André Luiz da Silva *
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Há 150 anos, em 11 de novembro de 1918, a Primeira Guerra Mundial chegava ao fim. O Armistício de Compiègne, assinado entre a Alemanha e os Aliados, encerrou quatro anos de guerra que deixaram um saldo de mais de 16 milhões de mortos e 20 milhões de feridos.O conflito, que começou em 28 de julho de 1914, foi um dos mais sangrentos da história da humanidade. A guerra envolveu 32 países e foi marcada por uma série de inovações tecnológicas, como o uso de aviões, tanques e gás venenoso. O término da guerra foi recebido com júbilo pela humanidade acreditando que, depois de tantas atrocidades,pela consciência, haveria um logo período de paz.
No entanto, o conflito deixou um legado de destruição e instabilidade, principalmente na economia mundial. A produção industrial e agrícola foi devastada, e o desemprego atingiu níveis recordes o que incentivou o crescimento do extremismo político, levando à ascensão do fascismo e do nazismo na Europa. Logo em 1 de setembro de 1939 eclodia a Segunda Guerra Mundial que duraria até 1945 provocando mais de 70 milhões de mortos.Depois do lançamento das bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, acreditava-se que, pelo temor da devastação nuclear, a humanidade conviveria em paz.
Mesmo assim, a humanidade não aprendeu e seguiram-se as Guerras de descolonização do Continente Africano, Guerra da Coreia, Guerra do Vietnã, Guerra Irã-Iraque e Guerra do Golfo. Atualmente, além do centenário conflito Israel-Palestina, o planeta convive com o conflito Azerbaijão x Armênia em Nagorno-Karabakh, a Guerra da Síria, a Guerra civil no Iêmen e a Guerra Rússia x Ucrânia. As guerras podem ser motivadas por uma série de fatores sociais, como a busca por poder, a expansão territorial, a defesa de interesses nacionais ou a repressão a movimentos sociais. Também podem ser motivadas por fatores religiosos (talvez o motivo mais torpe). Existem, ainda, guerras motivadas por fatores econômicos, especialmente pelo controle de recursos naturais, mercadores consumidores e investimentos.
Apesar das quase 48 mil mortes intencionais, registradas por ano, o Brasil sempre se vangloriou de ser o país da paz, onde pessoas de diferentes raças, origens, credos e culturas conseguem conviver em certa harmonia, o que seria um exemplo para o mundo. Ocorre que vivemos uma perigosa polarização política onde vozes extremistas insistem em fomentar a divisão. Aqui existem grupos que apoiam Israel e grupos que apoiam a Palestina e seus integrantes, sem qualquer escrúpulo, usam o conflito para promover suas agendas políticas, o que acirra os ânimos e estimula as ações inconsequentes e radicais.
Falar em programas de rádio e televisão, escrever artigos e fazer comentários nas redes sociais exige um conhecimento profundo da história e da cultura das duas partes envolvidas. É difícil para os brasileiros entenderem o conflito em toda a sua complexidade, o que pode levar a simplificações e distorções. E quando isso ocorre no parlamento, além de grave é perigoso. Enquanto políticos usam a aquela contenda para lacrar nas redes, milhares de pessoas convivem com o terror da destruição, das bombas e das mortes de civis, notadamente mulheres e crianças.Os parlamentares se esquecem que a Constituição de 1988, que juraram defender, explicita no artigo 4º que “a República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: Independência nacional; Prevalência dos direitos humanos; Autodeterminação dos povos; Não-intervenção; Igualdade entre os Estados; Defesa da paz; Solução pacífica dos conflitos; Repúdio ao terrorismo e ao racismo; Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade e Concessão de asilo político”.
O Brasil é um membro fundador da Organização das Nações Unidas e tem participado ativamente de várias missões de paz. É um dos maiores defensores dos direitos humanos no mundo. Seu papel no conflito entre Israel e Palestina deve ser o de um mediador imparcial, comprometido com a busca de uma solução justa e duradoura para o conflito.
* Servidor municipal, advogado, escritor e radialista