As 750 famílias da Comunidade Favela Nazaré Paulista, localizada ao lado do Aeroporto Estadual Doutor Leite Lopes, Zona Norte de Ribeirão Preto, vão comemorar neste sábado, 7 de outubro, a conquista em definitivo do direito à propriedade de seus imóveis.
Um almoço será realizado para comemorar a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que julgou, em definitivo e a favor dos moradores da favela, a ação movida pelos donos da área que pedia a reintegração de posse do terreno de 218 mil metros quadrados – cerca de dez quarteirões. A decisão – transitada em julgado – foi expedida no final do ano passado.
Na época, a 22ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça converteu a ação de reintegração de posse de área em indenização por desapropriação indireta. Ou seja, o TJSP considerou que os proprietários da área não deram qualquer utilidade ao terreno.
Agora, caberá a prefeitura de Ribeirão Preto indenizar os donos da área ocupada, mas esse assunto tramita na esfera judicial. As famílias ocupam o local desde 2014. Uma delas é a de Elis de Souza Camilo, que mora na comunidade há quatro anos e construiu a casa junto com a filha Anna Beatriz. A moradia é feita de garrafas de vidro, areia e cimento.
Segundo o advogado Jorge Roque, que atuou no processo defendendo os moradores, esta foi a primeira desapropriação em área privada pelo descumprimento da função social da propriedade em Ribeirão Preto. Ele explica que os moradores ainda não têm o título de propriedade e que o local deverá ser legalizado e urbanizando.
Algo semelhante ao que foi feito no Jardim Progresso, na região Oeste da cidade. Na década de 1980, um grupo de famílias ocupou as terras onde hoje encontra-se o bairro. Depois de muita batalha jurídica e política, o local, uma área de preservação ambiental, acabou sendo legalizado e urbanizado, onde hoje vivem cerca de 2.200 moradores.