José Eugenio Kaça *
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A propagação de notícias e das fofocas sempre despertaram o interesse da população, com ênfase extraordinariamente maior para fofoca. Os avanços tecnológicos permitiram que a velocidade das notícias e principalmente das fofocas, se modernizassem e passassem a ser espontâneas nas redes sociais. As fofocas e notícias de tragédias sempre ocuparam um lugar de destaque na vida da sociedade, pois despertam os melhores e piores sentimentos dos seres humanos. Sabedores disso os donos do regime que vivemos , que parece uma Democracia, mas que na realidade é uma Topocracia, (regime que adende somente aos interesses de quem está no topo).
No século passado, em épocas eleitorais era comum a divulgação de notícias falsas no boca a boca, devidamente incentivada pelos donos do poder, que colocam no transporte coletivo, pessoas para dialogar sobre a vida privada do candidato oponente, principalmente de cargos do executivo. Os diálogos giravam em torno da vida privado do candidato, diziam que era alcoólatra, batia na mulher e nos filhos e maltratava seus funcionários, e para dar veracidade aos fatos, sempre havia um parente que trabalhava na residência do referido candidato. Com os avanços das redes sociais mudou-se a velocidade das notícias e das fofocas, inclusive a fofoca ganhou um nome em inglês para ser melhor acolhida (Fake News), mas não o modus operandi.
A análise de alguns intelectuais, não levaram que estas pessoas (pobres) foram cooptadas pelo poder, e preferiram dizer que este comportamento era um habitual das classes consideradas subalternas, pois a falta de escolaridade levava para este caminho, já que a qualidade da educação básica pública era deficitária, e portanto, não tinham o conhecimento necessário para elaborar uma teoria própria. A segregação sempre ocorreu na educação brasileira em todos os níveis, mas é mais gritante na educação básica pública, onde os filhos dos pobres têm que conviver com escolas sucateadas, e com conteúdos defasados e sendo preparados para servirem ao sistema. Em quanto isso os filhos das classes abastadas estão sendo preparados para comandar o País. Mas será que está política segregadora está dando certo?
Há mais ou menos cinquenta anos havia uma previsão que três países iriam comandar o século 21, e estes países eram: Brasil, China e a Índia – China e Índia estão cumprindo a profecia, no entanto, o Brasil além de não avançar; regrediu. Isso mostra que a educação segregadora não deu resultado, pois a herança do sistema escravagista não foi abolida – continua ditando as regras. Um país para se desenvolver tem que ser soberano e exercer sua autonomia. Acontece que o poder no Brasil sempre esteve sob a tutela de uma aristocracia, rural e urbana, que têm na lambeção de botas dos países homogênicos, conhecidos como países ricos e desenvolvidos sua maior qualidade.
O radicalismo da extrema-direita está levando o Brasil para a idade das trevas. Aqueles diálogos com notícias falsas que aconteciam nos transportes coletivos, capitaneados pelas classes subalternas, que ficaram conhecidos como: “juro que vi”, agora são reproduzidos pelos oriundos da educação de qualidade privada, com formação universitária, que é chamada de educação “superior”. E essa educação de “qualidade” colocou o Brasil no caminho do retrocesso, onde as ciências foram abolidas e as teorias das conspirações contaminaram o ambiente, e não é por falta de diplomas universitários.
Está semana dialogando c
om uma advogada sobre as aposentadorias do INSS, onde a cada reforma da previdência, o trabalhador fica mais prejudicado, e fiz uma comparação com a aposentadoria dos militares das Forças Armadas, que até a terceira geração recebe a aposentadoria do titular – fiquei estarrecido com a resposta da doutora: “ela me disse que era de direita, e portanto, era suspeita para falar do assunto, que estava preocupada com o avanço do comunismo no Brasil, que esconderam as notícias durante a pandemia da Covid, que não morreu ninguém nos presídios, e que também não havia morrido nenhuma criança com a doença, e para comprovar a sua teoria usou a velha história do “juro que vi“, pois tinha conhecidos e parentes que trabalhavam em hospitais e nos presídios, e que só tinha tomado uma dose da vacina contra o Covid, e que não tinha vacinado o seu filho de seis anos”. “Alguma coisa está fora da ordem!”
* Pedagogo, líder comunitário e ex– conselheiro da Educação