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Defenda o Cinturão Verde 

Renato Nalini * 
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Poucos têm notícia de que existe uma reserva da biosfera no chamado “Cinturão Verde” de São Paulo. Paulo Nogueira Neto, o primeiro Secretário do Meio Ambiente do Brasil, antes da criação do Ministério do Meio Ambiente, foi um criador de unidades de conservação. Foi quem estruturou o SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação. 
 
Isso integra um programa da UNESCO: “O homem e a Biosfera” e uma reserva à qual não se presta a devida atenção é justamente a do Cinturão Verde Paulista. Ela integra uma das 738 reservas da biosfera existentes em 13e países. 
 
Por que se chama “Cinturão Verde”? Porque ela abraça a capital paulista. Ocupa uma área superior a dois milhões de hectares e passa por setenta e oito municípios, chegando à divisa de Minas Gerais. Também apanha uma parte do litoral e se sobrepõe a unidades de conservação e demarcações indígenas. 
 
Sua importância é imensa: regular o clima da região e a questão hídrica. Concentra produção de 88,6% do volume de água e a totalidade dos reservatórios que abastecem a Região Metropolitana bandeirante.  
 
Muita gente pode pensar que se deve preservar apenas a Amazônia, embora viva numa reserva de biosfera que implora por proteção. São Paulo é muito densamente habitada e isso acarreta fiscos. Urbanos e rurais. É comum, ao percorrer as ruas, verificar que árvores são abatidas e não são repostas. Agora, com o boom imobiliário na capital paulista, a regra é cortar a árvore antes da demolição daquilo que existia na área a ser ocupada em breve por outro enorme edifício. Desaparece um exemplar até centenário e em seu lugar nada mais. Isso modifica o clima, a temperatura, afugenta a vida silvestre que se refugiou na zona urbana, diante do desaparecimento de seu habitat, a floresta natural.  
 
Como ensinar sustentabilidade a uma população apressada, requisitada pelo trabalho e demais compromissos, nem sempre aberta a refletir sobre o infinito valor da sustentabilidade, pela qual é tão responsável quanto o governo? Eis a missão dos coetâneos, cujo risco, em caso de insucesso, é eliminar a possibilidade de qualquer espécie de vida num futuro próximo. 
 
* Reitor da Uniregistral, docente universitário, desembargador, presidente da Academia Paulista de Letras e autor de “Ética Geral e Profissional”: presidiu o Tribunal de Justiça de São Paulo (2014-2015) 

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