Por Redação C2
Oppenheimer, o filme mais recente de Christopher Nolan, já arrecadou grandes números de bilheteria: mais de US$ 640 milhões, globalmente. Mas dentre os espectadores, houve um mais especial. O filme de três horas, que conta a história do físico J. Robert Oppenheimer, foi assistido e comentado por Charles Oppenheimer, neto do cientista.
Em entrevista à revista Time, Charles contou que sua história com o filme precede seu lançamento. Charles, que não chegou a conhecer os avós, pediu para ser envolvido na produção e pôde conversar com Nolan sobre a trama.
Nesses contatos com o diretor, Charles foi avisado de que poderiam haver trechos desagradáveis. “[Nolan] disse algo mais ou menos como: ‘Eu sei contar uma história sobre esse assunto. Haverá partes que você terá que dramatizar um pouco e partes que serão alteradas'”, contou. “‘Como membros da família, acho que vocês vão gostar de algumas partes e não gostar de outras.’”
Segundo o neto de Oppenheimer, esse desagrado de fato aconteceu com uma cena específica. “A parte que eu menos gosto é essa referência à maçã envenenada, que era um problema em Oppenheimer: O triunfo e a tragédia do Prometeu americano“, contou, referindo-se ao livro que inspirou a obra. “Se você ler o livro com bastante atenção, os autores dizem: ‘Não sabemos realmente se isso aconteceu.’ Não há registro dele tentando matar alguém”, reforçou.
Para ele, não há necessidade dessa cena, no livro ou no filme. “Essa é uma acusação muito séria e é uma revisão histórica. Não há um único inimigo ou amigo de Robert Oppenheimer que tenha ouvido isso durante sua vida e considerado verdadeiro”. Mesmo assim, ele prefere o tratamento do filme do que o livro para esse caso: no longa, a cena é contada de forma vaga, sem que você tenha contexto suficiente para avaliar a atitude do protagonista.
Quando perguntado se ele retiraria a sequência caso fosse consultado, Charles disse que sim, mas que respeita a arte do cineasta: “Não consigo me imaginar dando conselhos sobre filmes para Nolan. Ele é um especialista, ele é o artista e um gênio nessa área”, elogiou.
Mesmo com ressalvas, Charles afirmou ter gostado do filme, o que é uma raridade quando em se tratando de obras relacionadas ao avô.
“Eu estava me preparando para não me sentir muito bem com [o filme], embora tenha conversado com Chris Nolan e ficado muito impressionado com ele”, ressaltou. “Mas durante o filme, me vi aceitando e gostando. Achei que contava uma história convincente e poderia considerá-la uma arte realmente envolvente. Fiquei muito feliz por ter essa reação. Eu não esperava isso”, disse.