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CAMPOS ELÍSEOS – Furtos caem pela metade

ALFREDO RISK

Adalberto Luque

Durante boa parte de 2023, moradores e comer­ciantes dos Campos Elíseos viveram à mercê do elevado número de furtos registrados pelo 2º Distrito Policial, a de­legacia que cuida do bairro e da região. Nos últimos cinco anos o bairro tem se desta­cado negativamente neste quesito e tem sido a área da cidade que mais sofre com os furtos em geral.

Os dados estatísticos di­vulgados no final de agosto pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), com as ocor­rências criminais registradas em julho, demonstraram, to­davia, uma significativa que­da no número de ocorrências de furto. De acordo com os índices divulgados, a área atendida pelo 2º DP registrou 143 casos de furto em julho, contra 323 no mês anterior. Redução de 55,7% nesta mo­dalidade criminosa.

Campos Elíseos registrou 55,7% de queda no número de furtos, segundo SSP

O resultado, porém, ainda não garante a volta da tran­quilidade à região dos Cam­pos Elíseos. Pelo contrário. O 2º DP, no quesito furtos em geral, viveu uma verdadeira montanha russa. Terminou o ano com 200 casos regis­trados em dezembro de 2022 e começou janeiro com 125 casos. Em fevereiro voltou a registrar alta, com 165 ca­sos. Em março, uma pequena queda, contabilizando 133 furtos. Em abril houve uma forte alta e foram 280 regis­tros de furto. Em maio, mais uma queda, caindo para 166 casos. E a explosão de ocor­rências no ano ocorreu em junho, com 323 casos.

Os Campos Elíseos têm se destacado na lideran­ça dos casos de furto entre os oito DPs da cidade. Nos últimos 10 anos, sempre es­teve à frente neste ranking negativo. Isso fez com que a paisagem do bairro mudas­se consideravelmente. Con­certinas, cercas elétricas, câmeras de vigilância e ou­tros aparatos de segurança passaram a fazer parte da paisagem urbana. Não mais avistam-se as rodinhas de vizinhos que ficavam conver­sando nas calçadas.

O furto de veículos caiu 53,5% na região da Zona Sul numa área que chegou a ter média de dois carros furtados por dia em 2022

Se a redução ocorreu, a média anual está longe de ser comemorada. São 191 casos de média a cada mês de 2023. Número menor apenas que em 2014, quando ocorreram 235 casos de média. E o nú­mero de casos em um único mês só não é maior, nos últi­mos 10 anos, do que o regis­trado em setembro de 2016, quando foram 350 casos. Em 2023 o maior número deste tipo de crime ocorreu em ju­nho, com 323.

Boa parte dos furtos são de produtos como fios elé­tricos, tampas de bueiro, nú­meros de residência e objetos que sejam fáceis de fazer di­nheiro para a compra de dro­gas. Mas também há furtos de celular, bicicleta e outros tipos de produtos que cobi­çam o desejo dos criminosos.

Coronel aposentado da Polícia Militar e especialista em Segurança Pública, Mar­co Aurélio Gritti avalia que, com o aumento da produti­vidade policial, a tendência de baixa é justificável. “Creio que as Forças Policiais, de forma integrada, têm reali­zado ações importantes que refletem na redução dos ín­dices. A produtividade poli­cial é crescente: apreensões de drogas, armas e prisões sobretudo de procurados pela justiça impactam nessa redução, além do trabalho de inteligência, das operações constantes, do investimento em tecnologia e da integra­ção com o cidadão na forma de denúncias”, observa.

Furto de veículos
A região do 4º DP, na Zona Sul da cidade, com uma grande concentração de bares e restaurantes, foi a que mais carros furtados registrou em 2022, com 508 no total. A média foi de 42 carros furta­dos a cada mês de 2022, che­gando a 60 em março daquele ano, ou dois carros furtados a cada dia.

Em 2023, de acordo com as estatísticas da SSP, os ca­sos começaram a diminuir. No total, 229 motoristas fi­caram a pé, após criminosos levarem seus veículos. A mé­dia foi de 32 ocorrências por mês, um caso por dia. Maio chegou a 48 registros de furto de veículos.

Para Gritti, junção de fatores contribuiu para redução: ações da PM, motoristas mais precavidos e câmeras de rua que ajudam a identificar criminosos

Mas em julho, queda de 53,3% no número de casos. Em junho foram 45 carros furtados e em julho 21. Nesta modalidade, os números de 2023 têm se mantido meno­res do que no ano anterior.

Neste caso, Gritti entende que uma conjunção de fato­res que envolvem ações espe­cíficas das forças policiais e mais preocupação por parte dos próprios motoristas em deixar seus carros em locais mais seguros e fazer uso de equipamentos de proteção podem ter contribuído com a queda. Além de investimen­tos em tecnologia para segu­rança patrimonial.

“Em relação à Zona Sul, penso que ambas as asser­tivas atuam positivamente na redução dos índices. Mas também vemos que a tecno­logia (câmeras) tem ajudado a identificar criminosos/escla­recer crimes, o que de forma imediata traz boa sensação de segurança”, aduz o especialista em Segurança Pública.

Homicídios
Em relação aos casos de homicídio, três regiões dis­putam a triste liderança. O 4º DP (Zona Sul) está em ter­ceiro, com quatro casos. Já o 6º DP (Vila Virgínia) aparece em segundo com seis casos. E o líder em número de homi­cídios é o 5º DP (Ipiranga), onde ocorreram sete assassi­natos. O mesmo número re­gistrado durante todo o ano de 2022. Mas o 5º DP reduziu bastante em relação a 2021, quando 14 pessoas foram as­sassinadas naquela região.

Na cidade, foram 22 ocor­rências de homicídio entre janeiro e julho. No mesmo período do ano passado fo­ram 26. Uma redução de 15% no período.

Estupros
A violência sexual con­tra a mulher cresceu muito nos últimos anos. A partir de 2019, de acordo com da­dos da SSP, o aumento foi de 575%. Apenas no primeiro trimestre deste ano, o núme­ro de casos foi recorde desde que as estatísticas passaram a ser divulgadas, em janeiro de 2001.

O crescimento, no en­tanto, também pode indicar conscientização das vítimas e aumento nas denúncias. O promotor de Justiça do Mi­nistério Público de São Paulo (MPSP), Cláudio José Bap­tista Morelli, disse em maio ao Tribuna Ribeirão que isso pode significar um combate à subnotificação.

“O aumento dos casos de estupro é preocupante, mas, por outro lado, demonstra ser fruto da maior conscien­tização da população, decor­rente do intenso trabalho realizado pelas autoridades, sociedade civil e imprensa no combate à subnotificação, tanto dos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, quanto dos casos es­pecíficos de estupro e outros crimes sexuais. Importante anotar que as pessoas estão mais conscientes e orienta­das em relação as condutas abusivas que caracterizam o crime de estupro (ao contrá­rio do que ocorria há algum tempo em que a consciência coletiva via como estupro apenas a prática da conjun­ção carnal”, revela.

Os casos saltaram de 14 em junho para 15 em julho. São 115 ocorrências de estu­pro em 2023, das quais 83 de vulneráveis.

O promotor Morelli, do MPSP, acredita que, apesar de preocupante, crescimento de casos de estupro podem indicar combate à sub­notificação de registros

Demais indicadores
Os demais índices apura­dos pela SSP na cidade em julho apresentaram estabili­dade ou queda, em relação ao mês anterior. Mesmo as vítimas de acidente de trân­sito diminuíram. Em junho 108 pessoas sofreram feri­mentos e em julho o núme­ro caiu para 76. No ano, 621 pessoas sofreram ferimen­tos e 34 perderam a vida no trânsito da cidade.

Os roubos em geral caí­ram de 186 casos em junho para 169 em julho (9%). O roubo de veículos também recuou de 33 para 28 casos em julho (15%). O roubo de cargas teve estabilidade, com nove no total de 2023.

Os furtos caíram em toda a cidade. Em junho foram 885 ocorrências e em julho 704 (20,4%). São 27 casos por dia em 2023. No ano fo­ram 5.576 furtos. O furto de veículos saltou de 113 ocor­rências em junho para 114 em julho.

Recomendações
Gritti orienta a sempre re­gistrar as ocorrências, sejam crimes contra o patrimônio ou crimes com violência. “A vítima de crime contra o pa­trimônio deve, o mais breve possível e assim que as con­dições permitam, comunicar o ocorrido ao 190. Essa me­dida é fundamental para que as forças policiais possam dar uma resposta rápida para a comunidade. Em seguida, re­gistrar o fato por meio de Bo­letim de Ocorrência. A mes­ma recomendação serve para vítimas de crimes com vio­lência ou grave ameaça, res­saltando que jamais se deve deixar de denunciar crimes violentos, mesmo que ocor­ram no círculo familiar. Os meios de denúncia existem para que o Estado promova rápida resposta à comunida­de e para que o efeito peda­gógico atue de forma preven­tiva”, conclui.

SSP esclarece em nota
“A Secretaria da Segurança Pública esclarece que a atual gestão tem se empenhado e vem trabalhando estrategicamente para a redução dos índices de criminalidade em todo o estado de São Paulo. O refor­ço do policiamento por meio da Operação Impacto tem contribuído para a queda desses dados em todas as regiões, principalmente em Ribeirão Preto, que apenas nos primeiros sete meses deste ano apresentou queda de 6,13% nos casos de furtos e 6,73% nos roubos em geral, com diminuição de 5,51% e 12,13% nos furtos e roubos de veículos respectivamente. Os números são resultado de um trabalho ininterrupto das polícias Civil e Militar que nesse período realizaram 9.194 prisões, apreensão de 582 armas de fogo e recuperação de 1.823 veículos. A Polícia Militar segue em patrulhamento ostensivo e preventivo pela região, com reforço de mais de 17 mil PMs empenha­dos na Operação Impacto.”

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