Tribuna Ribeirão
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Emoção (21): Ansiedade 

José Aparecido Da Silva* 

 Ansiedade, juntamente com outras, como, raiva, tristeza, desgosto, medo e outras, é considerada uma emoção negativa básica. Estado psicológico em que a pessoa se sente desconfortável e preocupada devido a circunstâncias ambíguas, a ansiedade se refere a sentimentos gerais de desconforto e inquietude em relação a uma forma de ameaça ou perigo não especificada, difusa, incerta e sem forma. Devido à natureza ambígua do estímulo provocando ansiedade, a pessoa fica incerta sobre como agir; uma vez que a natureza e o lugar da ameaça são obscuros. A resposta comportamental da pessoa para estímulo ambíguo pode ser desproporcional em relação à ameaça real. De pronunciado elemento social, a ansiedade, em seres sociais, ocasiona muitas preocupações envolvendo como os indivíduos se veem e se criticam. 

Contrastando, medo refere-se a uma resposta comportamental e fisiológica adaptativamente intensa para a ocorrência de um estímulo específico identificado (por exemplo, um animal perigoso). O fato de o perigo ser real e endereçado, a pessoa se sente impelida a agir, com o medo sendo “uma chamada para a ação”: ficar paralisado, lutar ou fugir. Ambos compartilham um número de elementos altamente similares, incluindo reações cognitivas a uma ameaça ou perigo no ambiente, sentimentos de preocupação e apreensão, desconforto e tensão, fortes manifestações somáticas e reações do sistema nervoso, bem como, sensação de que algo ruim está para acontecer, com a urgência de fazermos algo sobre isso (escapar, atacar etc). Cumpre lembrar que medo e ansiedade também são creditados como sendo valores adaptativos do organismo. A seleção evolutiva dessas emoções levando o ser a identificar, perceber e agir adaptativamente a situações potencialmente perigosas no ambiente imediato. Na sociedade moderna, algumas das formas mais prevalentes de ansiedade se referem à ansiedade aos exames acadêmicos, à matemática, a computadores, aos esportes, social e ansiedade relacionada ao terrorismo. A ansiedade aos testes emerge de situações muito relacionadas ao status individual na escola, nas Forcas Armadas, nas universidades e no ambiente de trabalho por requererem avaliações sistemáticas, e estruturadas, de desempenho. Podemos observar que as sociedades modernas têm colocado crescente ênfase na testagem padronizada do desempenho escolástico, seja para ingresso nas universidades mais prestigiosas do mundo, seja para colocações profissionais de nível mais elevado. Estima-se que de 25 a 40% da população manifestam ansiedade quando enfrentando qualquer tipo de avaliação. 

Por sua vez, a ansiedade à matemática é um fenômeno difuso na população de todo o globo, parecendo prevalecer entre vários grupos e culturas, desde a escola elementar, passando pelo ensino médio até os estudantes universitários. Estima-se que dois a cada três alunos sofrem disso, demonstrando sentimentos aversivos de preocupação, tensão, apreensão, desorganização mental e sintomas corporais associados, evocados em situações envolvendo computação matemática, solução de problemas e avaliações. Sua natureza abstrata, exatidão, hierarquia e alta quantidade de energia mental, requerida para solucionar problemas complexos, se torna experiência desafiadora e estressante para muitos indivíduos ansiosos em relação aos números. Devido ao fato de que as pessoas são requeridas a usarem computadores na casa, escola e trabalho, o letramento e as habilidades computacionais têm se tornado pré-requisitos básicos para desempenhar efetivamente em várias esferas da vida, particularmente na educação e no mercado de trabalho. Obviamente, alguns se sentem confortáveis em usar computadores. Mas, outros, ainda os vêem como máquinas ameaçadoras e emocionalmente desestabilizadoras. Com isso, muitos expressam preocupações e medos em viver em uma sociedade computadorizada. Outros termos a esse fenômeno? Fobia computacional, fobia tecnológica e cyberfobia. 

Os efeitos da ansiedade aos esportes são facilmente observados nos atletas da elite internacional, cujos desempenos podem ser seriamente prejudicados em pontos cruciais da competição. Devido a isso, muitas atividades esportivas são, por natureza, estressantes, levando ansiedade aos mais predispostos a tal. Ansiedade social se refere ao sentimento de tensão, apreensão, alto consciência, estresse emocional e aumentada excitação autonômica (do sistema nervoso autônomo), que disparam ao se antecipar situações sociais nas quais pessoas se sentem particularmente expostas à avaliações negativas por outros. Pode ocorrer em resposta a um encontro social real ou em resposta a uma situação imaginada, na qual o indivíduo contempla uma interação social vindoura. 

Finalmente, uma ansiedade típica da contemporaneidade, em especial dos países europeus e Estados Unidos, é aquela relacionada a terrorismo e traumas. A natureza negativa do terrorismo transcende nossa experiência pessoal diária, evocando ansiedade extrema em termos da perda de vida, desamparo e consequências físicas e psicológicas. Logo, ansiedade é experenciada em diferentes contextos, emergindo em algumas de nossas principais arenas de vida. 

 

Professor Visitante da UNB-DF* 

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