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HC reúne quatro ‘irmãs siamesas’ 

Casos de siamesas craniópagas são extremamente raros e o resultado das irmãs Maria Ysadora e Maria Ysabelle, de 2018, e Allana e Mariah, de 2023, são avaliados como bem sucedidos (Luisa Pollo/HC)

Esta quarta-feira, 22 de novembro, foi de comemoração para as equipes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP) e do HC Criança. Uma cerimônia uniu a direção do HC, médicos, enfermeiros e diversos profissionais das equipes multidisciplinares que acompanharam os dois casos de separação de gêmeas unidas pela cabeça.  
 
Participaram profissionais que atuaram nas cirurgias, das internações e da reabilitação. Também estiveram presentes médicos e pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e do Hemocentro. As famílias foram o grande destaque da festa 
 
Allana e Mariah estavam acompanhadas de seus pais, Talita e Vinicius Cestari, e Maria Ysadora e Maria Ysabelle vieram do Ceará com seus pais, Débora e Diego Freitas. As meninas entregaram os buquês em homenagem aos chefes das equipes. As mães também receberam um buquê em agradecimento à confiança e parceria.  
 
Já as meninas adoraram as almofadas personalizadas que ganharam do “tio Hélio”, o professor doutor Hélio Rubens Machado, líder de ambos os casos e chefe da Neurocirurgia Pediátrica.  “Esses casos mostram a força do trabalho multidisciplinar desenvolvido pela nossa equipe. Um trabalho bem orquestrado e harmônico, como casos assim exigem”, diz Hélio Machado.  
 
Escolhemos os melhores profissionais para fazerem parte das equipes, que entregaram dedicação, união, motivação e qualidade. Tudo para que as meninas tivessem a melhor cirurgia e reabilitação possíveis. Agradecemos às centenas de profissionais envolvidos nos casos, direta e indiretamente, e às famílias, pela confiança em nós depositada. São resultados magníficos e que nos orgulham muito”, destaca. 
 
Maria Ysadora e Maria Ysabelle Em 2018, o Hospital das Clínicas anunciou a realização da cirurgia de separação de duas irmãs siamesas. Nascidas em Patacas, distrito de Aquiraz, no Ceará, Maria Ysabelle e Maria Ysadora viriam para Ribeirão Preto para realizar o procedimento, até então, inédito no Brasil.  
 
Após alguns meses, várias etapas do processo e muita pesquisa e planejamento de uma equipe multidisciplinar, liderada pelos professores Hélio Rubens Machado e Jayme Farina Júnior, sob consultoria do especialista norte-americano James Goodrich, do Montefiore Medical Center, em Nova York, as meninas, enfim, foram separadas.  
 
Para viabilizar o procedimento, o crânio e o cérebro das duas foram reconstruídos de forma tridimensional, e moldes de resina acrílica e cerâmica foram feitos nos Estados Unidos, com todos os detalhes, cada veia e artéria. Hoje, aos 7 anos de idade, Maria Ysabelle e Maria Ysadora frequentam a escola e seguem sendo assistidas pela Saúde Pública do Estado do Ceará.  
 
Allana e MariahAo longo de doze meses, foram realizadas quatro neurocirurgias meticulosas que culminaram na completa separação das cabeças de Allana e Mariah, além de um procedimento cirúrgico em que foram inseridas bolsas de silicone abaixo do couro cabeludo e coleta de células-tronco das irmãs. O processo demandou dedicação total da equipe médica, que trabalhou 27 horas ininterruptas durante a cirurgia final.  
 
O sucesso envolveu o uso de uma técnica inédita no processo de reconstrução dos crânios das gêmeas. No procedimento cirúrgico realizado em julho, além da inserção de bolsas de silicone abaixo dos couro cabeludos, células-tronco foram coletadas da bacia das meninas, passando por um rigoroso processo de seleção no Hemocentro de Ribeirão Preto.  
 
Essas células foram, então, preservadas em tanques de nitrogênio líquido por quatro meses, até serem utilizadas na última cirurgia de separação de Allana e Mariah, com o objetivo de melhorar a formação óssea na cabeça das irmãs.  Além disso, a tecnologia foi uma importante aliada.  
 
O procedimento foi minuciosamente planejado com exames clínicos, laboratoriais e de imagem de ressonância magnética e tomografia computadorizada, integrados em sistema de realidade virtual, também inédito no caso. Os recursos contribuíram para que os cirurgiões pudessem visualizar com óculos especiais a anatomia dos crânios, dos cérebros e a relação espacial dos vasos sanguíneos das gêmeas.   
 
A família retornará neste sábado, dia 25, para Piquerobi, no interior de São Paulo. As meninas seguirão sendo acompanhadas pela equipe multidisciplinar de um serviço especializado em uma cidade vizinha. Elas devem retornar ao HCFMRP no início de 2024, onde passarão por novos exames e avaliações médicas e de reabilitação. 
 

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