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Divo Marino

Divo Marino foi professor durante vários anos do Instituto de Edu­cação Otoniel Mota de Ribeirão Preto, o antigo Ginásio do Estado. Fo­mos alunos dele. Não somente aluno, mas também amigo. O seu nome reflete o da República de San Marino, o país mais antigo do mundo, fundado em 3 de setembro de 301 pelo Diácono Divo Marino.

Divo Marino, como professor, notabilizou-se pelo estudo da alma da criança, publicando um extraordinário livro pelo qual aponta as chaves possíveis destinadas a conhecer a profundidade do espírito humano, ainda na infância.

De muita extensa atividade exerceu a profissão de advogado, espe­cializando-se no estudo e na aplicação do direito trabalhista.

Encontrando horas e minutos para a sua ilimitada atividade, instituiu um jornal diário, refletindo os difíceis tempos da sociedade atingida pelo trágico ano de 1964.

Assim dedicou-se noite e dia para reinstalação da democracia tanto na nossa cidade, como no nosso Estado, quanto na nossa Pátria. É fruto de sua inesgotável atividade ter inaugurado o Museu de Arte de Ribeirão Preto.

Não encontrando espaço e tempo para deixar de trabalhar, dedi­cou suas últimas horas para pintar quadros, o que parecia constituir os últimos degraus da sua longa e trabalhosa vida. As suas lições sempre acompanham os nossos passos em busca da concretude de suas lições.

E a República de San Marino? Fomos visitá-la em estudos convo­cados pela CONGRESS. Na segunda metade do último mês de junho participamos de uma longa viagem pela Europa, iniciada na Grécia e encerrada na Suíça. Debatíamos temas jurídicos, acompanhados pelo doutor Francisco Rezek, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal e pelo professor português, Eduardo Vera Cruz Pinto, que com reconhecido brilho, lembrava aos presentes que a estrutura jurídica de um país acompanhava os rápidos passos tomados pela sua história. A estrutura jurídica, segundo o grande mestre, tinha que caminhar na me­dida em que a estrutura democrática dava seus novos passos para frente ou para trás. A história e o direito caminhavam pelas mesmas trilhas.

Já no terço final desta notável viagem, fomos levados para a Re­pública de San Marino, uma pequena cidade de grande importância histórica, cercada pela Itália por todos os lados. É um país soberano. Trata-se de uma república com cerca de trinta mil habitantes. A República de San Marino é considerada o país mais antigo do mundo, ao lado do Vaticano, de Malta, de Liechtenstein e de Andorra.

A República é administrada por um Grande Conselho, com ses­senta membros, dos quais dois são eleitos para administrar o governo apenas por seis meses quando então são substituídos.

A sua estrutura jurídica é inspirada no “Corpus Juris Civilis” do Direito Romano. Tem a mais antiga Constituição do mundo: “Statuti Decreta ac Ordinamenti Ilustris Republicae ac Perpetuae Libertatis Terrae Sancti Martini”.

Mas quem instituiu a mais antiga República do mundo? E o que tem o nosso professor Divo Marino com isso?

Como fomos alunos do professor Divo Marino no então ginásio do Estado, tendo sempre depositado uma grande admiração em seu traba­lho, teria ele razão para ocultar ser descendente do Diácono Marino?

Seguramente o professor Divo Marino, dedicando todo o seu tempo para cuidar de sua família, educar alunos, a atuar na política, fundar um museu em Ribeirão Preto, dirigir um jornal, desenhar seus quadros, não encontrou espaço suficiente para revelar ser ele descendente do Diácono Divo Marino, fundador da mais antiga república do mundo.

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