O fotógrafo Raul Ramos, que presta serviços ao Tribuna, conseguiu na justiça o direito de voltar a trabalhar nos gramados de futebol após seis meses de suspensão. A decisão, em primeira instância, é do Tribunal de Justiça (TJ-SP), no Foro Central Cível da Comarca de São Paulo.
A Arfoc-SP, Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do estado de São Paulo, também foi condenada a indenizar o profissional pelo tempo em que ele esteve impedido de exercer sua função. A decisão ainda cabe recurso.
Ramos se envolveu em lance polêmico com o atacante Galoppo, do São Paulo, durante a partida entre Botafogo e São Paulo válida pelo Campeonato Paulista, no dia 5 de março, no estádio Santa Cruz.
No segundo tempo, após marcar um gol, Galoppo foi comemorar em frente a torcida do Botafogo. Os jogadores do Pantera não gostaram da atitude e uma pequena confusão começou próxima a linha de fundo, posição onde os fotógrafos ficam.
Na volta para o gramado, Galoppo trombou com Ramos e alegou ter sido chutado pelo profissional. O fotógrafo sempre negou a intenção de derrubar o atleta do São Paulo e pediu desculpas pelo ocorrido no mesmo momento.
Um vídeo do ocorrido viralizou nas redes sociais e Raul Ramos acabou sendo suspenso por tempo indeterminado pela FPF (Federação Paulista de Futebol) e por seis meses pela Arfoc-SP (Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do estado de São Paulo).
A punição por parte da Arfoc se deu sem que Raul Ramos pudesse dar sua versão. Ao Tribuna, ele explicou a cronologia dos fatos.
“Os seis meses que fiquei afastado dos gramados foram decididos pela Arfoc-SP em uma assembleia que não fui comunicado que aconteceria, não tive chance de defesa nessa mesma assembleia. Reclamei sobre isso, a resposta foi que teria chance de me defender no Conselho de Ética da entidade. Esperei. No dia 13 de abril recebo uma carta informando que o Conselho se reuniu no dia 5 de março e tornou minha suspensão definitiva. Mais uma vez sem ser eu ser notificado de que aconteceria, sem pedirem oficialmente minha versão e me avisarem quase um mês depois sobre a suspensão definitiva”, disse.
Ramos comentou o prejuízo que teve por ficar sem trabalhar e reiterou que a Arfoc colaborou com o linchamento virtual recebido.
“A maior dificuldade foi ter a minha fonte de renda extremamente prejudicada, fora o prejuízo para a minha imagem, porque a Arfoc, ao invés de me resguardar, de falar o mínimo, ela colaborou com toda a questão do meu linchamento na internet”, contou.
Em nota, a Arfoc afirmou que o caso ainda está em andamento e reiterou que “preza e luta pela postura ética e profissional de todos os seus associados, embora respeitemos a decisão judicial, seguimos repudiando a atitude do associado. Reiteramos que prezamos pela legalidade e respeito a justiça mas que iremos recorrer da decisão”.