Com a cidade enfrentando temperaturas na casa dos 40 graus Celsius, levantamento feito pelo Portal Farolete revela que nenhum centavo foi destinado pela prefeitura de Ribeirão Preto, no Orçamento Municipal de 2024, para o plantio de árvores na cidade. O projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) já está na Câmara de Vereadores.
A previsão de receita do governo Duarte Nogueira (PSDB) para o próximo ano é de R$ 4.866.887.002. Segundo o levantamento, este será o 18º ano consecutivo que o plantio de árvores não aparece no Orçamento Municipal. Mapeamento contratado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente aponta que várias regiões da cidade têm cobertura arbórea similares a de um “deserto”, sendo definidas como “ambiente insalubre”.
O relatório final do Inventário Amostral da Arborização de Acompanhamento Viário, divulgado no ano passado, demonstra que apenas 12,7% do perímetro urbano é recoberto por vegetação de porte arbustivo ou arbóreo. O estudo utilizou imagens de satélite de outubro de 2021. De acordo com o levantamento, a cobertura é desigual em Ribeirão Preto.
A Zona Sul é a mais verde (15,79%), seguida da região Oeste (13,54%), Norte (11,39%) e Leste (11,34%). O Centro tem apenas 3,58% de sua área arborizada. Dos 58 subsetores urbanos (divisões dentro das zonas, que agregam bairros próximos), apenas três possuem índice de cobertura vegetal superior a 30%: a região do Recreio das Acácias (44,7%) lidera.
O levantamento revela que é necessário projetar as calçadas e priorizar o plantio de árvores maiores, com copa abrangente. Das 14 espécies mais encontradas pelo estudo na cidade, sete são de pequeno porte ou “arbustos conduzidos para o formato de árvore”. Ou seja: têm menos impacto na regulação térmica.
A situação das calçadas não analisou Ribeirão Preto inteira, e sim amostras que representam 10% de seu sistema viário urbano. Foram inventariados 290,8 quilômetros lineares de passeios públicos e canteiros centrais de avenidas. A partir dessa análise, foram projetados os percentuais para cada região e subsetor. Uma das principais constatações é que há mais vazios arbóreos (espaços disponíveis na calçada para o plantio) do que espécies plantadas.
Na amostra analisada, foram inventariados 26.669 arbustos e árvores, uma média de 92 para cada quilômetro linear de calçada. A região Norte é a que possui o maior vazio arbóreo: há cerca de onze mil espaços para o plantio. O estudo aponta que cidade precisa plantar 28,8 mil árvores para melhorar a situação. Para que isso ocorra em espaços possíveis, a prefeitura gastaria apenas R$ 1,1 milhão, em valores de 2021.
Outro lado – A prefeitura afirma que, desde a conclusão do Inventário Amostral da Arborização de Acompanhamento Viário, tem atuado “para que as necessidades e recomendações sejam colocadas em prática”. Diz que no período de 2021 a 2023 foram plantadas aproximadamente 48 mil mudas, através do plantio voluntário efetuado por organizações locais e pela população ou em decorrência de termos de compromisso.
Argumenta que está evoluindo com os trabalhos de elaboração do Plano Estratégico do Sistema de Áreas Verdes e Arborização Urbana (Psesavau), que estabelecerá prioridades e planejará os recursos necessários para a arborização da cidade.
“Nas etapas do cronograma, que ocorrerão no próximo ano, estão incluídas atividades voltadas para elaborar o Plano Diretor de Plantio, a Gestão e Manejo e a Elaboração do Plano de Ação, dentre outros”, afirma. Ainda segundo o governo, há o planejamento de “alocar no orçamento de 2025 os recursos necessários para atender ao Plano de Arborização”, afirma.
A prefeitura de Ribeirão Preto diz ainda que “nos anos de 2022 e 2023 foram destinados aproximadamente R$ 850 mil para manutenção da floresta urbana, englobando atividades de poda de formação ou condução e coleta de resíduos, serviços esses realizados pela Secretaria Municipal de Infraestrutura”.