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O Chile e sua literatura (30): Alejandro Sieveking

De acordo com especialistas, Alejandro Sieveking (1934 – 2020) foi um escritor chileno que dedicou-se ao teatro e aos estudos de arquitetura na Universidade do Chile, onde fez suas primeiras incursões nos palcos com a peça “Encuentro con las sombras”. Motivado, ingressou no Instituto de Teatro da mesma universi­dade em 1956, tornando-se amigo de classe de Víctor Jara, futuro professor, diretor de teatro, poeta, cantor, compositor, músico e ativista político chileno. Nesse mesmo ano, Sieveking recebeu o Prêmio Municipal de Teatro de Santiago com a obra “Parecido a la felicida­de” — centrada em um triângulo amoroso vivenciado no espaço fechado de um apartamento. Nos anos 50, atuando como dramaturgo, Sieveking escreveu mais de quarenta obras no âmbito dos teatros universitá­rios, pelo que a crítica o inclui na mesma geração dos dramaturgos Jorge Díaz , Egon Wolff , Luis Alberto Heiremans , Isidora Aguirre e Sergio Vodanovic .

Em seus primeiros anos como estudante, o autor trabalhou com colegas como Raúl Rivera, autor de “Nuestra Hora: Los Latinoamericanos en el Siglo XXI”, livro que derruba vários mitos sobre a América Latina e convoca os latino-americanos para que unam forças em torno de um projeto regional à altura das suas possibili­dades, e Franklin Caicedo, ator e autor conheci­do pelo seu trabalho em “Nada x perder” (2001), “Barranquilleros, Herederos de una Tradición” (2008) e “El poder de las tinieblas” (1979). Na Escola de Teatro, com Víctor Jara, o autor inves­tigou a estética folclórica. Jara, dirigindo várias peças de autoria de Sieveking, todas de conotação internacional, como, por exemplo, “Parecido a la felicidade”, “Ánimas de día claro” y “La remo­lienda”, que se tornou um clássico com inúmeras produções – , além da peça infantil “Honorato el caballo de circo”, levou a produção de Sieveking a fazer sucesso dentro e fora do país, angariando, a este, uma reputação que continuou a crescer após o intervalo profissional entre eles.

Nos anos seguintes, escrevendo as peças “Tres tristes tigres”, “El Cheruve”, “Peligro a 50 me­tros”, “Una vaca mirando el piano”, “Las apariencias”, “Todo se fue, se va, se irá al diablo”, “La mantis religiosa”, “Manuel Leonidas Donaire y las cinco mujeres que lloraban por él”, “Cama de batalla y La virgen del puño cerrado que foi censurada e teve que ser lançada em 1974 com o nome de “La virgen de la manita cerrada”- , entre vários outros, alguns dos quais nem chegaram às paradas. Um ano após o golpe de Estado, devido ao clima hostil em que vivia o país e os obstáculos para a prática do teatro- além do forte abalo emocional causado pelo brutal assassinato de seu amigo Víctor Jara no Estádio Chile- Sieveking se autoexilou junto com a esposa em Costa Rica. Ali, a primeira peça que escreveu e estreou foi “Pequeños animales abatidos”, que ganhou o Prêmio Casa de las Américas de Cuba.

Ao retornar ao Chile, em 1984, o autor teve a oportunidade de voltar a escrever roteiros para a televisão. Além disso, escreveu várias obras, como “La comadre Lola”, “Directo al corazón”, “Ingenuas Palomas”, “El señor de los passajes” e, 2005, “La fiesta terminó”. Além disso, Sieveking expandiu seu gênero de escrita e publicou dois romances, “La señorita Kitty” (1994) e “Bella cosa mortal” (2007).

Sua literatura reúne vários aspectos do teatro dos anos 50, com os quais conseguiu dar continuidade e, ao mesmo tempo, atualizar a produção das décadas anteriores, característica, esta, que lhe rendeu diversos prêmios e reconhecimentos. Membro da Academia de Belas Artes do Instituto do Chile, o autor, nos últimos anos de vida, se aventurou no cinema como ator, desta­cando-se por sua atuação nos filmes “La vida me mata” (2007) e “Gatos viejos” (2010). Além disso, seu interesse pelas artes plásticas deu origem a uma série de colagens. Em 2017, foi agraciado, por sua vasta carreira, com o Prêmio Nacional de Representação e Artes Audiovisuais 2017. Faleceu em 2020, aos 85 anos.

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