ficam perturbados. Os sumos sacerdotes e mestres da Lei, entendidos de religião, limitam-se a repetir as Escrituras sagradas. Os entendidos de religião conhecem a Escritura e sabem que de Belém sairá um pastor para Israel. Mas estão acomodados. Haviam transformado a Palavra de Deus numa doutrina que já não tocava a realidade, pois não conseguem reconhecer no brilho da estrela o caminho para o recém-nascido Pastor de Israel.
Herodes e Jerusalém ficam perturbados, ao imaginar que o Filho de Deus lhes tomaria o poder. Querem impedir que Deus se manifeste ao mundo, eliminando o Filho recém-nascido. Mal sabem que o Menino vem para servir; vem para mostrar que o poder de Deus está no amor que se entrega e gera vida, não o ódio que divide e mata.
Os magos, por sua vez, põem-se à procura. Vencem a escuridão, seguindo o brilho da estrela guia. Eles representam todos os povos que buscam construir, juntos, a única comunidade dos filhos de Deus. E como é grande a alegria de encontrar pessoalmente Jesus Cristo e poder entregar-lhe a própria vida, com o que ela tem de melhor! Pois Deus se revela a nós à medida que lhe entregamos o melhor de nós. Como os presentes dos magos, que indicam quem é o Menino recém-nascido. Oferecem ouro porque ele é Rei, incenso porque é Deus e mirra porque dará a vida na cruz.
Para revelar-se ao mundo, Deus escolheu revelar-se ao coração de cada um de nós. Abrir-nos a esse amor que se revela é encontrar a Deus em nossos irmãos, sobretudo nos menores e indefesos, como o recém-nascido em Belém” (cf. Pe. Paulo Bazaglia, ssp em Liturgia Diária da Paulus, de Janeiro de 2024, p. 43).
A Epifania nos traz Nova Esperança na medida em que nos tornamos servidores, promovendo a comunhão e a fraternidade entre todas as pessoas que remetem suas esperanças ao coração dos cristãos. Oxalá, os cristãos, especialmente os agentes de pastoral, saibam sentir-se Servos e não “Donos” de um Povo desencantado e carente de nova Esperança, novo Ânimo e novas Perspectivas de Vida. Saibamos acolher, compreender, perdoar e amar todos aqueles que se aproximam de nossas Comunidades. Sejamos, enfim, como a estrela do Oriente, que aponte o caminho para Jesus Cristo. Não brilhemos para nós mesmos, mas seja o nosso brilho a seta para o verdadeiro endereço, que é Jesus nascido em Belém, e que hoje procura aconchego na manjedoura de nossos corações!