Perci Guzzo *
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1945: Hiroshima e Nagasaki. A segunda grande guerra já havia terminado, mas os norte-americanos foram até o Japão e lançaram à época seu mais novo experimento bélico-científico sobre as duas cidades. As bombas atômicas quando explodiram naquele 6 de agosto, marcaram profundamente a humanidade. Segundo alguns poucos geólogos, o início do Antropoceno. Assistam ao penúltimo filme dirigido por Akira Kurosawa, “Rapsódia em agosto”.
1962: Rachel Carson. A bióloga e escritora norte-americana lança o livro “Primavera Silenciosa” que trata dos efeitos nocivos do uso deliberado de pesticidas sintéticos (agrotóxicos) no meio ambiente. A publicação é reconhecida como o início da consciência ambiental moderna.
1972: Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano. A primeira grande reunião de chefes de estado para discutir a degradação ambiental no planeta foi realizada em Estocolmo, capital da Suécia. É tido como o marco inicial na busca por equilíbrio entre desenvolvimento econômico e proteção da natureza.
1977: Conferência de Tbilisi. As bases da educação ambiental (EA) foram traçadas, indiscutivelmente, neste encontro na capital da Geórgia. Suas recomendações são válidas na atualidade. Dentre outras, cita-se: considerar o meio ambiente na sua totalidade, incluindo aspectos naturais e criados pelo Homem; constituir-se em processo permanente do ensino formal e não formal; aplicar os enfoques inter e transdisciplinar; desenvolver o senso crítico e habilidades para resolver problemas ambientais; usar diferentes espaços educativos e diversos métodos para comunicar e adquirir conhecimentos.
1988. Constituição Cidadã. O Artigo 225 institui o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e para assegurá-lo, incumbe o Poder Público, entre outras ações, à promoção da educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
1992: Eco-92 ou Cúpula da Terra. As Nações Unidas reúnem no Rio de Janeiro a quase totalidade dos países para definir medidas para conter a degradação ambiental e difundir o conceito de desenvolvimento sustentável. Tratados importantes são assinados por chefes de estado com forte pressão da sociedade civil organizada, dentre eles: Convenções da Biodiversidade, das Mudanças Climáticas e de Combate à Desertificação; Declaração de Princípios sobre Florestas, Carta da Terra e Agenda 21. A ideia de conciliar proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica parecia ser a fórmula ideal para um futuro seguro e digno…
1999: Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA).A Lei 9.795 traz o arcabouço legal que deve nortear os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
2005:Coletivos Educadores. Política pública formulada e executada pelo Ministério do Meio Ambiente durante aproximadamente uma década em que grupos de pessoas desenvolvem seu próprio processo de formação, sendo capazes de interpretar e transformar a realidade de seus territórios.
2015: Acordo de Paris. Para conter o aquecimento global, em um esforço diplomático imenso, 195 países reafirmam a disposição de cumprir metas impostas por eles mesmos para diminuir as emissões de gases de efeito estufa. As mudanças climáticas passam a ter grande importância na ação dos educadores ambientais.
2020: Lei 14.506. Após uma década de mobilização, aqui em Ribeirão Preto, passamos a contar com o arcabouço legal que define as diretrizes sobre como agir para formar cidadãos e cidadãs responsáveis pelo futuro de seu território.
2023: CIMEA. A Comissão Interinstitucional Municipal de Educação Ambiental é constituída e inicia seus trabalhos. Seus membros organizam o primeiro Fórum de EA que ocorre no dia de hoje.
* Ecólogo e Mestre em Geociências. Autor do livro “Na nervura da folha”, lançado em 2023 pelo selo Corixo Edições