Rui Flávio Chúfalo Guião *
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O mar sempre exerceu grande fascínio no Homem.
Desde há 12.000 anos, quando ele iniciou a colonização das margens sul e leste do Mediterrâneo, foi impulsionado para conquistar as águas e estabelecer rotas de comunicação através das ondas do grande mar então conhecido.
O comércio foi o grande incentivador da conquista marítima, o que levou a construção de barcos com autonomia cada vez maior e o surgimento de civilizações especializadas no contato com os povos que então constituíam a porção africana e asiática do Mediterrâneo.
Os romanos, com a extensão de seu império, transformaram-no no Mare Nostrum, pois conquistando todas as suas bordas, tornaram-no um lago, onde dominavam todos os povos nele residentes.
Foi preciso esperar pela Idade Média para que os portugueses e os espanhóis, cansados de seu pequeno pedaço de Europa, se lançassem ao mar oceano e enfrentassem o desconhecido e as lendas terríveis que povoavam as águas do Atlântico. Os espanhóis, procurando um caminho para as Índias, descobriram as Américas. Os portugueses começaram pelas costas da África, dobraram o Cabo das Tormentas, chegaram às Índias e, navegando para oeste, atingiram o Brasil. O Novo Mundo foi dividido entre as duas nações.
Nestas empreitadas, desenvolveram novos navios, novas técnicas de navegação, novos instrumentos. E abriram as portas para uma nova visão de mundo, fizeram prosperar a Europa com as riquezas das especiarias indianas e com os tesouros trazidos das Américas.
Estas navegações ampliaram o universo conhecido e prepararam nosso planeta para a expansão populacional da Terra.
Faço estas considerações enquanto caminho na manhã quente da praia do Pernambuco, olhando fascinado o quebrar das ondas, ouvindo o marulho típico do mar e com a presença inesperada de uma garça branca, que bordeja a água, na busca de pequenos peixes e crustáceos.
Quantos, antes de mim, andaram por estas plagas, provaram a areia molhada e dura, ouviram os mesmos sons e observaram as mesmas ondas!
O mar é revigorante. Nossa vista se perde no horizonte cheio de água, dando-nos a certeza de que a denominação planeta das águas para nossa Terra é bem válida. O tom de suas águas muda de acordo com a hora do dia, de azul claro a verde e a azul marinho. Algumas pequenas nuvens, que bloqueavam a passagem da luz do sol nascente longe no horizonte, começam a desaparecer e a gigantesca abóboda azul domina tudo.
Há traços da Lua no céu e relembro que sua força de atração comanda as marés, puxando as águas da borda das praias ou levando-as para cobrir a superfície de areia.
Começam a surgir os caminhantes matinais que, descalços ou com tênis, andam ou correm pela areia, em busca de manter a saúde. Quantas vidas diferentes, quantos sonhos possíveis e impossíveis, quanta alegria,algumas tristezas e todos caminham cumprindo sua missão na Terra. A praia é um microcosmo e o mar um enorme repositório de riquezas, com seus peixes, suas algas, seus plânctons, em quantidades tão grandes que parecem infinitas.
Somos pequenos diante da grandeza da natureza.
* Advogado, empresário, presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e secretário-geral da Academia Ribeirãopretana de Letras