O corredor de ônibus da avenida Dom Pedro I, Zona Norte, é um bode na sala. Na manhã desta quarta-feira, 25 de outubro, um grupo de comerciantes do Ipiranga fez uma manifestação em frente ao Centro Administrativo Prefeito José de Magalhães, sede da prefeitura de Ribeirão Preto, para cobrar a volta das vagas de estacionamento nas faixas exclusivas do transporte coletivo, fora dos horários de pico.
Porém, prefeitura e RP Mobi dão sinais de que não estão dispostas a ceder. Associação Comercial e Industrial (Acirp) e Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp) já alertaram sobre uma possível crise no varejo local. No dia 10, a RP Mobi – empresa responsável pelo trânsito e transporte urbano da cidade – iniciou a fiscalização no local e passou a autuar quem parasse, trafegasse ou estacionasse nos corredores de ônibus.
As regras para a utilização do corredor de ônibus mudaram 24 hora depois, após pressão de comerciantes, funcionários e entidades que representam o setor. A RP Mobi, então, decidiu flexibilizar as normas. Porém, a empresa liberou apenas o tráfego de veículos nas faixas, fora dos horários de pico, e manteve a proibição para quem precisa estacionar na via.
Ou seja, não atendeu à principal reivindicação dos lojistas, que continuam descontentes e já pensam em abandonar o bairro. No dia 11, a empresa anunciou que, “após estudos técnicos”, de segunda a sexta-feira o corredor de ônibus passaria a operar exclusivamente para ônibus somente entre e nove horas da manhã e das 16 e 19 horas, horários de pico.
Aos sábados, a faixa do corredor de ônibus virou exclusiva para a passagem de ônibus apenas entre seis e nove horas. Nos demais horários, na ausência de coletivos, os ve
ículos particulares estão livres para transitar. Aos domingos e feriados, está tudo liberado. As novas regras passaram a valer no dia 12.
Além disso, a RP Mobi informa que nas ruas perpendiculares à avenida Dom Pedro I estão sendo disponibilizadas aproximadamente 400 vagas que contam com o sistema da Área Azul Digital para facilitar o estacionamento e melhorar a mobilidade na região. A mesma nota foi enviada ontem ao Tribuna. O serviço de carga e descarga de mercadorias é permitido entre 9h30 e onze horas.
A RP Mobi aplicou, de janeiro a agosto deste ano, 53 multas para motoristas que trafegaram em faixas exclusivas para ônibus na avenida Dom Pedro I nos horários de pico. Em 25 de setembro, teve início a “fase de conscientização”, que terminou em 9 de outubro, mas a proposta de acabar com o estacionamento na via inclusive fora dos horários de pico desagradou lojistas.
Segundo o comerciante Bruno César Lattaro, a proibição total, durante os sete dias da semana, para fazer um corredor de ônibus não é compatível. “As vendas terão uma média de queda de até 30%”, afirma. Levantamento do Tribuna já mostrou que cerca de 20 imóveis comerciais estão à venda ou disponíveis para locação na avenida.
Comerciantes já promoveram cinco protestos e dizem que o comércio na avenida pode acabar. Táxis, ambulâncias e viaturas de forças de segurança podem circular. A multa para o motorista que descumprir as regras é de R$ 293,47.
Também recebe sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Mesmo com a autorização do uso das faixas exclusivas pelos taxistas, não é permitida a parada para embarque ou desembarque de passageiros dos táxis nas estações de ônibus.