Por: Adalberto Luque
Professores e funcionários da Escola Municipal de Educação Fundamental (EMEF) Professora Maria Inês Vieira Machado realizaram, na manhã desta segunda-feira (21), um ato de protesto contra um homem que, armado, ameaçou professores na quarta-feira (16). A escola fica na Rua Júlio Ferrante, 1.500, no Jardim Diva Tarla de Carvalho, zona Leste de Ribeirão Preto.
O pai de uma aluna matriculada no 1º ano da escola foi com sua esposa questionar um trabalho de casa que teria sido proposto em aula. Inicialmente ele teria reclamado para uma professora que a escola sequer fez lembrancinha para o dia dos pais e que estava descontente com a tarefa passada para sua filha.
A professora encaminhou o homem para a sala de Trabalho Docente Coletivo (TDC), onde ficam os professores, e foi apanhar o livro que inspirou a atividade proposta, consistindo em uma pesquisa sobre a vida das mulheres da família no passado: “Faça como Laura e converse com seus familiares para descobrir como era a vida das mulheres de sua família em outras épocas, depois conte para os colegas o que você descobriu.” (GOMES, A. de P. Bons amigos: história: 1º ano: ensino fundamental: anos iniciais. São Paulo: FTD, 2021).
Quando o diálogo foi retomado, o homem tirou uma arma que trazia na cintura e colocou sobre a mesa. De acordo com o Boletim de Ocorrência (BO) feito por uma pessoa que se identificou como diretor da escola, o homem teria dito: “se as professoras não estavam ensinando nada de errado, não precisam ter medo.”
Ele foi convencido pela esposa, guardou a arma e foi embora da escola. Indignados, professores, funcionários, pais de alunos e comunidade do bairro organizaram um manifesto. Nesta segunda-feira, as aulas foram suspensas e os professores protestaram em frente à EMEF Profª Maria Inês Vieira Machado.
De acordo com o corpo de funcionários da escola, episódios como o ocorrido comprometem a estabilidade emocional de toda equipe e a segurança de todos, inclusive dos próprios alunos. “Fomos desrespeitados e agredidos verbalmente num evento aberto à comunidade e, posteriormente, ameaçados com nossa integridade física”, lamentam em carta aberta à comunidade.
Os professores também reafirmaram o compromisso com uma educação de qualidade baseada nos princípios expressos pela legislação vigente. “A unidade escolar continuará se empenhando na construção de uma sociedade pacífica, harmoniosa, letrada e de cidadãos críticos e reflexivos”, reafirma o documento.
Para o corpo docente, o ato é uma afronta contra toda a comunidade escolar. Eles promoveram o momento de debate e reflexão, para que juntos possam pensar em estratégias que venham minimizar os efeitos e o combate à própria violência escolar. “É uma ameaça contra cada estudante, pai, docente, funcionário e toda a sociedade. Os docentes encontram-se extremamente abalados com o ocorrido”, conclui a carta.
A Secretaria Municipal de Educação divulgou nota sobre o episódio. “A Secretaria da Educação expressa seu total apoio à EMEF Maria Inês Vieira Machado, em resposta ao incidente lamentável envolvendo a presença de um pai armado nas dependências da instituição. Queremos deixar claro que repudiamos veementemente qualquer ato de violência no ambiente escolar. A escola sempre foi um espaço de aprendizado, crescimento e convivência saudável. É fundamental que todos possam desfrutar de um ambiente educacional seguro e acolhedor. Reiteramos nosso apoio à direção da escola, aos professores e funcionários. Por fim, informamos que o caso está sendo investigado pela Polícia Civil. As aulas retornam normalmente, nesta terça-feira, dia 22.”
O caso foi registrado na Polícia Civil, que vai investigar o caso. O homem que, de acordo com o BO, é um comerciante da região, deverá ser intimado a prestar depoimento e pode ser indiciado pelo crime de ameaça. Não foi informado se ele já foi intimado e quando deve ocorrer seu depoimento.