O Theatro Pedro II, no Quarteirão Paulista, Centro Histórico, será palco do lançamento do documentário “Um bispo entre o povo”, idealizado e dirigido por Bruno Paiva Meni, responsável pelo Arquivo Metropolitano Dom Manuel da Silveira D’Elboux. Com o apoio da Arquidiocese de Ribeirão Preto, a produção celebra os 100 anos de nascimento de Dom Bernardo José Bueno Miele, o Dom Miele (1923-1981).
O lançamento será nesta sexta-feira, 6 de outubro, às 20 horas, no Auditório Meira Júnior do Theatro Pedro II, na rua Álvares Cabral nº 370, e contará com a participação do diretor, colaboradores, párocos, padres e do arcebispo metropolitano de Ribeirão Preto, Dom Moacir Silva. O evento também vai celebrar os 115 anos da Diocese ribeirão-pretana.
Dom Miele nasceu em 10 de setembro de 1923, em São Bernardo do Campo (SP), filho do senhor Atílio Manoel Miele e da senhora Maria Bueno Miele. Cursou o primário na Escola Dom Bosco, na cidade do ABC Paulista, e o ginásio no Colégio Arquidiocesano dos Irmãos Maristas, na Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo.
Dom Miele já havia concluído o segundo ano de Engenharia na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo quando resolveu abraçar a carreira eclesiástica já com 22 anos, ingressando no Seminário Central de São Paulo. Em 1947 seguiu para Roma, onde fez o curso de Teologia na Faculdade de Teologia da Universidade Gregoriana.
Licenciou-se em Teologia em 1951, tendo recebido a ordenação sacerdotal no dia 8 de dezembro de 1950, na Igreja do Santíssimo Nome de Jesus, das mãos do Cardeal Aloísio Masella. Em 1953, licenciou-se em Direito Canônico na Universidade Gregoriana e regressou ao Brasil.
Foi nomeado pelo cardeal Dom Carlos Camelo de Vasconcellos Motta, professor e diretor espiritual do Seminário Central de São Paulo e, também, oficial do Tribunal Eclesiástico e Assistente da Junta Arquidiocesana de Ação Católica.
Em 1961 assumiu a Reitoria do Seminário Central de Filosofia de Aparecida e a regência das cadeiras de Filosofia Moral e de Teologia. No dia 22 de novembro de 1962 foi eleito bispo titular de Bararo e auxiliar da Arquidiocese de Campinas.
Sua ordenação episcopal aconteceu na Catedral de Campinas, no dia 10 de fevereiro de 1963, sendo sagrantes Dom Paulo de Tarso Campos, arcebispo de Campinas, e consagrantes Dom Antonio Maria Alves de Siqueira, auxiliar de São Paulo, e Dom Agnelo Rossi, arcebispo de Ribeirão Preto.
Seu lema Episcopal era “In Charitate Radicati – Alicerçados na Caridade”. Quatro anos após sua escolha para Campinas, no dia 25 de janeiro de 1967, o Ppapa Paulo VI nomeou Dom Miele arcebispo titular de Upema e coadjutor com direito a sucessão de Dom Frei Felício César da Cunha Vasconcelos, na Arquidiocese de Ribeirão Preto.
Tomou posse no dia 3 de abril de 1967. Com o falecimento de Dom Frei Felício César, em 11 de julho de 1972, Dom Miele assumiu a Arquidiocese de Ribeirão Preto como arcebispo metropolitano. Continuando com seu espírito de desprendimento, assumiu a responsabilidade de servir, incentivar e animar a Pastoral arquidiocesana em todos os setores e modalidades da evangelização.
O período frente à Arquidiocese de Ribeirão Preto pode ser intitulado de período da colegialidade, co-responsabilidade e participação. Em dezembro de 1980, submetido a exames médicos, Dom Miele iniciou uma série de tratamentos de saúde, durante todo o ano, até que no dia 22 de dezembro de 1981 faleceu às 22h30, no Hospital Stella Maris, em Guarulhos (SP).
Estava em viagem de repouso até a cidade de Aparecida, onde passaria o Natal. Seu sepultamento se deu no dia 23 de dezembro, na Catedral Metropolitana de São Sebastião, em Ribeirão Preto, após missa presidida por Dom Paulo Evaristo Cardeal Arns, com a participação de 19 bispos e mais de 100 padres e diáconos.
Segundo artigo do diretor Bruno Paiva Meni, “Dom Miele andava corriqueiramente pelas ruas da cidade e conhecia de perto a realidade social em que vivia. Lembrado por sua humildade, governou a Igreja de Ribeirão Preto como seu quarto arcebispo metropolitano assinalando-a com o espírito conciliar.”
Segundo Meni, constantemente presente entre os movimentos eclesiais, guardou intrínseca amizade com o seu presbitério e com os leigos, deixando transparecer, assim, o constante serviço do bispo ao seu povo. “Chegou a Ribeirão Preto devido a um pedido do arcebispo metropolitano, Dom Frei Felício César da Cunha Vasconcelos, que solicitou ao papa um bispo que colaborasse pastoralmente com ele, já que começava a sentir sua saúde enfraquecida.”
Desse modo, diz Meni, Dom Miele foi eleito arcebispo coadjutor, dando-lhe o direito à sucessão. “Tomou posse no dia 3 de abril de 1967. Acolhido em festiva noite, sob a execução da ‘Marcha Pontifícia’ pelo 3º Batalhão de Polícia, foi saudado pelo cônego Horácio Longo, em nome do clero, e pelo doutor Geraldo Duarte, em nome do laicato arquidiocesano (Livro Tombo da Arquidiocese de Ribeirão Preto nº 11, p. 33).”
A Diocese de Ribeirão Preto
Em 7 de junho de 1908, o papa Pio X criou a Diocese de Ribeirão Preto. O primeiro bispo da cidade foi Dom Alberto José Gonçalves, que tomou posse no dia 28 de fevereiro de 1909. É diretamente responsável pelas paróquias de 20 municípios.
Além de Ribeirão Preto, abrange Altinópolis, Batatais, Brodowski, Cajuru, Cássia dos Coqueiros, Cravinhos, Dumont, Guatapará, Luís Antônio, Pontal, Santa Cruz da Esperança, Santa Rita do Passa Quatro, Santa Rosa de Viterbo, Santo Antônio da Alegria, São Simão, Serra Azul, Serrana e Sertãozinho.
A Arquidiocese de Ribeirão Preto foi criada em 19 de abril de 1958 pela bula “Sacrorum Antistitum”, pela qual o papa Pio XII elevou o status da Diocese de Ribeirão Preto, oficializado por Dom Luís do Amaral Mousinho, primeiro arcebispo, em 30 de novembro do mesmo ano.
Fica na região nordeste do Estado de São Paulo e abrange 20 municípios com área de 8.897 quilômetros quadrados e população de mais de um milhão de habitantes. Na Arquidiocese de Ribeirão Preto existem 85 paróquias e cinco ”quase paróquias”.
São duas reitorias e uma área pastoral que estão subdivididas em dez foranias. Até 1908, o Estado de São Paulo era uma diocese só. A nova em Ribeirão Preto foi desmembrada da paulistana juntamente com as de Campinas, São Carlos, Botucatu e Taubaté.