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Transporte de RP é autuado

ALFREDO RISK

A juíza Lucilene Aparecida Canela de Melo, da 2ª Vara de Fazenda Pública de Ribeirão Preto, autuou a RP Mobi – an­tiga Transerp – e o Consórcio ProÚrbano – grupo conces­sionário do transporte coletivo urbano da cidade, formado por Rápido D’Oeste (50%) e Trans­corp (50%) e que opera 119 li­nhas com 352 ônibus na cidade – por litigância de má-fé.

O valor total das multas é de R$ 680 mil – R$ 340 mil para cada ente citado. A empresa mu­nicipal e o grupo concessionário impetraram embargos de decla­ração questionando a decisão da magistrada sobre a devolução de R$ 17 milhões repassados pela prefeitura de Ribeirão Preto ao Consórcio PróUrbano em 2021. As autuações foram expedidas no dia 26 de agosto.

No dia 11 de abril, a juíza Lucilene Aparecida Canella de Melo havia determinado que o consórcio devolvesse para a prefeitura os R$ 17 milhões recebidos em 2021 como for­ma de mitigar os prejuízos financeiros que o grupo teria sofrido por causa da queda no número de passageiros e do aumento no preço de insumos, como o óleo diesel, durante a pandemia de coronavírus.

O repasse foi proposto pelo Executivo e aprovado pela Câ­mara de Vereadores em 8 de junho de 2021, com doze votos favoráveis. A lei foi promulga­da pelo prefeito Duarte No­gueira (PSDB) em 9 de junho e o primeiro repasse, no valor de R$ 5 milhões, ocorreu no dia 10, ou seja, em 72 horas. O segundo, de R$ 2 milhões, foi realizado no começo de julho e outras cinco parcelas de R$ 2 milhões foram repassadas até o final daquele ano.

A devolução dos recursos foi determinada no julgamen­to do mérito de ação popular movida pelas vereadoras Jude­ti Zilli (PT, Coletivo Popular) e Duda Hidalgo (PT) e pelo presidente do Diretório Mu­nicipal do PT na cidade, Jorge Augusto Roque Souza.

Os autores da ação ques­tionavam a lei municipal nº 14.571/21, sob o argumento de que ao autorizar o subsi­dio emergencial ao Consórcio PróUrbano, desprovido de es­tudos técnicos e levantamentos consistentes, o concessionário transferiu à administração pú­blica os custos operacionais dos serviços de transporte público.

Para aplicar as multas, a ju­íza afirma que nos embargos de declaração, tanto a RP Mobi quanto o PróUrbano não de­monstraram eventuais dúvi­das em relação à sentença e tiveram como objetivo apenas protelar o cumprimento da de­cisão judicial.

Os embargos de declaração são previstos no artigo 1.022 do Código de Processo Civil (CPC) e podem ser feitos ao juiz que concedeu sentença para esclarecer obscuridade, eliminar contradição ou suprir omissão de algum ponto ou questão da sentença.

A juíza afirma ainda que questionamentos legais contra a sentença devem ser impetrados em segundo grau de jurisdição. Ou seja, no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) e não feitos nos embargos. Como o valor da causa fixada pela Justiça é de R$ 17 milhões, a multa será de R$ 340 mil para a RP Mobi e R$ 340 mil para o PróUrbano.

“Como os embargos foram opostos sem o preenchimen­to dos requisitos previstos no art. 1022 do CPC, entendo por configurada a litigância de má­-fé nos termos do art.80, VI, CPC, motivo pelo qual conde­no as embargantes, cada uma, na forma do art.81, CPC, ao pagamento de multa de 2% so­bre o valor atualizado da causa”, sentenciou a juíza.

Outro lado
Por meio de nota o Con­sórcio PróUrbano afirma ao Tribuna que a decisão é de primeira instância, sujeita a al­terações em tribunais superio­res. Diz que o grupo ingressará com os recursos pertinentes. Em nota, a prefeitura de Ribei­rão Preto informa que anali­sará o documento para tomar medidas jurídicas cabíveis.

Em 2021, o consórcio ofere­ceu 134 ônibus para o município como garantia para o repasse – 68 da Rápido D’Oeste e 66 da Transcorp. A prefeitura ainda li­berou repasse de R$ 70 milhões ao grupo. A primeira parcela de R$ 20 milhões foi paga em de­zembro do ano passado. Outros R$ 20 milhões seriam liberados em janeiro, mais R$ 20 milhões em junho e R$ 10 milhões, em janeiro de 2024.

Entre as contrapartidas, o grupo concessionário se com­prometeu a renovar toda a frota de ônibus. Doze novos veículos começaram a circular na segunda-feira (28) e mais 154 foram prometidos até o fi­nal deste mês, que termina na quinta-feira (31).

Ou seja, deveriam ser, nessa primeira etapa, 166 ônibus no­vos rodando zero quilômetro, com ar-condicionado, entrada USB para carregar celular, in­ternet grátis, suspensão pneu­mática, além de serem mais si­lenciosos. Em outubro, a cidade irá receber mais 38 ônibus. Com isso, Ribeirão Preto passará a ter mais de 200 novos veículos ain­da neste ano, sendo que a meta contratual é de 155.

Além disso, em junho a prefeitura começou oficial­mente a subsidiar o déficit do transporte coletivo urbano. O subsídio ao PróUrbano será de R$ 2,09 por passageiro trans­portado – número de vezes em que a catraca rodar. A tarifa de ônibus custa R$ 5,00 atu­almente, mas subiria para R$ 7,09 sem o socorro do municí­pio. Cerca de 170 mil pessoas utilizam o serviço diariamente.

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